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O investimento ideal para os filhos no cenário de juro baixo

Aplicações em Bolsa e no Tesouro Direto são boas opções de presente neste 12 de outubro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2012 às 14h43.

São Paulo – Um carro, uma entrada em um imóvel ou o pagamento da faculdade podem parecer presentes muito elaborados para o Dia das Crianças. Mas, fazendo um investimento hoje e mirando o longo prazo, presentes valiosos podem chegar aos filhos de forma bastante simples. Para isso, basta apenas compreender quais aplicações valem mais a pena no atual cenário de juros baixos e considerar que o "presente" será dado hoje para crianças que só irão resgatar o investimento quando adultas. 

Com a taxa Selic no atual patamar de 7,25%, a tradicional poupança, por exemplo, já não é mais um bom presente para os filhos. Seu rendimento (de 70% da Taxa Selic, mais a Taxa Referencial) não tem superado a inflação medida pelo IPCA, o que significa que ela não tem sido capaz nem mesmo de manter poder de compra do investidor. Assim sendo, a caderneta atualmente se torna uma aplicaçãoapenas interessante no curtíssimo prazo, pela facilidade de movimentação, mas diversos outros investimentos podem trazer retornos muito maiores no longo prazo. 

Veja a seguir as sugestões de investimentos de especialistas aos pais que querem acertar nos presentes financeiros neste Dia das Crianças. 

Renda variável 

O consultor financeiro Mauro Calil defende que o melhor investimento para presentear os filhos seriam aqueles feitos na Bolsa de Valores, principalmente por conta dos baixos juros, que têm prejudicado os rendimentos da renda fixa.

Ele justifica que, apesar dos riscos da Bolsa, os valores que seriam destinados aos presentes dos filhos seriam perdidos nos brinquedos de uma forma ou de outra. Portanto, por mais que o prejuízo seja total na bolsa, o risco é nulo, considerando que o valor teria se esvaído de outra maneira. “Se o pai compra um presente de 100 reais e daqui a três meses a criança se desinteressou, ele perdeu 100% do investimento. Se ele aplicar na bolsa os 100 reais, ainda que haja uma queda de 50% no valor das ações, sobram 50 reais. Por isso, eu ouso dizer que o risco do investimento é zero”, avalia. 

Calil recomenda que os pais com menor conhecimento do mercado financeiro façam a aplicação por meio de um fundo de investimentode uma corretora ou banco. Nesse caso, a escolha das ações a serem compradas fica a cargo dos gestores do fundo, que têm mais experiência e podem fazer escolhas mais certeiras.

Os critérios para a escolha de uma corretora variam de acordo com o objetivo do investidor. No caso de um investimento no longo prazo, além de se preocupar com o atendimento, o preço da corretagem e a estabilidade do home broker, um ponto importante a se observar é a taxa de custódia, cobrada mensalmente. De acordo com a Bússola do Investidor, algumas corretoras não cobram essa taxa, como a corretora do Banco Alfa, Banif, Icap, MáximaTrade, Spinelli, Tendência e Título/Easynvest.

Calil recomenda que o investimento em Bolsa seja feito mais especificamente em ações de empresas boas pagadoras de dividendos, seja comprando diretamente os papéis dessas empresas, ou investindo nelas por meio de um fundo de dividendos. “Em 10, 12 ou 15 anos, investir em ações recebendo dividendos e os reinvestindo é o melhor investimento, nada se compara. Se observarmos o Ibovespa, dependendo do período, ele pode até perder para outras aplicações no longo prazo, mas reinvestindo os dividendos, o investimento em ações fica imbatível”, defende. 


As ações de empresas que pagam bons dividendos normalmente têm tendência de crescimento mais visível e pouca necessidade de reinvestir seus lucros, por isso repassam mais facilmente os lucro obtidos aos acionistas. Em sua maior parte, são líderes de mercado e de setores de serviços públicos, como de telecomunicações e energia, que possuem demandas estáveis, pouco afetadas por crises de mercado.

Outra opção, ainda dentro da renda variável, segundo Calil, seriam os fundos multimercados. Estes fundos aplicam em papéis tão distintos quanto títulos de renda fixa, ações, derivativos e câmbio. O investimento pode ser interessante porque permite uma maior diversificação e porque, quanto mais tempo o dinheiro fica investido, menor é o imposto que o investidor paga. O Imposto de Renda é cobrado com base em uma tabela regressiva que varia de 22,5% a 15%, sendo a primeira alíquota válida para as aplicações com até 180 dias e a última válida para aquelas superiores a dois anos. 

Vale ressaltar que, apesar desses fundos poderem ser mais rentáveis do que os de renda fixa e outros fundos dentro da renda variável no longo prazo, eles também são mais arriscados. Por isso, muitos especialistas os indicam apenas para investidores mais arrojados. 

Por fim, Calil ressalta que é muito importante que os pais façam aportes regulares, independentemente da aplicação escolhida. “Um dos primeiros princípios para qualquer investimento é a consistência. Se não todo mês, é importante que os pais façam aportes ao menos nas datas comemorativas, de meses em meses, no Dia das Crianças, na Páscoa e no Natal, por exemplo”.

