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Maquiagem de preço é o grande risco da Black Friday

No ano passado, 30% das queixas registradas em relação à Black Friday foram de maquiagem de preços

Black Friday: maquiagem de preços diminuiu ao longo dos últimos anos, mas deve voltar a subir (Getty Images)

Black Friday: maquiagem de preços diminuiu ao longo dos últimos anos, mas deve voltar a subir (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 08h44.

São Paulo - Os órgãos de defesa do consumidor vêm alertando que, este ano, a atenção às promoções na Black Friday, a megaliquidação marcada para sexta-feira, 25, deve ser redobrada.

A avaliação é que, com a dificuldade de vendas enfrentada pelos varejistas, houve uma avalanche de promoções que começaram já no mês passado, o que torna mais frágeis as referências de preço dos produtos e abre mais espaço para maquiagem.

Na terça-feira, 22, o site ReclameAqui já detectou alguns produtos que tiveram uma majoração de preços significativa antes da liquidação. O preço de um fogão de seis bocas, por exemplo, subiu R$ 444 em um dia.

Na Black Friday do ano passado, essa prática de maquiagem de preço, que consiste em aumentar para depois dar desconto, representou 30% das queixas recebidas pela Fundação Procon de São Paulo, diz a supervisora de Atendimento, Márcia Christina Oliveira.

Esse índice de maquiagem de preço foi muito alto no começo, quando a megaliquidação chegou a ser apelidada de "Black Fraude". A prática da maquiagem de preço veio perdendo força ano a ano, mas agora, na sétima edição do evento, pode voltar a crescer, alerta Márcia.

Essa opinião é compartilhada pela economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim. "A maquiagem de preço ainda é uma preocupação", ressalta. A publicidade enganosa de produtos que, na prática, não estão em promoção é, na avaliação da economista, o principal cuidado a ser tomado.

Márcia aponta a crise atual da economia brasileira como um dos fatores que podem incentivar essa prática de maquiagem de preço. "Os lojistas querem tirar o atraso nas vendas e podem iludir o consumidor."

Outro fator que embaralha o cenário e pode abrir espaço para maquiagem de preço é o fato de as campanhas sob a chancela Black Friday terem começado mais cedo.

"Ao longo deste mês, já vimos várias campanhas anunciando preço que já são menores do que os da Black Friday e outras dizendo que já estavam com preços de Black Friday antes da data", diz a supervisora do Procon-SP. Ela acredita que as campanhas antecipadas podem confundir o consumidor.

Saídas

A principal saída para evitar esse problema, segundo os órgãos de defesa do consumidor, é mesmo pesquisar preços. A recomendação ao consumidor é que ele próprio faça a sua pesquisa nas lojas físicas, nos sites das lojas virtuais ou em sites especializados em busca de preços.

Desde setembro, uma equipe de fiscais do Procon-SP já monitora uma lista de produtos, entre eletroeletrônicos, celulares e eletrodomésticos, nos sites das lojas virtuais dos principais varejistas para detectar falsas promoções.

Nesta quinta e sexta-feira, os fiscais do órgão vão percorrer lojas de rua, shoppings, supermercados e hipermercados para detectar as fraudes.

A Proteste, associação de consumidores, está acompanhando os preços de cerca de 100 produtos entre eletrodomésticos, eletrônicos e smartphones. Nesta sexta-feira, dia da megaliquidação, vai coletar os preços desses itens a partir das 7 horas da manhã e publicar as principais ofertas desses produtos em seu site e na sua página do Facebook.

Além do risco da maquiagem de preço, Márcia, do Procon-SP, alerta para o problemas de sites falsos. Ela recomenda que o consumidor nunca entre no site da loja por meio do link enviado por e-mail da promoção. "Existem muitas empresas fraudulentas", diz.

A recomendação é verificar se a loja está na lista de não recomendadas no site do Procon-SP e se tem o selo de boa reputação dado pela Câmara de Comércio Eletrônico e pelo site ReclameAqui.

O que fazer para não cair em armadilhas

Evite compra por impulso - Faça uma lista com produtos e serviços que realmente necessita.

Pesquise preço - Além de fazer a própria pesquisa, sites, como Zoom e Baixo, acompanham os preços dos produtos. O Proteste vai divulgar no dia 25 uma lista com os preços monitorados. O site ReclameAqui vai monitorar os preços e comparar ofertas.

Documente as ofertas - Imprima as páginas do anúncio com as características da mercadoria nas compras pela internet.

De olho no frete - Considere o valor do frete nas compras pela internet.

Desconfie do desconto - Se a empresa prometeu abatimento, a oferta deve ser cumprida como foi veiculada.

Reputação da loja - Verifique se a loja está na lista de não recomendadas no site da Fundação Procon-SP e se tem o selo de boa reputação dado pela Câmara de Comércio Eletrônico e do ReclameAqui.

Estoque - Verifique se há o produto no estoque e, no caso de estar fora de linha, se há peça de reposição.

Pagamento seguro - Prefira lojas que aceitem pagamento por meio de plataformas eletrônicas nas quais o número do cartão não é informado diretamente ao varejista.

Código de Defesa do Consumidor - As regras do código valem para a Black Friday: 30 dias de prazo para reclamações sobre problemas aparentes para itens não duráveis e 90 dias para itens duráveis.

Ajuda - O Procon-SP vai atender às reclamações pelo telefone 151 a partir do dia 24 até às 2 horas do dia 25, retornando das 6 horas do dia 25 até às 22 horas; atendimento eletrônico na página do Facebook e no Twiter do Procon-SP nos dias 25 e 26; hashtag especial #ProconSPdeolhonaBlackFriday para denunciar problemas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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