Os campeões em cinco categorias: eles são mais baratos de manter (Leo Sposito/Quatro Rodas)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2017 às 11h27.
Há duas formas de realizar a compra de um carro novo (ou usado). Uma delas é pensar na nova aquisição de forma emocional. E neste caso, o que vale é atender ao coração – custe o que custar.
Mas em períodos de contenção, como o atual, fazer contas é essencial para não levar para casa um incinerador de dinheiro sobre rodas. Por isso a análise dos custos da propriedade dos automóveis merece cuidado.
Além de pagar pelo carro, o proprietário tem de desembolsar para pagar documentação, seguro, manutenção e combustível, que são despesas recorrentes.
Isso sem falar em eventuais multas e reparos não programados – por essa razão, não contemplados aqui.
Para ajudar em sua escolha, pesquisamos os principais segmentos do mercado, levantando as informações dos modelos mais vendidos e apontamos as melhores opções unicamente do ponto de vista financeiro.
Ao todo, analisamos 50 carros, divididos em hatches compactos, sedãs compactos, sedãs médios, sedãs de luxo e SUVs.
Aqui, nossas indicações não recaem sobre as versões de maior desempenho, conforto e quantidade de equipamentos, como fazemos em nossos comparativos tradicionais. O principal critério é econômico: os modelos mais leves para o bolso levaram a melhor.
Combustível
Usamos as marcas de consumo obtidas em nossos testes fazendo a média ponderada do uso (70% urbano, 30% rodoviário).
O preço do combustível (R$ 3,46/litro) é o valor médio da gasolina comum comercializada na cidade de São Paulo, segundo a ANP (Agência Nacional doPetróleo), em maio.
Calculamos o custo para rodar 15.000km, distância que um brasileiro percorre de carro em média no período de um ano.
Manutenção
Despesas com as revisões recomendadas, previstas para o primeiro ano ou 15.000 km.
Seguro
O valor publicado é a média das cotações fornecidas pela corretora Bidu (bidu.com.br), para um perfil padrão (homem, casado, 35 anos, sem filhos).
Documentação
O cálculo levou em conta valor integral do IPVA e taxas de primeiro registro, seguro obrigatório e placas em São Paulo.
Custo mensal
Obtido pela soma das despesas durante um ano dividido por 12.
Preço de compra
Os valores são os divulgados pelas fábricas, válidos até a primeira quinzena de maio.
1° Take Up! 1.0
O barato pode sair caro se o comprador se fixar apenas no preço do carro. Entre os hatches compactos, o caminho do meio é a melhor trilha a seguir
O preço do carro é fator de importância fundamental na decisão de compra porque, além de ser determinante na relação custo-benefício, está relacionado à disposição ou à capacidade de investimento do comprador.
Escolher um modelo apenas pelo preço, porém, pode se revelar um erro estratégico, como se verifica no segmento de entrada do mercado.
O comprador de hatches compactos tem um leque de opções que vai do Chery QQ 1.0 (R$ 25.990) ao Toyota Etios 1.3 X (R$ 46.650).
Nosso levantamento, porém, concluiu que o menor custo de uso está no meio da tabela: mais precisamente com o VW Take Up! 1.0 (R$ 37.990), que terminou como nosso indicado.
As despesas mensais do Up! somam R$ 684, enquanto as do QQ chegam a R$ 797 e as do Etios ficam em R$ 792. Essa inversão de grandezas entre QQ e Etios ocorre principalmente porque, apesar de custar menos, o Chery paga mais pelo seguro.
A apólice do QQ sai por R$ 4.077 enquanto a do Etios custa R$ 3.297 – o doVolkswagen fica em R$ 2.528.
Em segundo lugar, nossa indicação recai sobre outro modelo de valor de compra intermediário. É o Fiat Mobi, que tem preço sugerido de R$ 33.700 e é dono de um custo mensal de R$ 765, diante do seguro de R$ 2.831.
O Etios, quem diria, apesar de ser caro, conquistou o terceiro posto na pesquisa porque, além do seguro barato, ainda tem um custo de revisões entre os mais baixos do mercado (R$ 216 contra R$ 399, do Renault Sandero Authentique 1.0, o mais caro do segmento, e R$ 176 do Hyundai HB 20, o mais barato).
O HB20 não figurou entre os finalistas porque, a exemplo do QQ, tem preço de seguro alto (R$ 4.357), o que resulta em um custo mensal de R$ 885.
