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Metade dos fundos de shopping suspendeu remuneração aos cotistas

Em março, o valor de mercado chegou a ser 25% menor do que o valor patrimonial dos fundos imobiliários, atingindo 70 bilhões de reais em determinados dias

Shopping Pátio Higienópolis: fundo imobiliário que tem o ativo em carteira não alterou a remuneração aos cotistas (Divulgação/Divulgação)

Shopping Pátio Higienópolis: fundo imobiliário que tem o ativo em carteira não alterou a remuneração aos cotistas (Divulgação/Divulgação)

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Natália Flach

Publicado em 25 de abril de 2020 às 08h55.

Última atualização em 25 de abril de 2020 às 08h55.

A flexibilização do distanciamento social permitiu que muitos brasileiros voltassem a circular pelos shoppings nessa semana. O regresso dos consumidores aos corredores de vitrines pode representar um alívio não apenas para o caixa dos lojistas, mas também para o dos fundos imobiliários (FIIs). Nas últimas semanas, 10 dos 20 FIIs que investem em shoppings anunciaram mudanças na remuneração dos cotistas. Em muitos casos, isso significa a suspensão da distribuição de rendimentos do fundo até que a situação seja normalizada.

"No primeiro momento, os fundos de shoppings devem ser os mais impactados", disse Alessandro Vedrossi, sócio responsável pela área imobiliária da Valora Investimentos, que tem cerca de 600 milhões de reais em ativos imobiliários sob gestão, durante transmissão pela internet promovida pela Guide Investimentos. "Também me preocupa a possível renegociação de contratos de aluguel de escritórios, que potencialmente impactam fundos de tijolos, e de galpões. Vejo o mercado residencial como o último a ser impactado, mas que pode ter seus efeitos mais pulverizados ao longo do tempo", acrescentou.

No ano, a trajetória do índice de fundos de investimento imobiliário (IFIX) - que agrupa 107 fundos negociados na bolsa - dá pistas de que os investidores levaram um grande susto com o avanço da pandemia do novo coronavírus, o que acabou penalizando o valor das cotas. O Ifix vinha sendo negociado com pequenas variações para cima e para baixo até o dia 10 de março, quando teve início uma queda abrupta. Em 18 de março, o indicador atingiu o patamar mais baixo do 2020, com uma retração acumulada de 57%. Desde então, pouco a pouco o índice tem recuperado a sua pontuação, apesar de ainda ser negociado com desconto de 19%.

Segundo Carlos Ferrari, sócio do escritório NFA Associados, especializado em todas as etapas do negócio imobiliário, o valor patrimonial dos shoppings (os ativos) dos fundos não caiu como o valor das cotas. "Mesmo que o fechamento das portas dure seis meses, esse período é imaterial frente aos 40 anos dos imóveis", afirma. "Quando o valor patrimonial supera o valor de mercado, como no caso, vejo como oportunidade de investimento", acrescenta.

Em janeiro, quando as cotas dos FIIs atingiram seu ponto mais alto, o valor de mercado dos fundos alcançou 107 bilhões de reais ante 90 bilhões de reais de valor patrimonial. "Em março, o valor de mercado chegou a ficar 25% abaixo do valor patrimonial, atingindo em determinados dias 70 bilhões de reais", diz Ferrari. Os números consolidados referentes a abril só serão divulgados em maio pela B3.

"Para quem pensa em investir em imóveis, é melhor comprar um fundo imobiliário”, diz Michael Viriato Araújo, doutor em otimização de carteiras de investimentos pela Universidade de São Paulo e sócio da Casa do Investidor, em entrevista da matéria da revista EXAME desta quinzena. 

É bom lembrar, no entanto, que se trata de um investimento que tem em sua natureza risco - afinal, é um ativo de renda variável - e pressupõe volatilidade. Por isso, antes de tomar qualquer decisão de investimento, o investidor precisa entender o seu perfil (se é mais moderado, conservador ou arrojado) e investir com base nisso.

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