Minhas Finanças

Portabilidade do financiamento de imóvel rende economia de R$ 100 mil

Prestação também é reduzida. Veja as taxas cobradas e o quanto você pode economizar com a troca de banco

Financiamento imobiliário (Witthaya Prasongsin/Getty Images)

Financiamento imobiliário (Witthaya Prasongsin/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 8 de novembro de 2019 às 11h26.

São Paulo - Na semana passada a Caixa anunciou um corte agressivo de sua taxa de financiamento de imóveis mínima, de 0,75 ponto porcentual: os juros cobrados pelo banco na modalidade passou de 7,5% ao ano para 6,75% ao ano.

A concorrência, que já vinha reduzindo taxas com o incentivo do novo ciclo de queda da Selic, deve entrar ainda mais forte na disputa com a expectativa de novas quedas dos juros básicos, já em 5% ao ano.

Quem ganha nesse cenário é o mutuário, que poderá economizar valores expressivos levando o seu financiamento para um banco que cobra taxas menores.

De acordo com simulações feitas pelo Melhortaxa, comparador de financiamentos imobiliários, é possível economizar 100 mil reais no total de um contrato de 300 mil reais feito em 2018 com prazo de 30 anos.

Essa economia pode ser obtida a partir da mudança de uma taxa de 9,76% ao ano para 7,30% ao ano, valor médio cobrado atualmente pelos bancos. E o alívio pode ser imediato: o valor da prestação, nesse caso, diminui 682 reais, de 3.179,61 reais para 2.638,06 reais.

No caso de imóveis mais caros e taxas maiores, o valor economizado pode chegar ao preço de mais um imóvel: 364 mil reais (veja abaixo as simulações).

Regulamentada em 2013, a portabilidade de financiamento imobiliário não evoluiu muito nos últimos anos. Tanto que a estrutura do Itaú para aceitar financiamentos de outros bancos ainda está em fase de testes. Mas o banco pretende colocá-la de pé nos próximos meses.

Isso porque os pedidos de portabilidade explodiram. Segundo dados do BC, o saldo portado de julho a setembro quadruplicou: passou de 61 milhões de reais para 260 milhões de reais. Já os pedidos triplicaram: subiram de 764 em julho para 2.380 nos três meses. O Santander é um exemplo de banco que vem buscando ativamente a portabilidade do crédito da concorrência.

De abril até hoje, a taxa média cobrada pelos bancos em financiamentos imobiliários baixou de 8,92% ao ano para 7,56% ao ano, segundo o comparador de financiamentos. O movimento foi iniciado antes do ciclo de queda da Selic, que passou de 6,5% a 5% ao ano nos últimos três meses.

Atualmente, segundo o Melhortaxa, a Caixa vem efetivamente praticando a taxa mais barata: 6,75% ao ano, enquanto o Banco do Brasil cobra em média os juros mais caros: 8,29% ao ano. O Bradesco pratica, em média, a taxa de 7,30% ao ano, enquanto o Itaú cobra 7,45% e, o Santander, 7,99%.

BancoTaxa média
Caixa6,75%
Bradesco7,30%
Itaú7,45%
Santander7,99%
BB8,20%

Procurado, o BB informa que sua taxa mínima é de 7,40% ao ano.

Veja abaixo as simulações feitas pelo MelhorTaxa para financiamentos de 300 mil reais, 500 mil reais e 750 mil reais, contratados entre 2016 e 2018 com taxas de 9,76% a 11,24% ao ano:

Cenário 1

Financiamento de R$ 300 mil em 2018

Valor do imóvelR$ 500.000,00
Valor do empréstimoR$ 300.000,00
Taxa de Juros9,76%
Data da 1ª parcela01/01/2018
Valor da 1ª parcelaR$ 3.320,62
Valor da parcela atualR$ 3.179,61
Taxa após portabilidade7,30%
Valor da parcela após portabilidadeR$ 2.638,06
Economia na parcelaR$ 682,56
Economia total contratoR$ 98.900,77
Cenário 2

Financiamento de R$ 500 mil em 2016

Valor do imóvelR$ 625.000,00
Valor do empréstimoR$ 500.000,00
Taxa de Juros10,77%
Data da 1ª parcela01/03/2016
Valor da 1ª parcelaR$ 5.846,76
Valor da parcela atualR$ 5.335,45
Taxa após portabilidade7,30%
Valor da parcela após portabilidadeR$ 4.147,82
Economia na parcelaR$ 1.698,94
Economia total contratoR$ 196.714,63
Cenário 3

