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Onde investir para apostar em Dilma, Aécio ou Campos

Veja as recomendações da Gradual Investimentos sobre as aplicações que se beneficiam pela vitória de cada um dos pré-candidatos à presidência


	Os presidenciáveis Dilma, Aécio e Campos: especular com o resultado das eleições é arriscado
 (Montagem/EXAME.com)

Os presidenciáveis Dilma, Aécio e Campos: especular com o resultado das eleições é arriscado (Montagem/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2014 às 18h39.

São Paulo - Quem você acha que vai ganhar as Eleições 2014Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB)? Cada um dos três principais presidenciáveis pode afetar muito seus investimentos e de maneiras diferentes. Suas estratégias estão preparadas?

Seja quem for o vencedor, a hora de ganhar dinheiro com esses movimentos é agora. “Não adianta tomar uma atitude 15 dias antes das eleições porque o mercado já estará precificado até lá”, explica Flavio Ramalho Conde, analista-chefe da Gradual Investimentos. A precificação ocorre quando expectativas sobre o futuro são incorporadas aos preços dos ativos no presente.

Conde lembra que em março a Bolsa estava girando em torno dos 45 mil pontos porque era quase certo que Dilma ganharia as eleições, mas a partir do dia em que ela passou a ter uma chance menor, o mercado precificou essa expectativa.

“Quem apostou no Aécio no começo de março já ganhou um ‘dinheirão’. A Petrobras subiu 30% e o Ibovespa cerca de 12% ou 13%”, comenta.

Vale ressaltar, no entanto, que mesmo havendo espaço para ganhos, com as eleições se aproximando o mercado deve ficar bastante volátil. Portanto, girar a carteira nesse momento em busca de retornos não é indicado para os investidores conservadores.

Veja a seguir as recomendações da Gradual sobre os investimentos que podem se beneficiar com cada um dos pré-candidatos. As sugestões referem-se principalmente à renda variável.

Dilma Rousseff (PT)

Tal como diversos outros analistas, Flavio Conde acredita que se Dilma for reeleita a Bolsa tem grandes chances de cair ainda mais. “Claramente o mercado gostaria que a política econômica estivesse mudando”, afirma.

Segundo ele, se for mantida a mesma equipe econômica, se não forem reajustados os preços dos combustíveis, e se a política de juros e a política fiscal permanecerem na mesma linha, o pessimismo voltaria ainda mais forte, e as ações tenderiam a cair.

Seguindo essa lógica, ele recomenda o investimento em contratos do mercado futuro de Bolsa, para que o investidor fique vendido em IbovespaNesse tipo de operação, o investidor negocia contratos que preveem uma pontuação futura para o Ibovespa, que é o principal índice de referência da Bolsa.

O contrato de Ibovespa, especficiamente, faz uma aposta na alta ou na baixa da Bolsa no futuro, e o investidor pode ganhar ou perder se o Ibovespa se aproximar, superar ou se distanciar do nível em que ele apostou. 

Justamente por causa da expectativa de queda da Bolsa com a eleição de Dilma, o analista da Gradual não recomenda a compra de ações específicas.

Para Conde, a eleição de Dilma poderia também elevar o risco-Brasil (percepção dos mercados sobre o risco de investir no Brasil), gerando uma depreciação do real frente ao dólar. “Nesse cenário investir em aplicações que se beneficiam pela alta do dólar é uma boa”, diz.

Ele recomenda o investimento em fundos cambiais, que investem em ativos atrelados ao dólar, além de fundos multimercados multiestratégia que se favoreçam com a Bolsa em baixa e também com os juros e o dólar em alta.

Nos fundos multimercados, o gestor responsável tem a liberdade de investir em diversos tipos de ativo, tanto de renda fixa quanto de renda variável, buscando a melhor estratégia de acordo com o cenário econômico.

Conde também sugere a aplicação em fundos de renda fixa, pois acredita em um aumento da taxa básica de juros (Selic),

Com a inflação em alta, o governo deve manter a elevação da taxa Selic. Em resumo, isso ocorre porque com a Selic alta o juro dos empréstimos para as famílias e empresas fica maior, reduzindo o nível de consumo e a demanda. A redução da demanda, por sua vez, freia o aumento dos preços, que sobem quando a oferta é maior que a demanda. 

