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Não aguento mais trabalhar; quando poderei me aposentar?

Internauta tem 43 anos e questiona como avaliar quando poderá se aposentar - ou ao menos reduzir o ritmo acelerado da rotina. Veja a resposta de Fernando Meibak


	Mulher nervosa: Para reduzir o ritmo é preciso ter bastante dinheiro guardado
 (Dreamstime.com)

Mulher nervosa: Para reduzir o ritmo é preciso ter bastante dinheiro guardado (Dreamstime.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2014 às 09h00.

Dúvida do internauta: Tenho 43 anos de idade, sou solteira e não tenho filhos. Quando saberei que posso parar de trabalhar por já ter poupado o suficiente? Ou quando poderei ao menos reduzir o ritmo acelerado do dia a dia? Claro que a intenção é manter o padrão de vida atual na aposentadoria.

Moro em uma casa própria, tenho um carro do ano passado e praticamente não tenho tempo livre para nada. Trabalho cerca de dez horas por dia no escritório, demoro uma hora para me deslocar e passo quase duas horas na academia. Quando me sobra tempo, eu durmo (e ainda menos do que eu gostaria).

Resposta de Fernando Meibak*:

Você descreve ter uma atividade intensa, o que é muito positivo, por um lado. Com 43 anos, solteira, com moradia própria (presumo que já paga) e um ritmo forte de trabalho você comenta que gostaria de ter um ritmo de vida menos acelerado e pergunta quando seria viável diminuir o ritmo em função de já ter poupado recursos suficientes.

O balanço da vida pessoal e vida profissional é sempre muito importante. Há aqueles que defendem que é preciso ter um grande volume de trabalho, com sacrifício da vida pessoal, visando uma acumulação financeira mais rápida, para melhor aproveitamento mais adiante.

Mas há aqueles que defendem manter uma melhor qualidade de vida, com dedicação "normal" ao trabalho, para ter tempo para se dedicar a outras atividades (viajar, ir ao cinema, ler, ver shows, se dedicar a algum hobby, etc.).

É uma escolha muito pessoal, mas me alinho mais com o segundo grupo e vejo que talvez você esteja mais próxima ao primeiro grupo.

O fato de você não ter família, um parceiro e filhos, dá a você uma condição de disponibilidade de tempo e ausência de gastos financeiros relevantes. Provavelmente você tem um custo de vida controlado, até pela limitação de atividades que você descreveu.

Você ainda é relativamente muito jovem e terá capacidade de trabalhar até uma idade bem mais avançada. Como pretende diminuir o ritmo, o importante é você avaliar algumas coisas.

A primeira delas: qual será seu custo de vida a partir de uma idade na qual você não pretende ou não consigará mais trabalhar. Gosto de assumir os 60 anos como parâmetro. Outro ponto importante é estimar uma idade de longevidade. Gosto de assumir os 90 anos como idade mínima. 

Dito isso, seria possível calcular qual o montante de recursos que seria necessário aos 60 anos para fazer frente aos gastos estimados.

A seguir, destaquei alguns números indicativos, segundo premissas conservadoras de inflação e juros:

a) Para um padrão de gastos de 5 mil reais mensais, você precisaria ter uma reserva de cerca de 1,2 milhão de reais aos 60 anos.

b) Para um padrão de gastos de 10 mil reais mensais, você precisaria ter uma reserva de cerca de 2,4 milhões de reais aos 60 anos.

Como você tem 43 anos e está a 17 anos dos seus 60 anos, para avaliar quanto você deve poupar hoje, eu calculei qual quantia hoje equivaleria a 1,2 milhão de reais daqui a 17 anos (para renda de 5 mil reais mensais), considerando que esse valor fosse investido e gerasse um rendimento suficiente para cobrir a inflação anual e ainda sobrar um rendimento real de 3% ao ano (já descontado o imposto de renda que incidiria sobre o rendimento). 

a) Para ter 1,2 milhão de reais aos 60 anos, você deve ter aproximadamente726 mil reais hoje. 

b) Para  ter 2,4 milhões de reais aos 60 anos, você deve ter aproximadamente1.452.000 reais hoje.

Agora vamos interpretar os dados. A situação "a" mostra que se você tiver 726 mil reais hoje você poderá reduzir o ritmo de trabalho porque se essa quantia for investida e tiver  um rendimento real (acima da inflação) de 3% ao ano, você terá aproximadamente 1,2 milhão de reais aos 60 anos, já descontado o imposto de renda.

Vale ressaltar que aqui estamos falando apenas do valor que você deve ter para a aposentadoria. Além disso, obviamente, você precisará ter uma outra fonte para manter seus gastos entre os 43 anos e os 60 anos, para que os 726 mil reais iniciais sejam apenas investidos para a aposentadoria.  

Essa remuneração de 3% ao ano acima da inflação pode ser encontrada, por exemplo, nos títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B). As NTN-Bs disponíveis para venda atualmente estão oferecendo rendimentos de cerca de 6% ao ano, mais a variação da inflação, medida pelo IPCA.

Assim, você pode avaliar como está sua situação atual. Se tiver menos recursos do que o estimado, terá que poupar. Se já tiver o volume indicado, você poderá investi-lo e utilizar o excedente para outras coisas e curtir mais a vida, com menos trabalho.

Veja no vídeo a seguir qual o melhor título do Tesouro Direto para a aposentadoria:

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* Fernando Meibak é sócio da consultoria Moneyplan, ex-diretor de gestão de investimentos do ABN-Amro Real e HSBC Brasil e autor do livro “O Futuro Irá Chegar! Você Está Preparado Financeiramente para Viver até os 90 ou 100 Anos?”.

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