Investimentos: Busca de investidores por LCIs e LCAs, isentas de Imposto de Renda, cresce (Gearstd/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 24 de maio de 2018 às 05h00.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 10h34.
São Paulo - Quem busca investimentos com rentabilidade acima da poupança, mas não está disposto a correr mais risco, pode encontrar refúgio nas Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Com a recuperação do crescimento da economia, alguns bancos médios voltaram a colocar esses papéis no mercado.
Para aplicações de até um ano, as instituições oferecem retornos de até 100% do CDI, uma taxa próxima da Selic, referência para os juros da economia, atualmente em 6,50% ao ano. Nada mal ao comparar com a poupança, que atualmente paga 70% da Selic, ou com outros investimentos de baixo risco que cobram Imposto de Renda, como títulos do Tesouro Direto e CDBs.
As LCIs e LCAs são isentas de Imposto de Renda, o que possibilita conseguir rentabilidades mais altas, e são cobertas pelo Fundo Grantidor de Crédito (FGC), que cobre até 250 mil reais por CPF se o banco quebrar. Elas são investimentos de renda fixa, ou seja, o investidor consegue prever sua forma de remuneração no momento em que aplica o dinheiro.
Depois de terem roubado a cena em 2015, as LCIs e LCAs ficaram escassas no mercado. Esses papéis são emitidos por bancos para financiar o setor imobiliário e o agronegócio. Com a crise econômica, os bancos restringiram o crédito e a oferta desses investimentos caiu.
Agora, ocorre um movimento contrário. Lentamente, as LCIs e LCAs voltam a ter lastro em algumas instituições financeiras. Entre janeiro e maio deste ano, a oferta de LCIs e LCAs aumentou 14% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o buscador de investimentos Yubb. No mesmo movimento, as buscas por esses papéis saltaram 44%.
No entanto, as emissões ainda não deslancharam. Atualmente, há um estoque de 171 bilhões de reais em LCIs emitidas, mas esse volume, há um ano, era de 182 bilhões de reais. Já o estoque de LCAs emitidas é de 57 bilhões de reais atualmente, enquanto era de 61 bilhões de reais há um ano.
“Houve um relativo aumento de lastro de LCIs e LCAs a partir do segundo semestre, para repor os estoques anteriores, mas a retomada ainda não acontece em uma velocidade muito grande e depende de um cenário de normalidade política” explica o executivo do grupo Ourinvest Nelson Campos. O banco espera que a sua emissão de LCIs seja 35% maior este ano em relação ao ano passado.
Para a emissão de LCIs e LCAs ganhar impulso, as definições de política econômica após as eleições serão cruciais, segundo o superintendente de captação do banco Daycoval, Maurício Giarrante. “O mercado ainda tem muitas dúvidas nebulosas. Isso faz com que as empresas segurem seus investimentos e os bancos segurem suas captações”, diz.
No longo prazo, a tendência é que as emissões de LCIs e LCAs voltem a crescer, especialmente em um cenário de juros na mínima histórica. “A baixa dos juros tira o mercado imobiliário do vale onde estava, incentiva os investimentos e faz o lastro voltar a aparecer”, lembra o diretor de investimentos do banco Inter, Ricardo Couto.
Para ele, a demanda por LCIs e LCAs também tende a seguir alta enquanto esses papéis continuarem isentos de Imposto de Renda e a renda fixa seguir com a mesma rentabilidade real, já que os juros caíram, mas a inflação também.
Apesar de serem investimentos de baixo risco, as LCIs e LCAs não são para todo mundo. Por uma determinação do Banco Central, esses papéis têm prazo mínimo de 90 dias, ou seja, o investidor não pode resgatar seu dinheiro por, no mínimo, esse período.
“Essas aplicações não têm liquidez imediata. Por isso, não servem para manter uma reserva de emergência”, explica o planejador financeiro Marcelo Lara Nogueira, certificado pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).
Além disso, em geral, quanto maior a rentabilidade oferecida, maior o risco do banco emissor. Apesar desses investimentos estarem cobertos pelo FGC, o investidor deve saber que o risco de crédito é maior ao investir em um banco menor.
Para saber se uma LCI ou LCA paga bem, o investidor deve comparar a rentabilidade oferecida com o retorno bruto, descontando Imposto de Renda, de um CDB ou de uma LC com o mesmo prazo de vencimento.
O buscador de investimentos Yubb levantou as LCIs e LCAs com as melhores rentabilidades do mercado, a pedido do site Exame. O levantamento considerou os papéis oferecidos por plataformas online de investimento em 22 de maio, conforme o prazo de investimento.
Emissor | Tipo de investimento | Rentabilidade | Equivalência a um CDB | Investimento mínimo (R$) |
---|---|---|---|---|
BTG Pactual | LCI | 6,4% ao ano | ~124,06% do CDI | 1.000,00 |
Daycoval | LCI | 100% do CDI | ~124,06% do CDI | 1.000,00 |
Pan | LCI | 97% do CDI | ~120,37% do CDI | 1.000,00 |
Pine | LCA | 97% do CDI | ~120,37% do CDI | 5.000,00 |
Daycoval | LCA | 6,25% ao ano | ~121,17% do CDI | 1.000,00 |
Emissor | Tipo de investimento | Rentabilidade | Equivalência a um CDB | Investimento mínimo (R$) |
---|---|---|---|---|
BTG Pactual | LCI | 7,60% ao ano | ~138,01% do CDI | 1.000,00 |
Daycoval | LCI | 7,45% ao ano | ~135,31% do CDI | 1.000,00 |
Daycoval | LCA | 7,45% ao ano | ~135,31% do CDI | 1.000,00 |
Pan | LCI | 99% do CDI | ~115,28% do CDI | 1.000,00 |
Indusval | LCA | 96% do CDI | ~111,82% do CDI | 10.000,00 |
Emissor | Tipo de investimento | Rentabilidade | Investimento mínimo (R$) |
---|---|---|---|
Inter | LCI | IPCA + 4,25% | 500,00 |
Barigui Financeira | LCI | IPCA + 4,1% | 1.000,00 |
Pan | LCI | 101,00% do CDI | 1.000,00 |
BTG Pactual | LCI | 99% do CDI | 1.000,00 |
ABC | LCA | 96% do CDI | 1.000,00 |
Emissor | Tipo de investimento | Rentabilidade | Investimento mínimo (R$) |
---|---|---|---|
Inter | LCI | IPCA + 4,5% | 500,00 |
Barigui Financeira | LCI | IPCA + 4,35% | 1.000,00 |
BTG Pactual | LCI | 99,5% do CDI | 1.000,00 |
Barigui Financeira | LCI | IGP-M + 4,6% | 1.000,00 |