Aécio Neves (PSDB)

“O Aécio é o sonho do mercado financeiro porque ele traria o Armínio Fraga para ser Ministro da Fazenda. De todos os participantes da equipe econômica brasileira dos últimos 30 anos, ele é o mais admirado”, afirma Conde.

O analista destaca que a dupla Armínio e Aécio já anunciou que reduziria os gastos públicos, contrairia os empréstimos do BNDES para grandes empresas e subiria o preço dos combustíveis para equipará-los às cotações internacionais, o que geraria maior lucro para a Petrobras.

Provavelmente, prossegue Conde, também interviriam no setor elétrico de modo a melhorar a rentabilidade do setor e atrair mais investimentos. "Tudo isso faria com que a confiança aumentasse bastante e investidores estrangeiros e locais apostariam com mais força na Bolsa. Essas medidas mais fortes levariam o risco-Brasil a cair”, comenta.

Diante desse quadro, o analista recomenda ao investidor mais experiente ficar comprado em Bolsa, por meio dos contratos futuros de Ibovespa. Aos mais moderados, a sugestão seria investir em um fundos de ações.

Se o investidor optar por comprar papéis específicos, ele também sugere o investimento nas ações da Eletrobrás (ELET3, ELET6) e da Petrobras (PETR4). “A Eletrobrás saiu de um lucro de 6 bilhões de reais para um prejuízo de quase 6 bilhões de reais depois que Dilma mudou as regras de regulação do setor. Provavelmente Aécio mexeria nessas regras, beneficiando as ações”, diz Conde.

As medidas a que se refere Conde foram aquelas que promoveram um menor reajuste nas tarifas de energia, gerando maiores custos para as empresas do setor.


Em terceiro lugar, o analista recomendaria as ações do Banco do Brasil (BBSA3). “O governo reduziu o preço das tarifas e dos juros dos produtos oferecidos pelo banco para estimular o crédito. O Aécio deve dizer que não é preciso reduzir tanto as tarifas e deve aumentar a rentabilidade do banco”, diz.

Além disso, com um menor risco-Brasil, consequentemente seria reduzido o risco das ações do BB. Como os bancos carregam na sua carteira muitos títulos de dívida do país, se o risco soberano diminui, mais investidores podem se interessar pelas ações.

Outra consequência da melhor imagem do país perante os mercados globais seria a apreciação do real frente ao dólar. Por isso, segundo o analista da Gradual é aconselhável não investir em fundos cambiais e outras aplicações atreladas ao dólar.

Em sua opinião, no curto prazo os juros tendem a subir, mas no longo prazo tendem a cair. Por isso, ele recomenda a posição em fundos multiestratégia ou de renda fixa que apostem nessa alta dos juros de curto prazo, e na queda dos juros de longo prazo.

Eduardo Campos (PSB)

O cenário para Eduardo Campos já é marcado por um tom muito maior de incerteza em relação aos outros pré-candidatos.

“Empresários têm confessado que sentem Eduardo um pouco mais comedido. A impressão é que ele fica com algumas posições menos explícitas para eventualmente não se mostrar contrário à alguma posição da Marina Silva”, avalia Flavio Conde.

Em virtude dessa maior indefinição, caso aumentem as chances de eleição de Campos, a expectativa é de que o mercado responda de maneira neutra, mas com um viés positivo, segundo o analista da Gradual.

“Em uma eventual eleição dos dois, os preços dos ativos tendem a ficar um pouco parados. Existe uma dúvida se os mercados subiriam animados com a vitória deles, mas, se isso acontecer, a alta ocorreria em uma intensidade menor do que com Aécio e Armínio”, diz.

Apesar da incerteza, como Campos representa uma melhor opção do que Dilma para o mercado, Conde recomenda que os investidores fiquem comprados em Bolsa, em contratos futuros de Ibovespa e vendidos em dólar, nos contratos futuros de dólar.

Os contratos futuros de dólar têm os mesmos fundamentos dos contratos futuros de Ibovespa, mas enquanto o primeiro aposta nas oscilações da moeda norte-americana, o segundo relaciona-se aos movimentos do Ibovespa.

Para Conde, também é recomendável manter uma posição neutra em relação a ativos que acompanham a Selic, uma vez que a expectativa sobre os juros não é nada clara.

Nesse caso, seria indicado o investimento em Letras Financeiras do (LFT), título que acompanha a variação diária da taxa Selic. Enquanto outros títulos do Tesouro podem gerar prejuízos, como a LFT paga exatamente o que a Selic rendeu no período, ela não gera grandes perdas.

