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Novas regras do cartão de crédito passam a valer hoje. Veja o que muda

Mudanças foram anunciadas em abril pelo Conselho Monetário Nacional e devem ter reflexos nos juros cobrados no cartão de crédito

Cartão de crédito: atenção tem que ser redobrada no caso do rotativo oferecido por financeiras ou por lojas (Dmitriy Shironosov/Thinkstock)

Cartão de crédito: atenção tem que ser redobrada no caso do rotativo oferecido por financeiras ou por lojas (Dmitriy Shironosov/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 1 de junho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 11h48.

São Paulo - A partir desta sexta (1º), passam a valer mudanças que devem ter reflexos nos juros cobrados no cartão de crédito. As novas regras foram anunciadas em abril pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A medida prevê que os bancos não podem mais cobrar juros maiores de clientes que estão no crédito rotativo e ficam inadimplentes. O crédito rotativo é usado por quem não paga o valor total da fatura no vencimento.

Embora o juro do rotativo seja uma das maiores taxas cobradas dos brasileiros, há instituições que cobram um percentual ainda maior se o cliente que está no rotativo fica inadimplente. A partir de agora, o juro para quem atrasa o pagamento será o mesmo do crédito rotativo, apenas acrescido de 2% de multa e 1% de juro de mora ao mês.

Em abril, a taxa de juros média cobrada pelo chamado “rotativo não regular”, sobre pagamento mínimo de faturas em atraso, era de 14,29% ao mês, segundo o Banco Central. Já a taxa de juros média cobrada no “rotativo regular” era de 10,70% ao mês.

Diante dessa diferença, o objetivo do BC é fazer com que a o juro menor também seja aplicado a clientes que pagam o mínimo da fatura em atraso. Assim, os clientes em atraso só vão pagar mais por multa e juro de mora. A taxa de juros do crédito rotativo cobrada por cada banco pode ser consultada no site do Banco Central.

Percentual mínimo de pagamento da fatura pode mudar

Outra nova regra também flexibiliza o percentual mínimo de pagamento da fatura. Até então, os clientes pagavam o mínimo de 15% do valor da fatura em todos os bancos, por norma. Agora, cada banco pode fixar percentuais diferentes, de acordo com a sua política de crédito e o perfil do cliente.

O site EXAME consultou os cinco principais bancos: Banco do Brasil, Itaú, Santander, Caixa e Bradesco. Por enquanto, todos vão manter o mínimo de 15% do pagamento do valor da fatura. Todas as mudanças precisarão ser comunicadas com 30 dias de antecedência.

Metade dos usuários já pagou o mínimo da fatura

Entre os usuários de cartão de crédito, 54% já pagaram o mínimo da fatura, segundo uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Além disso, 21% disseram que não usam o rotativo há mais de um ano e 13%, que costumam recorrer ao financiamento da fatura.

Em abril do ano passado, outras regras para o rotativo do cartão de crédito começaram a valer. A medida restringiu o pagamento mínimo da fatura a um mês e obrigou os bancos a oferecer uma solução de parcelamento para o cartão de crédito com juros mais baratos.

No entanto, segundo a pesquisa do SPC, entre os consumidores que já pagaram o mínimo da fatura do cartão de crédito alguma vez e conhecem a nova regra do rotativo (80%), quase um terço (28%) não considera as novas regras favoráveis. Para eles, os juros continuam abusivos e o valor da dívida permanece alto (10%).

Já 58% dos entrevistados enxergam que a mudança tem contribuído de alguma forma, principalmente por ver o valor da parcela negociado junto ao banco caber no orçamento (46%).

Um terço dos usuários teve cartão bloqueado por atraso na fatura

Um terço (33%) dos consumidores que usaram o cartão de crédito nos últimos 12 meses teve o cartão bloqueado pelo atraso no pagamento da fatura. Ainda de acordo com a pesquisa do SPC, quase metade dos entrevistados (48%) já ficaram com o nome sujo devido à inadimplência no cartão.

Um em cada cinco usuários do cartão de crédito utiliza o meio de pagamento como extensão da própria renda, ou seja, continua comprando quando o salário acaba e adia o pagamento. Ao utilizar o cartão de crédito como renda complementar, muitos se perdem no controle dos gastos e compram além do que conseguem pagar quando a fatura chega, como alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

O levantamento também mostra que quatro em cada dez consumidores já deixaram de fazer compras em estabelecimentos por não aceitarem essa forma de pagamento. Além disso, mais da metade dos gastos realizados com cartão de crédito são para comprar roupas, calçados e acessórios.

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