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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A poucas semanas de realizar a sua abertura de capital, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tem pela frente uma briga judicial com Naji Nahas. O investidor entrou com uma ação contra a Bovespa e a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) para pedir uma indenização de 10 bilhões de reais. No final dos anos 80, Nahas era um dos maiores investidores de ações do país. Em junho de 1989, deixou de honrar financiamentos tomados para comprar papéis e desencadeou a crise no mercado de ações brasileiro que arrasou com a bolsa carioca. Na ação protocolada na Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nesta terça-feira (2/10), o advogado Sergio Tostes, da Tostes e Associados, pede a condenação da Bovespa e da BVRJ por terem confiscado a parte da carteira de ações de Nahas que, segundo ele, estava custodiada nas duas bolsas e não era usada como garantia dos financiamentos.
Nahas diz que possuía 5 milhões de ações da Vale do Rio Doce, 4 milhões de ações da Petrobras, além de papéis de empresas como White Martins e Suzano, que totalizavam 300 milhões de cruzados novos (na época, o equivalente a 225 milhões de dólares). "A Vale e a Petrobras estavam com preço baixo e, por isso, comecei a comprar", diz Nahas. A ação também pede a condenação da Bovespa porque Eduardo da Rocha Azevedo, então presidente da bolsa, teria pressionado bancos que financiavam Nahas para que cortassem o seu crédito. "Isso não vai dar em nada. E, se Nahas falar no meu nome, processo ele", diz Rocha Azevedo. O advogado Paulo Aragão, que cuida do IPO da Bovespa, previsto para novembro, faz outra leitura: "O momento que ele escolheu para fazer isso, após quase 20 anos, mostra que o objetivo é pouco legítimo."
A nota será publicada na próxima edição de EXAME que chega às bancas na quinta-feira, dia 4 de outubro.