Casal na praia: Sem correr grande risco, R$ 1 milhão pode gerar renda de R$ 3 mil mensais (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2014 às 06h00.
Dúvida do internauta: Fiz uma negociação imobiliária que me rendeu 1,240 milhão de reais. Quero aplicar 1 milhão e nunca mais mexer nesse dinheiro para viver de renda desse dinheiro para o resto da vida.
Investindo 1 milhão de reais no cenário atual, com a taxa Selic em 11%, consigo um investimento que me pague juros de pelo menos 1% líquido (já descontado o IR)? Veja que eu não quero mexer nesse dinheiro e receber os juros resultantes da aplicação mensalmente para minhas despesas mensais. Isso é atingível?
Resposta de Samy Dana e Alex del Giglio*:
Viver de renda e ficar sem trabalhar pelo resto da vida é um sonho de muitos brasileiros. Contudo, essa tarefa não é tão simples, uma vez que a inflação pode corroer o patrimônio no longo prazo.
Assim sendo, a devida preocupação com a alta dos preços da economia será fundamental para atingir o seu objetivo e somente os rendimentos que superarem a inflação devem ser utilizados para suprir suas despesas.
Dessa forma, você conseguirá fazer com que seu principal não seja reduzido e ainda cresça na mesma velocidade da inflação.
No atual cenário da economia, com a taxa básica de juros da economia, Selic, em 11%, uma carteira relativamente conservadora e bem diversificada pode alcançar um percentual de retorno próximo a 0,85% ao mês, líquido de imposto de renda.
Para tanto sugerimos a seguinte alocação:
* 40%, ou seja, 400 mil reais em papéis de instituições financeiras, isentos de IR, com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de até 250 mil reais (entenda a garantida do FGC).
Aplique em letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCIs e LCAs) de duas instituições distintas para permanecer dentro do limite de cobertura do FGC.
* 30%, ou 300 mil reais, em debêntures de infraestrutura, que também são isentas de IR. É possível encontrar esses papéis com vencimento no médio prazo, com pagamento de cupons anuais (juros pagos anualmente) e retorno superior a 1% ao ano.
Nessa aplicação você deve atentar para o risco de crédito da empresa emissora da debênture. Adquira somente papéis de empresas sólidas e bem avaliadas pelas agências classificadoras de rating.
*20%, ou seja, 200 mil reais em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), título do Tesouro Direto que tem rendimento bruto de aproximadamente IPCA mais 6% ao ano, ou seja, ganho real de 6% acima da inflação.
Nessa aplicação você estará protegido da inflação se carregar o titulo até o vencimento. Existem vários prazos de vencimento para as NTNs-B, sendo um bom horizonte cerca de 10 anos.
* 10%, ou 100 mil reais em Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), título do Tesouro Direto que paga a variação da taxa Selic e é um dos mais conservadores títulos públicos.
Com essa carteira você obterá, hoje, um retorno líquido de aproximadamente 0,83% ao mês.
Você deve retirar apenas o rendimento que superar a inflação, que seria cerca de 0,30%, ou algo como 3 mil reais. Assim, você conseguiria ter uma renda mensal até o fim da vida sem corroer o seu patrimônio de 1 milhão de reais.
(*) Samy Dana é Ph.D. em Business, professor da FGV e coordenador do Núcleo de Cultura e Criatividade GV Cult. É consultor de empresas nacionais e internacionais dos setores real e financeiro e de órgãos governamentais, além de autor de livros de finanças pessoais. Esta resposta foi escrita em parceria com Alex Del Giglio, economista pela Univerisidade de São Paulo (USP), com extensão em finanças pela ESC Bordeaux e mestrado em Administração pela FGV. Responsável pela área educacional da Prime Finance Investimentos AAI Ltda., com sede em Manaus.
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