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Investir lucros é tendência mundial

Na década de 80, a maioria das empresas americanas européias começou a mudar a forma como financiava seus investimentos. Em vez de recorrer aos empréstimos bancários, essas companhias passaram a usar os próprios lucros quando queriam aumentar a capacidade de produzir. "As empresa começaram a funcionar segundo uma nova lógica, a de que era preciso […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Na década de 80, a maioria das empresas americanas européias começou a mudar a forma como financiava seus investimentos. Em vez de recorrer aos empréstimos bancários, essas companhias passaram a usar os próprios lucros quando queriam aumentar a capacidade de produzir. "As empresa começaram a funcionar segundo uma nova lógica, a de que era preciso ter lucros para investir"" diz Eduardo Velho, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Com isso, conseguiram diminuir os custos financeiros e dar maior retorno aos acionistas."

Um estudo feito por ele sobre a economia francesa mostra que a parcela dos investimentos corporativos financiada pelos lucros subiu de menos de 50%, em 1975, para 75% em 1996. É a mesma mudança que mostra outra pesquisa, feita por Ricardo Bebczuk, ex-consultor do Banco Mundial e do Ministério das Finanças da Argentina e autor do livro Asymmetric Information in Financial Markets (algo como Informações Assimétricas nos Mercados Financeiros, mas não há tradução para o português). Segundo o levantamento, nos Estados Unidos, 92% dos investimentos são financiados pelos lucros. A média dos países desenvolvidos é de 71%. Entre as nações mais pobres, a média é de cerca de 80%.

"É mais saudável operar dessa forma", diz Velho. "A empresa se torna menos suscetível aos ciclos econômicos, choques cambiais e outros problemas". Para ele, a tendência é que esse modelo ganha ainda mais força. "Os riscos são bem menores".

O restante dos investimentos são financiados, basicamente, por créditos bancários, títulos (como as debêntures e as notas promissórias) e a emissão de ações nas bolsas de valores (veja quadro abaixo).

O mercado de capitais costuma ter mais importância nos países desenvolvidos, de acordo com os números de Bebczuk. No Brasil, por exemplo, menos de 3% dos investimentos são financiados pela emissão de ações. Nos Estados Unidos, o percentual chega a 16%, na Espanha fica em 11% e, na Itália, em 9%. "Esse é um mecanismo muito importante de financiamento que ainda precisa crescer no Brasil", diz Velho.

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