Investimentos: Não se desespere, pois a taxa de juros continua alta (eternalcreative/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 27 de julho de 2017 às 05h00.
Última atualização em 27 de julho de 2017 às 05h00.
São Paulo - Depois de quase quatro anos, a taxa de juros referência para a economia, a Selic, amanheceu a um dígito nesta quinta-feira (27). Como era esperado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa em um ponto percentual, de 10,25% para 9,25%.
O novo cenário é o fim do mundo para investidores do Tesouro Direto e de outras aplicações de renda fixa? Quais investimentos podem fazer seu dinheiro render mais?
Nos últimos anos, aplicações financeiras tão seguras quanto a poupança trouxeram retornos de dar brilhos nos olhos, entre elas, títulos públicos, CDBs, letras de crédito e fundos conservadores.
A Selic em dois dígitos beneficiou até os investidores mais cautelosos. A renda fixa, em que a forma de remuneração é definida no momento da aplicação, estava em alta.
“Todo mundo ficou mal acostumado e virou investidor conservador. Não tinha por que correr riscos”, diz o analista da XP Investimentos Marco Saravalle.
Até o fim do ano, o mercado prevê que a Selic deve cair para 8% ao ano, segundo o último Boletim Focus do Banco Central. Apesar da projeção, é preciso cautela para migrar para aplicações de maior risco. A renda fixa não deixou de ser um bom investimento da noite para o dia.
“Não há motivo para desespero. A inflação está caindo ainda mais que a Selic, ou seja, o ganho real da renda fixa ainda é muito atrativo e mais rentável que a poupança”, explica o sócio-diretor da Easynvest Amerson Magalhães.
Se você tem um perfil conservador e não está preparado para correr risco de perder algum dinheiro durante o período do seu investimento, é melhor não se arriscar em outras aplicações. Mas é possível encontrar investimentos de renda fixa que paguem mais que a Selic.
Títulos de renda fixa de bancos médios, como CDBs e letras de crédito (LCIs e LCAs), isentas de Imposto de Renda, podem pagar mais do que 100% da taxa DI, também conhecida como CDI, muito próxima da Selic. É mais fácil encontrar melhores retornos se você puder deixar o dinheiro aplicado por, no mínimo, um ano.
Se você não quer apenas se conformar com um novo padrão de rentabilidade, os fundos multimercados são uma boa opção para investir uma parte do seu dinheiro e conseguir retornos maiores.
“Esses fundos são indicados para quem já conhece um pouco mais sobre o mercado de investimentos e está disposto a correr um pouco mais de risco”, orienta o analista-chefe da Rico, Roberto Indech.
Os fundos multimercados ficam no meio do caminho entre os investimentos ultraconservadores e os mais arriscados, como ações e câmbio. O gestor desse fundo investe o seu dinheiro em ativos de renda fixa e de renda variável, e pode acompanhar movimentos de mercado para evitar volatilidade ou tentar ganhar mais.
Entre os multimercados, há fundos tão conservadores quanto renda fixa e fundos mais agressivos do que os fundos de ações. É melhor começar nos que oferecem menos risco.
Procure uma gestora com história no mercado, que tenha oferecido taxas de retorno consistentes nos últimos anos.
Os fundos imobiliários são mais uma opção investimento que merece mais atenção com a queda da Selic. A indústria de fundos já antecipou a expectativa de valorização do mercado imobiliário, com preços em alta no último ano.
No fundo imobiliário, você também ganha dinheiro com a renda de imóveis. A diferença é que, em vez de alugar seu imóvel sozinho, você compra cotas de um fundo de investimento que tem participação em lojas de shopping ou escritórios de um prédio inteiro, por exemplo.
A rentabilidade média dos fundos imobiliários pode ser maior do que o retorno oferecido pelo aluguel, pois, diferentemente de você, o gestor do fundo pode diversificar os investimentos e ter um desempenho melhor.
Vale destacar que essa é mais uma opção para investir parte do seu dinheiro, mas, para manter um reserva de emergência para usar a qualquer momento, a renda fixa é a melhor opção.