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Minoritários não devem aderir a aumento de capital da Braskem

São Paulo - No dia em que se encerra o prazo para que os acionistas minoritários da Braskem aceitem aderir ao aumento de capital proposto, a própria companhia assume que a adesão será baixa, visto que o preço proposto pela petroquímica é superior ao atualmente negociado no mercado de capitais. Se todos os minoritários aderissem […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

São Paulo - No dia em que se encerra o prazo para que os acionistas minoritários da Braskem aceitem aderir ao aumento de capital proposto, a própria companhia assume que a adesão será baixa, visto que o preço proposto pela petroquímica é superior ao atualmente negociado no mercado de capitais.

Se todos os minoritários aderissem à proposta, a Braskem teria seu capital acrescido em 750 milhões de reais, número que, pelo menos no curto prazo, não representará um grande problema para o caixa da companhia, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Carlos Fadigas.

Na ocasião da compra da Quattor pela Braskem, a companhia afirmou que a Odebrecht se comprometia em aderir ao aumento de capital com 1 bilhão de reais, enquanto a Petrobras se disporia a pagar 2,5 bilhão de reais. O BNDES, por sua vez, poderia pagar algo entre 240 e 250 milhões de reais.

"A previsão de aumento de capital com a adesão dos minoritários era de 4,5 bilhão de reais. Se conseguirmos os 3,75 bilhões de reais o cenário não muda muito", disse Fadigas em entrevista à Reuters, sem fazer uma estimativa precisa sobre a taxa de adesão. "Espero adesão pequena (dos minoritários)... Isso não muda a saúde financeira da empresa", acrescentou.

De acordo com ele, a pouca adesão dos minoritários pode ser explicada pelo fato de que estes investidores podem elevar ou manter posição na Braskem comprando ações no mercado. Na última quinta-feira, os papéis da empresa fecharam cotados a 13,10 reais, valor 9 por cento inferior aos 14,40 reais propostos pela companhia. Esse valor, por sua vez, resulta da média das cotações nos 15 dias anteriores ao anúncio da compra da Quattor, em 22 de janeiro.

Se houvesse a adesão total dos minoritários, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Braskem seria de 3,3 vezes, contra 2,7 vezes ao final do quarto trimestre de 2009. Com a baixa adesão, a previsão é que a relação fique em 3,5 vezes.

"Quanto maior este número, mais o mercado fica preocupado. Entretanto, este número tende a cair", diz Fadigas.

Entre os fatores que deverão fazer o indicador recuar estão o ganho de sinergias por conta da aquisição da Quattor, com resultados visíveis já a partir de maio. Além disso, duas plantas da Quattor estão operando com até 70 por cento da capacidade: o objetivo é chegar a 100 por cento.


O cenário de alta demanda para o mercado brasileiro de resinas também deve favorecer a queda da alavancagem, diz o diretor financeiro. Também beneficia a companhia o fato de que o primeiro trimestre de 2009 foi ruim para a companhia e para o mercado em geral.

Após a conclusão da compra tanto da Quattor quanto da norte-americana Sunoco e do aumento de capital, sem se levar em conta a adesão dos minoritários, a dívida líquida da companhia chega a 10,8 bilhão de reais.

Com a pouca adesão dos minoritários as controladoras da Braskem se fortalecem na companhia. Com o montante disponibilizado por Odebrecht e Petrobras, as participações no capital total passam a ser de 38 por cento e 36 por cento, respectivamente. Atualmente, a Odebrecht tem 38,4 por cento, enquanto a estatal tem 25,4 por cento.

ALAVANCAGEM PREOCUPA MERCADO

Mesmo diante da afirmação de que a alavancagem não deve subir muito com a baixa adesão dos minoritários, o mercado vê a questão com cautela.

"Uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 3,5 vezes faz acender a luz amarela", diz o analista Erick Wood, da SLW Corretora, que acredita que o "ideal" seria uma relação de, no máximo, três vezes. "E é justamente a questão da alavancagem que está atrapalhando o desempenho das ações e as mantendo longe do patamar proposto pela companhia no aumento de capital", diz o analista.

"Entretanto, após o aumento de capital o mercado irá digerir as notícias e as ações voltarão a subir", acredita.

Para Nelson Rodrigues de Matos, analista do setor petroquímico do BB Investimentos, a Braskem possui uma tradição positiva em administrar a sua dívida, algo que deverá se repetir com as recentes aquisições.

"A Quattor estava muito endividada, e certamente a Unipar, antiga controladora, não tinha condições tão boas como a Braskem. No curto prazo, a dívida pode prejudicar as ações da Braskem, mas ao longo do ano veremos melhoras, principalmente nos indicadores de dívida."

As ações da Braskem operavam em queda de 0,76 por cento, cotadas a 13 reais, perto do final dos negócios, nesta segunda-feira. Enquanto isso, o Ibovespa exibia valorização de 0,3 por cento.


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