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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
O banco de investimentos Lehman Brothers é o novo alvo das especulações do mercado, após a bancarrota do Bear Stearns. Por volta das 11 horas desta segunda-feira (17/3), suas ações despencavam 12,6% na Bolsa de Valores de Nova York, sendo negociadas a 34,30 dólares por papel. O que motiva a queda são as dúvidas quanto à capacidade de o Lehman Brothers resistir a um ataque especulativo, como o que quebrou o concorrente na última semana, com os investidores exigindo em massa o resgate de suas aplicações. Para conter o pânico, o presidente executivo do banco, Richard Fuld, afirmou que as medidas de apoio anunciadas pelo banco central americano (Federal Reserve), neste fim de semana, são suficientes para dirimir qualquer incerteza quanto à liquidez da instituição.
Segundo Fuld, foram positivas a criação de uma linha de crédito facilitada do Fed para os grandes operadores do mercado financeiro, e a permissão de que as instituições usem, como garantia para as transações, um maior número de títulos com grau de investimento. "Do meu ponto-de-vista, as medidas encerram a discussão sobre a liquidez da indústria de fundos como um todo", afirmou Fuld em nota à imprensa nesta segunda-feira.
As declarações de Fuld são uma tentativa de evitar que o Lehman Brothers siga o mesmo caminho do Bear Stearns. Na sexta-feira (14/3), o Bear Stearns reconheceu que sofria problemas de liquidez. A notícia abalou a confiança dos investidores, derreteu suas ações na bolsa de valores, e detonou a venda do banco para o JP Morgan na noite de domingo (16/3) por um valor simbólico de 2 dólares por ação - 90% menos do que valiam na semana passada.
Liquidez
A carteira de títulos do Lehman Brothers é a mais líquida entre os cinco maiores bancos de investimento dos Estados Unidos, de acordo com analistas. Seus recursos são compostos por dinheiro em espécie, títulos monetários, títulos privados e ações que podem ser vendidos bastante rápido, de acordo com relatório da Sanford C. Bernstein & Co.
No total, a carteira do Lehman Brothers atingiria 98 bilhões de dólares. Para se ter uma idéia, o Bear Stearns detinha 17 bilhões de dólares em investimentos no final do quarto trimestre. Os papéis direta ou indiretamente vinculados às hipotecas americanas - epicentro do terremoto que sacode Wall Street desde meados do ano passado - respondem por 29% da carteira do banco. O Bear Stearns, por exemplo, detinha 33% de papéis nessa situação.
Os títulos com elevada liquidez somam um valor cinco vezes maior que o patrimônio líquido do Lehman Brothers, o que também daria ao banco uma posição mais confortável. Como comparação, o Merrill Lynch, maior banco de investimentos do mundo, possui uma proporção de três vezes, a mesma do Morgan Stanley.
Na contramão da tentativa de Fuld de acalmar os ânimos, o mercado emite sinais contraditórios sobre o banco. Uma das maiores instituições financeiras da Ásia, o DBS Holdings, de Singapura, chegou a recomendar a seus clientes que não realizassem operações com o Lehman Brothers. Ao mesmo tempo, o UBS rebaixou a recomendação das ações do banco de "compra" para "neutro".
Mesmo a melhor notícia para o banco - a manutenção de sua nota de risco em A1 pela Moody';s - foi encarada como uma meia-vitória. Isto porque a agência de análise rebaixou a perspectiva de revisão da nota de "positivo" para "estável", diante da turbulência do mercado mundial.