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IPVA 2022: é melhor pagar à vista ou parcelar? Veja simulações

Desconto de até 9% pode compensar uma parte da alta do imposto neste ano, que, em alguns casos, ultrapassa 13%

 (Levi Bianco/Getty Images)

(Levi Bianco/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 5 de janeiro de 2022 às 06h30.

Última atualização em 12 de janeiro de 2022 às 19h24.

O boleto do IPVA será especialmente amargo para proprietários de veículos usados em 2022. Isso porque alguns modelos valorizaram até 20% no ano passado, algo fora do comum por causa do efeito da pandemia sobre a produção de veículos novos, que ficou abaixo do esperado e aumentou a demanda por usados. A alíquota do imposto é calculada sobre o valor de tabela do veículo. Como o preço aumentou, ele será proporcional ao novo valor.

Por exemplo, quem tem um Honda City EXL modelo 2020 em São Paulo terá de pagar neste ano R$ 3.296,45 de IPVA, uma alta de 13,2% em relação a 2021, ano no qual o valor do tributo foi de R$ 2.861,70.

Para o consultor financeiro Reinaldo Domingos, a notícia é "péssima" para o planejamento financeiro do início do ano. Isso porque as finanças do período já costumam ser mais pesadas por causa não apenas do pagamento do IPVA e do IPTU (para quem tem imóveis) mas também dos gastos com matrículas escolares, além de despesas adicionais feitas no período de festas de fim de ano, como viagens de férias.

Surge então a dúvida de todo ano, neste ano em situação atípica: vale a pena parcelar o pagamento do IPVA?

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Com a ressalva de que os descontos concedidos para o pagamento à vista podem ser diferentes de uma cidade para outra, eles sempre são interessantes, diz Domingos. Em média, o contribuinte obterá 3% de desconto no IPVA e 4% no IPTU. Contudo existem casos nos quais o desconto pode chegar a 10%.

No estado de São Paulo, por exemplo, quem pagar o tributo à vista em janeiro terá desconto de 9%, o que acabará servindo como uma forma de o governo compensar a alta do tributo neste ano. Mesmo assim, como observado no caso acima, o desconto não será suficiente para compensar integralmente o reajuste em relação ao valor pago em 2021.

Para Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, não há dúvida de que o pagamento à vista valerá mais a pena em qualquer caso.

O professor cita o exemplo de um carro usado com valor de tabela de R$ 70.000: o valor do IPVA a ser pago, bruto e sem desconto, será de R$ 2.800, equivalente à alíquota de 4%. Caso resolva quitar o tributo à vista neste mês, o motorista irá obter o desconto de 9% e pagar R$ 2.548.

Na comparação com quem perder o prazo de pagamento em fevereiro e pagar o imposto bruto, terá uma taxa de juros embutida de 3,23% ao mês, fora multa, calcula Gallo. "Portanto, vale a pena aproveitar o desconto porque não há aplicação que renda essa taxa de juros mensal."

Quem pagar em fevereiro terá desconto de 5%. No exemplo dado pelo professor da PUC-SP, o valor líquido do IPVA será de R$ 2.660. Nesse caso, a taxa de juros embutida é de 2,63% ao mês. "Ou seja, da mesma forma, vale a pena aproveitar o desconto", diz Gallo.

Na hora de pagar o imposto pelo internet banking, o proprietário do veículo não consegue ver o imposto bruto: o valor já vem com o desconto de 9%. Em fevereiro, tanto quem pagar em cota única como parcelar terá desconto de 5% do imposto. Apenas quem perder os prazos terá de pagar o valor cheio, segundo informações da própria Secretaria da Fazenda do estado.

Exceção: desconto não compensa dívida

Naturalmente, o parcelamento só vale para quem tem dinheiro em conta ou aplicado em uma reserva financeira que pode ser acessada sem custo nem ter que desfazer um investimento de longo prazo.

"Quem está endividado ou com a conta zerada dificilmente conseguirá fazer o pagamento à vista e restará o caminho do parcelamento", diz Domingos.

"É recomendável evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outro tipo de crédito, que têm taxas de juros bem mais altas do que a do IPVA sem desconto", completa.

O consultor financeiro também ressalta que o proprietário do veículo não deve se esquecer dos compromissos futuros. "Muita gente pode se deixar levar pelo bom desconto e acabar esquecendo que há outras contas a serem pagas depois. Não adianta pagar à vista, conseguir desconto e não ter dinheiro suficiente para quitar outras contas."

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