Carro e moedas: taxas de juros partem de 0,89% ao mês (joruba/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 21 de maio de 2018 às 05h00.
Última atualização em 22 de maio de 2018 às 16h08.
São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou o ciclo de corte de juros nesta quarta-feira (16). Em seu menor patamar histórico, 6,5% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) mais baixa pode tornar o financiamento do carro mais atrativo.
Os números de financiamentos reforçam a volta de um apetite tanto de bancos como de consumidores por essas operações. Entre os automóveis leves, o financiamento de unidades zero quilômetro registrou um crescimento de 43,4% em março deste ano em relação a abril de 2017.
Em relação aos leves usados, as vendas a crédito também registraram alta na mesma base de comparação, com avanço de de 23,2%, somando 263 mil unidades em março.
O levantamento é da B3, que opera a base integrada de informações que reúne o cadastro de veículos dados como garantia em operações de crédito no país.
Procurados, os grandes bancos dizem que baixaram as taxas proporcionalmente à queda da Selic desde o início do ciclo de corte, há pouco mais de um ano. As instituições financeiras, contudo, não detalham o quanto essas taxas caíram.
Uma exceção é o Itaú, onde as taxas variam de 0,89% a 2,90%, de acordo com o perfil e relacionamento do cliente com o banco. Rodnei Bernardino de Souza, diretor do banco, conta que a taxa mínima superava o valor de 1,40% no início do ciclo de corte da Selic. "Estamos com um apetite gigante na linha porque, além de a Selic ter despencado, a inadimplência e a inflação diminuíram, o que deixa mais espaço no orçamento do investidor".
Bernardino ressalta, contudo, que o banco não pretende voltar a oferecer as características de crédito que oferecia em 2012 na modalidad. "Naquela época, ele era muito longo e para automóveis muito antigos. Buscamos uma carteira de crédito com menor risco e mais sustentável agora", conta o executivo.
Atualmente, o prazo médio das operações no Itaú gira em torno de 41 meses e o percentual médio de entrada exigido é de 39% do valor do bem. Conforme o perfil do cliente, o tempo do empréstimo pode variar entre 24 meses e 48 meses, enquanto a entrada mínima exigida pode ser equivalente a 20% do valor do carro.
O banco pretende ampliar parcerias com montadoras para oferecer condições melhores aos clientes. "Nessas parcerias, a montadora ajuda a subsidiar a taxa de juros cobrada, que pode chegar a zero", diz o executivo.
O Bradesco também está operando com taxas a partir de 0,89% ao mês, considerando o relacionamento do cliente, valor de entrada e prazo da operação. Para veículos zero quilômetro, financia até 100% do valor do bem. Para veículos com até 12 anos de fabricação, até 80% do valor. O financiamento no banco pode ser estendido por até 60 meses, com pagamento da 1ª parcela em até 62 dias.
No Banco do Brasil, as taxas de juros na linha, quando contratada pelo celular, partem de 0,93% para veículos novos e seminovos. É possível financiar até 100% do valor do carro, com carência de até 180 dias para pagar a primeira parcela e prazo de financiamento de até 60 meses.
Procurado, o Santander não quis se pronunciar sobre taxas. Mas, em março, o banco chegou a anunciar que havia reduzido sua taxa mínima para financiamento de veículos de 0,97% para 0,95% ao mês.
A Caixa também não divulgou as condições que oferece na modalidade.
Veja abaixo as condições oferecidas para a compra do carro nos grandes bancos:
Banco | Juros (%) a.m | Prazo de financiamento | Valor fnanciado |
---|---|---|---|
Itaú | A partir de 0,89% | 24 a 48 meses | Até 80% |
Bradesco | A partir de 0,89% | Até 60 meses | Até 100% |
BB | A partir de 0,93% | Até 60 meses | Até 100% |
Santander | A partir de 0,95% | Não divulgou | Não divulgou |
Veja agora as taxas de juros médias cobradas por bancos de montadoras e grandes bancos de varejo, segundo dados do Banco Central referentes ao período de 27 de abril a 4 de maio:
Banco/Financeira | Juros a.m (%) | Juros a.a (%) |
---|---|---|
Mercedes-Benz | 0,79 | 9,94 |
Renault | 0,96 | 12,15 |
Peugeot | 1 | 12,62 |
Chevrolet | 1,05 | 13,31 |
BMW | 1,23 | 15,8 |
Toyota | 1,29 | 16,66 |
Volkswagen | 1,29 | 16,69 |
Volvo | 1,36 | 17,63 |
Bradesco | 1,43 | 18,55 |
Itaú | 1,52 | 19,85 |
Safra | 1,54 | 20,06 |
Santander | 1,55 | 20,31 |
Banco do Brasil | 1,62 | 21,28 |
Porto Seguro | 1,66 | 21,85 |
Honda | 1,74 | 22,94 |
Caixa | 2,02 | 27,18 |
O financiamento de carro só vale para quem precisa do bem logo e não conseguiu juntar dinheiro suficiente para isso. Além disso, naturalmente, é necessário ter fôlego financeiro para arcar com as parcelas por um período longo, que varia entre dois e cinco anos.
Quanto mais alta a entrada, maior será as chances de obter um desconto e outros benefícios, e menor o custo com juros.
Alguns bancos tradicionais podem oferecer condições de financiamento mais atrativas do que bancos de montadoras. Contudo, é necessário ter disposição para encontrar, de fato, a melhor opção, já que a associação de consumidores Proteste verificou que o CET do financiamento pode mudar conforme a concessionária escolhida.
A Proteste também aconselha a não cair em algumas “ilusões”, como financiamentos com taxa zero. Apesar de chamativo, os custos da taxa podem ter sido transferidos para outra parte do financiamento. Por isso, é importante saber qual o custo total do financiamento, olhando o CET.
Geralmente, financiamentos com taxa zero exigem uma entrada superior aos demais, de cerca de 60% do valor do carro. O parcelamento do valor restante também costuma ser menor, em torno de 24 meses.