Renda fixa 

Para os pais que não querem se aventurar em investimentos mais oscilantes, o presente dos filhos pode ser buscado na renda fixa. Diferentemente da renda variável, na renda fixa o investidor já sabe qual será o seu rendimento no momento da aplicação. 

Segundo Beto Veiga, autor do livro “O Essencial sobre o Tesouro Direto” e consultor financeiro especialista em renda fixa, os títulos do Tesouro Nacional indexados à inflação são a melhor opção de investimento para os filhos no longo prazo. “Esses títulos pagam uma certa taxa de juros mais a inflação, o que é muito importante no longo prazo porque protege o poder de compra do investidor”, explica Veiga.

Os títulos que pagam uma taxa de juro real e ainda protegem o investimento contra a inflação são as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B). Este é o investimento mais recomendado porque mesmo que o cenário econômico passe pelas mais inesperadas mudanças, na pior das hipóteses, o investidor tem seu poder de compra garantido e ainda recebe o pagamento de um juro real.

Para ter essa garantia, no entanto, é preciso carregar o título até seu vencimento. Por isso recomenda-se que o título comprado tenha vencimento previsto para o momento que o investimento deverá ser utilizado pelo filho. 

Isto pode ser explicado porque, na hipótese de a taxa Selic voltar a subir, uma NTN-B que paga a inflação mais juros de 4% perde valor diante de títulos indexados à Selic ou diante de NTN-Bs que paguem juros reais mais altos, digamos, de 6% ao ano. Neste cenário, os pais que precisarem vender a NTN-B que paga juro menor podem acabar perdendo dinheiro: se o título valia 1.000 reais no início, pode ter que ser vendido por 900 reais, por exemplo, para compensar os juros menores e menos atrativos.


Os títulos prefixados (NTN-F e LTN) não são recomendáveis porque não contam com essa proteção frente à inflação, além de também estarem sujeitos às oscilações do mercado. Já os títulos atrelados à Selic são mais indicados para o curto prazo, pois sua rentabilidade está indexada à taxa básica de juros, que atualmente se mantém baixa e assim deve ficar por um bom tempo. Novamente, o rendimento desse título pode perder para a inflação.

Se os pais optarem por comprar os títulos públicos, é recomendável realizar o investimento em nome dos filhos, assim não há riscos de os adultos resgatarem o dinheiro antes do tempo, com outros propósitos. Apenas com o CPF da criança é possível abrir a conta em nome dela.

Outras aplicações de renda fixa, como a poupança, os fundos DI e os fundos de renda fixa, não são indicados para o longo prazo porque sua rentabilidade é influenciada pela Selic. Com a taxa básica de juros a 7,25%, estas aplicações oferecem retornos inferiores àqueles oferecidos pelas NTN-Bs. Atualmente, elas são vantajosos apenas se o objetivo do investidor for aplicar em um produto que tenha alta liquidez e seja previsto para o curto prazo.

Planos de previdência infantis

Uma outra opção de investimento para os filhos seriam os planos de previdência infantis para menores de 21 anos. Esses planos podem ser contratados nas modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Eles oferecem vantagens tributárias similares às dos planos tradicionais: a tabela regressiva de IR, com alíquota mínima de 10% após 10 anos de investimento, e a possibilidade de abater os aportes num valor de até 12% da renda, no caso dos PGBLs.

O principal diferencial desses planos é que os pais que optam pelo PGBL podem abater do seu Imposto de Renda as contribuições para o plano, desde que usem a declaração completa. O IR somente é pago quando o jovem atinge a maioridade e faz o resgate dos recursos, mas, como sua renda pode ser baixa no início da vida adulta, o imposto tem grandes chances de ser restituído. Além disso, se o jovem optar por transferir o investimento para um plano de previdência adulto, e poderá se beneficiar da possibilidade de abater suas próprias contribuições de seu IR.

Se o plano for feito na modalidade VGBL, que é indicada para quem faz a declaração simples do IR ou para quem quer contribuir com mais de 12% da renda para a própria previdência e a do filho, não ocorre o abatimento do IR.

Os consultores, porém, não recomendam o investimento nos planos de previdência atualmente. Eles explicam que os planos abertos comercializados no mercado, em geral, apresentam custos elevados. E no ambiente de queda de juros nominais e reais, o peso de taxas de administração ficou ainda maior em relação aos rendimentos, agora mais baixos.

Além disso, com a menor rentabilidade da renda fixa, por conta das reduções da taxa Selic, especialistas têm recomendado investimentos em renda variável, em busca de maiores retornos. A maioria dos fundos de previdência, porém, não costuma investir mais de 40% ou mesmo 20% do patrimônio em renda variável, assim os retornos de outros investimentos têm mais chances de superar os dos planos de previdência. 

Apesar desses fatos, alguns gerentes e agentes de investimento apresentam simulações de retorno irrealistas. Especialistas esclarecem que simulações que consideram uma rentabilidade de 8% ao ano já estão fugindo bastante da realidade. É importante que a simulação leve em conta a inflação do período e incorpore o patamar de juros mais baixo, utilizando uma rentabilidade real (acima da inflação), que pode ser de algo como 2% ou 3% ao ano

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