1° Ka+ SE 1.0
Além de ser um dos mais baratos do segmento, o Ka+ 1.0 está entre os mais econômicos nas despesas com seguro, combustível e manutenção
O segmento de sedãs compactos foi o que reuniu maior número opções por conta da oferta de diferentes motorizações. Além das versões 1.0, o consumidor encontra no mercado opções 1.4, 1.5 e 1.6, dependendo domodelo. São 14 possibilidades no total.
As versões 1.0 têm a tendência de oferecerem as melhores relações custo-benefício em razão dos preços de compra e da economia de combustível. Mas esse comportamento não é regra.
O primeiro e o segundo lugares deste levantamento ficaram com modelos 1.0, mas o terceiro posto coube a um 1.5, com destaque para o Ford Ka+, que emplacou duas versões no pódio.
O vencedor foi o Ka+ SE 1.0. Esse Ford se mostrou econômico nos testes de consumo, com as médias de 11,5 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada, e ficou em um patamar intermediário nos custos das revisões (R$ 268).
Seu principal trunfo, porém, foi ser bem cotado pelas seguradoras – sinal de que ele é um veículo que se envolve relativamente pouco em acidentes e que é menos visado para roubo e furto.
O Ka+ 1.0 conseguiu o menor valor do seguro na comparação com seus pares : R$ 3.057. E na ponta do lápis, ele terminou com a boa média de despesas mensais de R$ 787.
Foi o preço do seguro, principalmente, que diferenciou o Ka+ 1.0 dos rivais. O segundo colocado, o Logan 1.0 16V Authentique, se saiu melhor no consumo – fazendo 13,8 km/l, na cidade, 14,5 km/l, na estrada -, mas sofreu com o seguro (R$ 3.497) e também com as revisões (R$ 434).
O custo mensal do Logan subiu para R$ 823. No que diz respeito ao terceiro, o Ford Ka+ SE 1.5, os valores levantados foram os seguintes: R$ 3.229 para o seguro; R$ 268 com revisões, e R$ 833 de custo mensal.
2º Logan 1.0 Authentique
3º Ka+ SE 1.5
1° Sentra 2.0 S
Com custos equilibrados da aquisição até o final do primeiro ano, o Sentra conquista o primeiro lugar no disputado mercado de sedãs médios
Assim como o preço de compra baixo não é garantia de um custo mensal reduzido (como se viu entre os hatches compactos), o preço de compra alto também não implica necessariamente despesas periódicas elevadas (como se constata agora, quando analisamos os sedãs médios).
O Toyota Corolla 2.0 XEi, que é o carro com preço de tabela mais caro dosegmento, é um dos que menos oneram o orçamento do proprietário.
O Corolla custa R$ 103.990, mas apresenta custos mensais de R$ 1.172, enquanto o Citroën C4 Lounge Origine 1.6 THP sai por R$ 75.590 e tem custo mensal de R$ 1.260.
Da mesma forma que no segmento de hatches, entre os sedãs, a melhor estratégia é mirar nos valores medianos da tabela. O sedã de menor custo de uso encontrado por nós foi o Nissan Sentra 2.0 S, que custa R$ 81.900 e representa um desembolso mensal de R$ 1.168.
Além de um preço intermediário, o que reflete na mesma proporção no pagamento de impostos, o Sentra se beneficiou por um custo de revisões baixo (R$ 245, contra R$ 252 do Corolla) e de um valor de seguro igualmente mediano (R$ 5.448).
O Corolla fica em segundo e, assim como no segmento de hatches, o preço doseguro foi o fator que reverteu as expectativas, só que desta vez favorecendo o carro.
Apesar de ser o mais caro, o Toyota é o dono do menor valor de seguro. Ele paga R$ 4.772, diante de R$ 5.444 do Sentra, por exemplo.
Em terceiro, surge o Civic 2.0 Sport, com uma somatória de despesas mensais de R$ 1.176, fruto de economia em itens como manutenção (seu proprietário gasta R$ 259 nas revisões) e consumo.
O Honda obteve as médias de 12,6 km/l na cidade e 15,4 km/l na estrada, face a 10,4 km/l e 14,5 km/l, respectivamente, do Sentra.
