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Microcrédito para Heliópolis

Neste fim de ano, a Mercearia Tio João está investindo em produtos infantis e em brinquedos. "Vendem muito, não param na prateleira", diz João Pereira de Andrade, de 45 anos, dono da mercearia. Nascido no Ceará, Andrade vive há oito anos em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, onde toca seu negócio. Em poucos […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Neste fim de ano, a Mercearia Tio João está investindo em produtos infantis e em brinquedos. "Vendem muito, não param na prateleira", diz João Pereira de Andrade, de 45 anos, dono da mercearia. Nascido no Ceará, Andrade vive há oito anos em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, onde toca seu negócio. Em poucos meses, conseguiu fazer seu faturamento crescer de 4 200 reais para cerca de 7 000 graças a dois empréstimos de 500 reais. Um deles foi obtido na recém-criada Real Microcrédito, empresa do Banco Real.

O microcrédito, que consiste em financiar pequenos empreendedores, é ainda pouco explorado no Brasil. "À maioria dos bancos faltam foco e instrumentos adequados para lidar com esse público", diz Boanerges Ramos Freire, diretor da Partner Consultoria. "É preciso trabalhar com custos muito baixos." A iniciativa do Real foi tomada em parceria com a ONG americana Acción Internacional, especializada em microcrédito, que detém 20% da nova empresa. A rede da Acción atende 600 000 microempresários em 20 países da América Latina e da África.

"Esse projeto faz parte de nossa missão de gerar valor para a comunidade", diz Maria Luiza de Oliveira Pinto, diretora de responsabilidade social do Banco Real. "Mas é um negócio e, como tal, tem de dar lucro para crescer e se firmar." Até o início de dezembro, a Real Microcrédito já tinha fechado 63 contratos, com empréstimos que vão de 300 a 7 000 reais. Para conseguir um empréstimo, o empreendedor precisa ter um avalista e estar com a empresa aberta há mais de um ano. Cerca de 11 agentes, alguns deles membros da própria comunidade, circulam por Heliópolis para encontrar clientes. "Eles também têm o papel de consultores e discutem os melhores usos para o dinheiro", diz Maria Luiza. O Banco Real escolheu inaugurar o projeto em Heliópolis porque já atuava lá havia quatro anos, com o Instituto Escola Brasil, voltado para a educação.

A Real Microcrédito pretende continuar somente em Heliópolis até março de 2003. Depois, quer ir para outras regiões de São Paulo e, numa fase posterior, para outros estados. Andrade, o dono da mercearia, vai quitar seus dois empréstimos em janeiro próximo (o outro foi adquirido com o Banco do Brasil). Se precisar de mais capital, pretende recorrer à Real Microcrédito. O principal motivo, segundo ele, é a facilidade em conseguir crédito. "Os juros do Real são um pouco mais altos, mas eles não fazem muitas perguntas", afirma Andrade. "Meu negócio é chegar, assinar e pegar o dinheiro. Não gosto de ficar pedindo ajuda."

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