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O que fazer com o FGTS aplicado em fundos Vale e Petrobras

Especialistas são unânimes: deixar dinheiro do FGTS nos fundos que aplicam em Vale e Petrobras é melhor que retornar recursos ao fundo de garantia


	Mina da Vale: ações da mineradora ganharam do CDI e do FGTS desde 2002
 (Agência Vale/Divulgação)

Mina da Vale: ações da mineradora ganharam do CDI e do FGTS desde 2002 (Agência Vale/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2013 às 21h50.

São Paulo – Quem tinha recursos no FGTS no início dos anos 2000 teve a oportunidade de destinar 50% deles a fundos criados especialmente para investir em ações da Petrobras e da Vale, os Fundos Mútuos de Privatização (FMP). De lá para cá, os rendimentos dos fundos já viram fortes oscilações, com o sobe e desce das ações. Mas acumularam rentabilidade muito superior ao fundo de garantia, revelando-se bons negócios. E agora? Seria hora de resgatar o dinheiro dos FMPs ou eles devem continuar aplicados nesses investimentos?

A crise internacional de 2008 baqueou um bocado os rendimentos dos fundos que aplicam em Vale e Petrobras. De maio daquele ano para cá, as ações preferenciais da Petrobras caíram cerca de 48%, e as da Vale tiveram queda de mais ou menos 25%. Mesmo assim, o rendimento acumulado desde que os trabalhadores brasileiros puderam aplicar nesses fundos foi formidável em comparação à rentabilidade do FGTS.

De seu início, em 2000, até 10 de setembro de 2013, os FMP-Petrobras renderam 301,63%, sem descontar a taxa de administração e o IR, contra 85,63% do FGTS. Ou seja, 1.000 reais aplicados em um FMP-Petrobras se transformaram em 4.016,30 reais, contra 1.856,30 reais acumulados para a mesma quantia no FGTS.

Já os FMP-Vale, iniciados em 2002, renderam, desde então, 714,77%, contra 71,49% do FGTS. Isto é, 1.000 reais aplicados em um FMP-Vale viraram 8.147,70 reais; mantidos no FGTS, os mesmos 1.000 reais teriam se tornado apenas 1.714,90 reais no período. Mesmo com as perdas recentes, os FMPs têm valido a pena.

Devo resgatar os recursos do meu FMP?

Porém, quem está assustado com as recentes perdas dessas duas ações pode estar se questionando se não é hora de resgatar esses recursos dos FMPs. Se a comparação for feita com a taxa de juro CDI, que baliza as aplicações mais conservadoras de renda fixa, os resultados das ações podem não ser tão animadores. Os fundos de Vale ainda ganham do CDI, que de 2002 para cá rendeu 300,44%; mas os fundos de Petrobras perdem para o juro, que se elevou 452,30% de 2000 até agora.

Contudo, não adianta sonhar: para migrar os recursos dos FMPs para outras aplicações, só se o trabalhador tiver se tornado elegível a sacar o FGTS. Se for demitido sem justa causa, por exemplo, o dinheiro do resgate de um FMP irá diretamente para o bolso do trabalhador, ainda que o saque seja feito anos depois da demissão. O dinheiro, portanto, não retorna ao FGTS, mesmo que o trabalhador tenha uma nova conta referente a um novo emprego.

Caso não tenha se tornado elegível a sacar o FGTS nem pretenda comprar um imóvel com os recursos do fundo, o trabalhador que resgatar os recursos de um FMP verá esse dinheiro retornar ao fundo de garantia. E dali os recursos não poderão retornar a um FMP. O trabalhador só verá a cor desse dinheiro quando atingir uma das condições para resgatar o FGTS.


“Apesar das perdas registradas nos últimos meses nas ações da Petrobras e da Vale, não recomendo ninguém a vender suas ações, a não ser que possa sacar o dinheiro do FGTS”, aconselha Mário Avelino, presidente do Instituto FGTS Fácil. Os demais especialistas ouvidos por EXAME.com concordam que, a menos que vá se aposentar ou comprar um imóvel em breve, o trabalhador não deve resgatar o dinheiro de seu FMP.

“Não sei se é o melhor momento de tirar esse dinheiro, pois este é um momento de baixa das ações. A pessoa precisa pensar bem se precisa do dinheiro ou se pode correr algum risco”, observa Jurandir Sell Macedo, consultor de finanças pessoais do Itaú Unibanco e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Para o consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, se o trabalhador estiver a menos de cinco anos de se aposentar pode retornar o dinheiro dos FMPs ao FGTS, para já garantir seus ganhos. “A menos de três anos de me aposentar eu faria isso com certeza. A mais que cinco anos da aposentadoria, eu permaneceria”, diz Calil.

Carlos Eduardo Ferreira de Lima, economista-chefe da empresa de tecnologia e informações financeiras CMA, acredita que o trabalhador pode até deixar os recursos no FMP por um pouco mais de tempo, e só retorná-los ao FGTS quando estiver a um ano de se aposentar ou comprar a casa própria.

Mas para quem está realmente desconfortável com as oscilações das ações e preocupado com o futuro da Petrobras e da Vale, Lima sugere uma estratégia de proteção: “O trabalhador pode retornar apenas parte do dinheiro aplicado em FMPs ao FGTS, para proteger sua posição. Esta é a melhor alternativa para quem aposta no médio e no longo prazo”, explica.

Outras opções

O trabalhador com dinheiro aplicado em um FMP também tem outras opções. Se tiver dinheiro aplicado apenas em um FMP-Petrobras, ele pode migrar os recursos para um FMP-Vale e vice-versa. Nesse caso, ele não diversifica o risco, apenas passa a investir na empresa em que acreditar mais. Também é possível migrar para um FMP de taxa de administração menor, caso a do seu fundo seja muito alta.

Outra opção, que pode ser mais interessante para quem gosta de investir em ações, é migrar os recursos para um dos chamados fundos FGTS – Carteira Livre, que podem investir em quaisquer ações, diluindo o risco de aplicar em apenas uma ação. É uma forma de diversificar a aplicação dos recursos do FGTS. Itaú e Bradesco dispõem de fundos desse tipo.

Antes de tomar essa decisão, porém, o trabalhador deve verificar se a taxa de administração não é muito alta, a política de investimentos do fundo, seu histórico de desempenho, bem como as ações em que o fundo investe.

Matéria atualizada em 13 de setembro de 2013.

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