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Já pensou em alugar seu carro para terceiros?

Compartilhamento do próprio automóvel ganha adeptos no país. Saiba quando vale a pena e como ganhar até R$ 1 500 por mês.

Fileira de carros estacionados (Design Pics/Thinkstock)

Fileira de carros estacionados (Design Pics/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2016 às 18h50.

Se meu carro fica parado no trabalho a maior parte do dia, por que não alugá-lo nesse tempo vago? Esse foi o pensamento do engenheiro paulista André Marin ao criar a Fleety, primeira rede de compartilhamento de automóveis da América Latina.

“Eu e mais dois amigos da faculdade tivemos a ideia no estacionamento da Campus Party. Ao ver aquela infinidade de carros parados por pelo menos oito horas, pensamos juntos: ‘Por que não rentabilizar esse tempo ocioso?’”, explica Marin.

O conceito de alugar o próprio veículo se popularizou nos Estados Unidos em 2013, durante uma crise econômica no país. Segundo pesquisa da empresa de compartilhamento americana Getaround, locar o automóvel por apenas 25% do tempo parado têm rendido a seus donos cerca de US$ 5 000 anuais. “Nosso principal argumento para abrir a empresa era: se deu certo lá, onde comprar um carro é muito fácil, imagine aqui, onde não existe toda essa facilidade.”

Uma das grandes vantagens desse tipo de serviço para o usuário e o locador é a possibilidade de alugar o carro por hora, o que não é possível nas empresas de locação de veículos tradicionais. Os valores variam entre R$ 5 e R$ 50 por hora ou R$ 80 e R$ 300 por dia, dependendo do tipo de automóvel. Numa locadora comum, a diária custa em média 20% a 30% mais. Mas os valores de locação na Fleety podem variar muito mais, pois quem define o custo são os próprios donos do veículo. O pagamento é feito por cartão de crédito e diminui, assim, o risco de inadimplência. A empresa cobra uma taxa de até 20% sobre o valor das transações, que incluem assistência 24 horas e seguro contra roubo e colisões.

Para evitar problemas com possíveis multas, a Fleety verifica a situa­ção da CNH do motorista junto ao Detran local e mantém uma cópia para eventuais transferências de pontos. Mas os proprietários do automóvel também têm suas obrigações: eles preenchem um cadastro e devem informar o número de Renavam para garantir que o carro está com a do­cumentação em dia.

Ao final do período de empréstimo, o cliente avalia o veículo e seu proprietário. Essas informações depois geram um ranking no site para os usuários saberem quais são os melhores locadores. Outra ferramenta útil é a que indica os automóveis que estão mais próximos da sua localização. Essa função está disponível no site e também no celular via aplicativo disponível para iPhone e Android.

R$ 10 por hora

O webdesigner Flavio Douglas, de Curitiba (PR), sentiu na prática o quanto alugar seu carro pode ser rentável. “Já cheguei a tirar R$ 1 500 no mês só com seis aluguéis, sendo quatro deles nos fins de semana”, conta Douglas. “Como trabalho muito em casa, tenho dois automóveis que ficavam muito tempo parado. Então coloquei à disposição meu Nissan Sentra e tenho tido um retorno acima do que eu esperava. E já tive 16 locações sem nenhum problema com os motoristas”, afirma o webdesigner.

Se você é daqueles que têm ciúmes do carro, saiba que o mesmo já aconteceu com alguns proprietários do Fleety, que mudaram de ideia quando viram os primeiros rendimentos. “Mesmo sendo adepto da economia colaborativa, onde compartilhamos tudo, de casa a objetos, com o automóvel eu tinha um certo receio. Porém, depois que aluguei seis vezes em duas semanas e ganhei R$ 965, acabei mudando de ideia. Foi uma bela surpresa”, diz o administrador paulista Guilherme Nagueva. “E poderia ter ganhado mais, pois cobrei apenas R$ 10 por hora somente para testar o serviço.”

Outra vantagem do sistema de compartilhamento é encontrar uma variedade maior de modelos do que nas locadoras, que vão de um compacto VW Up! até um Citroën C4 Picasso 7 lugares. E para alguns usuá­rios também é a oportunidade de conseguir um automóvel sem pagar preços exorbitantes. Com 22 anos de idade, o paulistano Homero Simões sofria para alugar um veículo. “Por causa da minha idade, as locadoras cobravam preços proibitivos devido ao valor do seguro”, explica Homero, que já alugou por duas vezes um carro e logo na primeira vez teve uma ótima experiência: “Peguei um Up! com cheirinho de novo e paguei só R$ 80 por um dia e meio. Se alugasse na locadora, pagaria mais de R$ 300.”

Com um ano de operação em Curitiba (PR) e nove meses em São Paulo (SP), a plataforma Fleety já tem 8 000 usuários e mais de 600 veículos cadastrados. Mas ela não é a única no país. Há um mês surgiu a Pegcar, nos mesmos moldes da Fleety. Mas por enquanto a startup está em fase piloto, atuando apenas nos bairros de Pinheiros e Vila Madalena, em São Paulo, com apenas 500 usuários e 50 automóveis cadastrados.

Xodó pelo carro? Não!

O perfil dos usuários em geral é jovem, com a média entre 25 e 35 anos. “A geração mais nova não tem mais aquela idolatria pelo carro, o que facilita tudo. Mas mesmo com o pessoal mais velho, tenho lido relatos de proprietários que tinham preconceito em emprestar o carro até para amigos e mudaram de ideia na primeira experiência de locação”, conta Marin, que gosta de contar histórias recorrentes de motorista e proprietários que acabaram se tornando amigos ao final do serviço. “Em Curitiba, um usuário não conseguiu entregar o automóvel na hora combinada e o dono decidiu não cobrar o tempo extra só pela amizade”, diz Marin.

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