Dívidas: é aconselhável, ao consolidar dívidas, comparar o CET e buscar ofertas na concorrência (krisanapong detraphiphat/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 25 de junho de 2019 às 05h00.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 05h00.
São Paulo - Não é incomum que, depois de contratar diversos empréstimos e ficar no "vermelho", o devedor receba a proposta de um banco para juntar todas as dívidas em uma só com menos juros, como solução para aliviar o orçamento.
A questão é que não há milagre: para fazer com que as finanças ganhem, de fato, fôlego, além dos juros mais baixos as parcelas devem caber no bolso do devedor. Para isso, geralmente a dívida deve ser prolongada. Nesse caso, o custo adicional é claro: quanto mais tempo você alongar a sua dívida, mais tempo estará exposto aos juros cobrado pela instituição financeira, ainda que ele seja mais baixo.
Portanto, se alguns empréstimos vencem em poucos meses, pode ser melhor apertar os gastos e quitá-los antes de dilui-los em um prazo maior. "É importante visualizar o saldo devedor de cada dívida e quantas parcelas falta pagar, bem como a soma de todas as parcelas atuais antes de optar pela modalidade", diz a planejadora financeira Letícia Camargo.
Além disso, o empréstimo pode ter juros menores, mas as tarifas cobradas são altas. Para não cair na pegadinha, basta comparar o Custo Efetivo Total (CET) da nova operação com os das antigas.
Também não é indicado aceitar a taxa de primeira só por ser menor do que a dos empréstimos já contratados. É aconselhável buscar uma oferta melhor nos concorrentes do banco, que podem cobrir a proposta incentivados pelos juros básicos do país na mínima histórica. "Provavelmente empréstimos que foram feitos há dois anos terão uma taxa melhor agora", diz Letícia.
O banco tem um interesse claro na consolidação de dívida: ela torna a sua carteira de crédito mais saudável e melhora seu balanço financeiro, diz o professor de finanças da PUC-SP Fábio Gallo. "Do que ter um devedor com uma dívida que está se tornando incobrável e que pode receber um grande desconto no futuro é preferível ter um com uma dívida controlada que paga juros por mais tempo".
Verificando todos os pontos acima, consolidar dívidas em uma só, ainda mais quando foram contratadas em diversos credores, permite ao devedor ter maior controle sobre a parcela mensal. A parcela será debitada em um dia determinado, e não em datas diferentes, como provavelmente ocorre com diversos empréstimos.
Por isso é muito importante que a parcela caiba, de fato, no orçamento. Caso contrário, vai ser difícil reduzi-la novamente no curto prazo, diz Letícia. "Em dívidas mais longas o saldo devedor abaixa muito devagar, Por isso a dívida não pode ser muito longa e nem ter parcelas altas a ponto de comprometerem o orçamento novamente".
O ideal. diz a planejadora, é que a consolidação de dívidas venha acompanhada de uma mudança no estilo de vida. Para evitar o superendividamento, é necessário que, com o alívio nas parcelas, o devedor realize mudanças, como vender bens, de forma a antecipar as parcelas e diminuir o ônus de pagar juros por mais tempo, diz Letícia. "Sabemos que essas mudanças não são rápidas. Por isso, optar por juntar dívidas pode ser uma boa solução temporária".