2º Corolla 2.0 XEi
3º Civic 2.0 Sport
1° A3 1.4 TFSI
No segmento premium, nenhum é páreo para o A3 1.4 TFSI Attraction. Além de mais barato, ele tem o menor custo operacional do segmento
À primeira vista, comprar um carro de luxo pode ser considerado uma decisão emocional. Afinal, no mercado, sempre existiram alternativas mais simples, de marcas menos prestigiadas, com espaço, equipamentos e desempenho compatíveis.
Mesmo dentro de uma faixa de preço superior, no entanto, é possível fazer uma escolha racional. Seguindo os critérios adotados nesta pesquisa, foi muito fácil apontar o nosso indicado entre os sedãs de luxo.
O vencedor foi o Audi A3 1.4TFSI Attraction, que superou os rivais em todos os quesitos analisados. Em segundo ficou o BMW 3201 Active Flex e em terceiro, o Mercedes-Benz C 180 Avantgarde.
O Audi tem preço sugerido de R$ 115.190, enquanto o Mercedes custa R$ 166.900 e o BMW sai por R$ 164.950. Nas medições de consumo, com as médias de 11,7 km/l na cidade e 16,4 km/l na estrada, o A3 foi ligeiramente mais econômico – respectivamente, o 320i fez 11,3 km/l e 16 km/l e o C 180 registrou 10,5 km/l e 14,4 km/l.
Essa diferença, porém, foi suficiente para superar os rivais. Ao final de um ano, rodando 15.000 km, o proprietário do Audi terá desembolsado R$ 4.057, ante R$ 4.191 do BMW e R$ 6.428 do Mercedes.
Na manutenção, as posições se repetiram, com o Audi tendo gastos de R$ 460; o BMW, R$ 684; e o Mercedes, R$ 950. Na documentação, as despesas acompanharam os preços: R$ 5.080 (A3), R$ 7.070 (320i) e R$ 7.148 (C180).
O Mercedes se recuperou no custo do seguro. Na hora de pagar a apólice, o dono do 320i faz o pior negócio. Segundo a corretora Bidu, o valor para um BMW 320i fica em R$ 12.143, contra R$ 9.819 cobrados para o Mercedes C 180 e R$ 9.629 para o Audi. Mas esse sprint final do Mercedes não foi suficente para superar o BMW.
2º BMW 320i
3º C 180 avantg.
1° Duster 1.6 Expression
Em um terreno muito disputado, como os rivais se revezando nos pontos fortes, o Renault vence graças a um custo mensal ligeiramente melhor
A categoria de SUVs foi a mais equilibrada – mais até que a dos sedãs médios, com custos mensais aproximados, ou a dos sedãs compactos, com maior número de candidatos.
Entre os utilitários, os rivais se alternaram nas melhores posições dos diferentes aspectos analisados. Com o menor preço de compra (R$ 67.990), o Renault Duster 1.6 Expression foi o melhor no quesito pagamento de impostos (R$ 3.192).
O Nissan Kicks 1.6 SV se saiu bem no consumo (10,9 km/l cidade e 14,4 km/l estrada). E o Hyundai Creta 1.6 Attitude superou os rivais nas revisões (R$ 212) e no preço do seguro (R$ 4.212).
Para complicar a disputa, entre os que não se destacaram em itens específicos houve ainda os que conquistaram segundos e terceiros lugares repetidamente. O melhor exemplo desse perfil é o Jeep Renegade, que ficou dentro da média dos rivais em todos os quesitos.
O Renegade (custa R$ 80.900) gasta R$ 356 em uma revisão (12.000 km) e obteve as médias de 10,2 km/l no consumo urbano e 12,5 km/l no rodoviário.
O resultado desse comportamento aparece nas despesas mensais, nas quais o Jeep chegou a R$ 1.126 diante do Creta, com R$ 1.123, e do Duster, com R$ 1.120.
Considerando o conjunto da obra, da compra até o primeiro ano de vida, nossas indicações recaem sobre Duster, Creta e Renegade, em primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Entre os destaques dos SUVs que não chegaram lá, há virtudes como a doChevrolet Tracker 1.4 T LT, com o custo de revisões reduzido (R$ 256) e o Peugeot 2008 Allure 1.6, com as médias de consumo de 10,6 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada.
O recém-lançado Renault Captur 1.6 Zen ficou com o destaque negativo da categoria: o seguro mais caro (R$ 8.686).
2º Creta 1.6 Atitude
Custo/mês: R$ 1.123
Preço: R$ 73.990
3º Jeep Renegade
Custo/mês: R$ 1.126
Preço: R$ 72.990
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Quatro Rodas.