Veja como funciona cada título do Tesouro Direto.

Pelo mesmo motivo, Conde recomenda o investimento em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), pós-fixados.

Ambos são títulos de dívidas de bancos que pagam ao investidor a variação do CDI - taxa muito semelhante à Selic – durante o período do investimento. Eles são usados pelos bancos para captar recursos dos investidores em uma ponta e emprestar dinheiro a captadores em outra.

O analista afirma que existe também uma expectativa de que ações de empresas sustentáveis possam se beneficiar por causa de Marina Silva, como seria o caso das ações da Natura.

Mas, como seria uma valorização momentânea, em virtude da vitória nas eleições, os preços poderiam se ajustar em seguida. Por conta desse efeito sazonal, ele não recomenda comprar nenhuma ação individualmente.

Também não fica clara a expectativa sobre o dólar, portanto investimentos ligados à moeda norte-americana não são recomendados.

De maneira resumida, a orientação no caso de Eduardo Campos e Marina Silva é priorizar investimentos conservadores de forma que o investidor não se comprometa ao apostar em uma euforia ou decepção do mercado.

“Se eles passarem a ser mais explícitos conforme se aproximam as eleições, essas visões podem mudar, mas por enquanto é aconselhável aplicar em investimentos menos voláteis”, diz Conde.

Aos mais conservadores, deixar especulação de lado é o melhor caminho

Até que seja anunciado o novo presidente, as pesquisas de intenção de votos e outras notícias ligadas às eleições devem trazer muita especulação ao mercado, possivelmente gerando fortes oscilações nos investimentos em renda variável.

As sugestões de investimentos acima, portanto, podem não ser indicadas a investidores menos experientes e mais avessos a riscos.

Se você não gosta muito de emoções e é do tipo que busca ficar longe das cidades-sede em tempos de Copa, os investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto, podem ser a solução para se manter mais distante da volatilidade nesse momento.

Amerson Magalhães, diretor da Easynvest Título Corretora, avalia que é muito difícil definir quais tipos de investimento de renda fixa devem se sobressair à sombra de cada pré-canditado, porque a política econômica deve sofrer ajustes com qualquer um deles.

“As contas públicas e a economia estão em uma situação ruim, por isso eu não imagino que seja possível um novo governo manter a política econômica sem novidades. Acredito que haverá mudança independentemente de quem for eleito, mesmo se for a Dilma”, diz Magalhães.

Ele acrescenta que acredita em uma perspectiva de ajuste nos preços controlados, como os dos combustíveis, e no aumento da inflação, por isso é provável que ocorra aumento da taxa de juros. “Nenhum deles vai dizer que dará um choque de juros no começo da gestão, mas isso pode acontecer", comenta.

Sendo assim, com as possíveis mudanças na taxa Selic a recomendação do diretor da Easynvest é manter uma postura bastante conservadora, investindo em ativos pós-fixados.

Dentre os investimentos pós-fixados - que acompanham a variação da taxa Selic ou do CDI - ele indica produtos bancários, como os CDBs, as LCIs e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e, dentre os títulos públicos, as LFTs. 

Assim como os CDBs e LCIs, as LCAs também são títulos de dívidas dos bancos, mas enquanto os recursos dos CDBs não têm destino definido e os recursos das LCIs são destinados ao crédito imobiliário, os valores investidos em LCAs financiam operações de crédito ligadas ao agronegócio. 

Veja como escolher entre CDB, LCI e LCA.

Magalhães cita as Notas do Tesouro Nacional-série B para justificar por que pode ser arriscado optar por outros tipos de título.

As NTN-Bs são os títulos públicos que pagam ao investidor uma determinada taxa de juro mais a variação da inflação, corrigida pelo IPCA. Atualmente, elas pagam cerca de 6% mais IPCA no vencimento. Contudo, caso a Selic suba após as eleições, esses títulos podem se desvalorizar, prejudicando quem as quiser vender antes do vencimento.

Isso porque, para quem quiser comprar NTN-Bs em um cenário de juro maior, a taxa prometida provavelmente será mais alta. Assim, não deve se aventurar a comprar esses títulos quem não tiver a intenção de ficar com o título até o vencimento ou for totalmente avesso a qualquer perda.

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