Financiamento de R$ 750 mil em 2017

Valor do imóvelR$ 950.000,00
Valor do empréstimoR$ 750.000,00
Taxa de Juros11,24%
Data da 1ª parcela01/02/2017
Valor da 1ª parcelaR$ 9.083,46
Valor da parcela atualR$ 8.471,05
Taxa após portabilidade7,30%
Valor da parcela após portabilidadeR$ 6.389,52
Economia na parcelaR$ 2.693,94
Economia total contratoR$ 364.804,77

Como funciona

Quem já tem um financiamento de imóvel presenciou a queda recente dos juros na própria instituição financeira na qual tem o crédito. Mas esses juros menores valem apenas para novos contratos.

É possível tentar renegociar a dívida na agência, mas caso o cliente não consiga é aconselhável que busque outro banco e realizar a portabilidade de financiamento imobiliário.

Para isso, é necessário coletar informações sobre a dívida, que as instituições financeiras devem fornecer em até um dia útil, contado a partir da data da solicitação. São elas: número do contrato; saldo devedor atualizado; demonstrativo da evolução do saldo devedor; modalidade; taxa de juros anual, nominal e efetiva; prazo total e remanescente; sistema de pagamento; valor de cada prestação, especificando o valor do principal e dos encargos; e data do último vencimento da operação.

De posse dessas informações, o mutuário deve negociar as condições da nova operação com uma instituição financeira interessada em conceder um novo crédito.

Os recursos obtidos serão destinados à quitação do saldo devedor da operação original. Os custos relacionados à transferência de recursos para a quitação da operação não podem ser repassados ao cliente.

O valor e o prazo da nova operação não podem ser superiores ao valor do saldo devedor e ao prazo remanescente da operação original a ser liquidada.

A instituição financeira credora original tem até cinco dias para eventualmente renegociar a dívida e oferecer condições mais vantajosas ou enviar as informações necessárias à instituição proponente do novo crédito para a finalização do pedido de portabilidade.

Caso o cliente desista da portabilidade, ele deve formalizar a desistência com a instituição credora original que comunicará à instituição proponente do novo crédito.

Se a instituição não prestar as informações requeridas para a realização da portabilidade, é possível recorrer à ouvidoria da instituição financeira.

Quando vale a pena mudar de banco?

Antes de realizar a portabilidade, é importante solicitar o valor do Custo Efetivo Total (CET) da nova operação. Essa é a forma mais fácil de comparar os valores dos encargos e despesas cobrados pelas instituições e concluir se a portabilidade é realmente vantajosa. É aconselhável também verificar todas as condições do novo contrato, como número e valores das prestações, taxas de juros e tarifas.

Rafael Sasso, cofundador da Melhortaxa, aponta que também é necessário considerar, em média, um gasto de 4 mil reais no processo de portabilidade, que inclui novo registro do imóvel e custos cartorários para o novo financiamento. "Se o mutuário chegar à conclusão de que irá economizar apenas 30 reais por mês e não tem espaço no orçamento para arcar com esse custo agora, talvez não valha a pena fazer a troca nesse momento. A expectativa é que os juros caiam ainda mais, o que deve incentivar os bancos a continuarem reduzindo as taxas cobradas".

Além disso, também é necessário avaliar que a nova taxa contratada pode depender da manutenção de um determinado nível de relacionamento com o banco, que inclui contratação e uso de alguns serviços. Caso essas regras previstas em contrato não sejam seguidas pelo cliente, a taxa pode mudar e tornar o novo financiamento mais caro do que o antigo. Por isso é necessária atenção no novo contrato e suas exigências para verificar se a troca não embute um risco que talvez não valha a pena correr.

Acompanhe tudo sobre:BancosBB – Banco do BrasilBradescoCaixafinanciamento-de-imoveisguia-de-imoveisItaúSantander

Mais de Minhas Finanças

Resultado da Mega-Sena concurso 2.817; prêmio é de R$ 3,4 milhões

Nova portaria do INSS suspende por seis meses bloqueio de benefícios por falta de prova de vida

Governo anuncia cancelamento do Bolsa Família para 1.199 candidatos eleitos em 2024

Nota Fiscal Paulista libera R$ 39 milhões em crédito; veja como transferir o dinheiro