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Como administrar seu dinheiro enquanto Dilma ficar

Veja o que acontece com o mercado e o que fazer com seu dinheiro diante da anulação do processo de impeachment por Waldir Maranhão


	Perspectivas: especialistas dizem que decisões de curto prazo não devem afetar os investimentos
 (Thinkstock)

Perspectivas: especialistas dizem que decisões de curto prazo não devem afetar os investimentos (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2016 às 16h12.

São Paulo – O deputado Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Câmara dos Deputados ,aceitou o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e anulou a sessão que aprovou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa. 

A notícia gerou forte volatilidade no mercado financeiro, com a disparada do dólar e o forte recuo do Ibovespa. Por volta das 15h40, o Ibovespa caia 1,37%, aos 51.008 pontos, e o dólar subia 1,23% aos 3,55 reais.

Ainda que a oposição do governo esteja tentando reverter a decisão, por meio de um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) e um recurso no plenário da Câmara, ainda não se sabe se a anulação deve se manter ou por quanto tempo. Mas, enquanto isso, o que acontece com o mercado e o que o investidor deve fazer com seu dinheiro?

Márcio Cardoso, sócio-fundador da Easynvest, diz que em primeiro lugar o investidor não deve abrir mão de sua estratégia de investimentos. “Conversei com duas consultorias políticas que acreditam que a anulação do processo não deve se sustentar. Então, obviamente é algo que gera um estresse no mercado, mas não tem consistência."

Ele acrescenta que se o investidor comprou ativos de risco pensando na possibilidade de aprovação do processo de impeachment pelo Senado nesta semana, ele deve manter sua posição. “A possibilidade de impeachment continua alta. O investidor deve tomar cuidado para não ser influenciado por informações de curtíssimo prazo e desfazer suas decisões”, diz Cardoso.

Alexandre Wolwacz, sócio do L&S, grupo de empresas focado em investimentos no mercado financeiro, afirma que logo que a notícia de anulação do processo de impeachment saiu, a bolsa cedeu quase dois mil pontos e o dólar chegou a bater os 3,70 reais, o que mostra que o mercado não gostou da novidade.

No entanto, ele afirma que com novas notícias apontando para a continuidade do processo, o mercado reverteu algumas tendências e pode até encerrar o dia relativamente estável.

Diante de todo o sobe e desce, ele diz que não é o momento de alocar volumes altos de capital no mercado de renda variável. “O mercado anda muito volátil. Essas movimentações agudas podem até influenciar os investimentos de prazo mais curto, mas não os mais longos. Por isso o ideal é aliviar as posições em renda variável e manter a diversificação, sem mudar a estratégia”, afirma Wolwacz.

Foque nas perspectivas de médio e longo prazo

A despeito da volatilidade causada pela decisão do deputado Waldir Maranhão, os especialistas recomendam dar menos atenção a rumores e notícias que alteram as regras do jogo apenas no curto prazo e focar nos acontecimentos que têm caráter mais duradouro.

“Existe um problema maior hoje que é: o que pode acontecer depois que governo for substituído? Quais medidas serão apresentadas pelo novo governo? Qual será a equipe econômica? Essas decisões, sim, terão impacto no longo prazo”, diz Cardoso, sócio da Easynvest.

Ele acredita que ainda há espaço para que a bolsa se valorize no médio prazo e afirma que a taxa básica de juros, Selic, deve cair nos próximos meses, assim como preveem os analistas de mercado consultados pelo Boletim Focus, do Banco Central, que acreditam que a Selic deve passar dos atuais 14,25% ao ano para 13% ao ano até o fim de 2016.

De todo modo, Cardoso também ressalta que o desemprego continua em alta, as empresas continuam segurando os investimentos e o consumo permanece em queda. Assim, ele recomenda cautela, para que o investidor não vá com muita sede ao pote em relação à bolsa por acreditar que a eventual entrada de Michel Temer resolverá muitas coisas.

Sobre os investimentos de renda fixa, ainda que títulos prefixados se valorizem com a perspectiva de queda dos juros, como a expectativa de redução da taxa básica já vem sendo mencionada há algum tempo, os preços desses títulos já estão refletindo essas projeções, portanto, segundo o sócio da Easynvest, não há mais grandes oportunidades de ganhos com esse tipo de título.

Nesse caso, ele recomenda o investimento em títulos pós-fixados, atrelados à taxa Selic e à taxa DI. Entre as opções de investimentos que acompanham a taxa básica estão o título público Tesouro Selic e títulos bancários como CDBs, LCIs e LCAs. Ele também diz que o Tesouro IPCA, título público que paga uma taxa de juro mais a variação da inflação, também pode ser interessante neste momento. “Eles têm oferecido uma taxa real [rendimento acima da inflação] muito atraente”, diz Cardoso.

Wolwacz, do grupo L&S, também afirma que todo cuidado é pouco neste momento, já que a equipe econômica de um eventual governo Temer ainda está se delineando e não se sabe qual será a reação do mercado quando e se a questão for definida.

“A notícia de hoje demonstrou o quão nervoso o mercado se encontra em relação à instabilidade da economia. Em se tratando de política no Brasil, é difícil traçar um cenário líquido e certo, as coisas mudam em uma velocidade muito intensa, o que nos faz indicar uma carteira mais prudente, que permita ao investidor se defender contra oscilações” diz Wolwacz.

A recomendação do sócio do L&S, portanto, é uma carteira com pelo menos 50% dos recursos voltados a títulos de renda fixa, tanto pós-fixados, quanto prefixados. Outros 25% seriam destinados à bolsa e 25% seriam investidos em dólar, por meio de instrumentos como fundos cambiais. “O ideal é montar uma carteira mais protegida, que capture diferentes movimentos”, comenta. 

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