Mulher e cifras de dinheiro no celular: aplicação vem ganhando força entre os investidores em um ambiente que exige maior risco (marchmeena29/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 3 de setembro de 2018 às 10h50.
São Paulo - Com a taxa básica de juros, a Selic, em seu menor nível da história, o patamar de 6,5% ao ano, o investidor conservador tem de tomar mais risco no mercado financeiro caso queira manter a rentabilidade da sua carteira de investimentos.
Uma boa alternativa de investimento com risco moderado são os Certificados de Operação Estruturadas (COEs) com valor nominal garantido, distribuídos por plataformas de investimentos.
De acordo com a plataforma de investimentos Easynvest, alguns cupons de COEs estão pagando 277% do CDI. A corretora aponta um total de 12 COEs liquidados esse ano, sendo que 67% renderam mais do que 100% do CDI e 25% renderam menos que 100% do CDI. Apenas 8% teve o retorno do capital investido. Na média, o retorno do investidor esse ano está em 169% do CDI no período.
O COE que oferece a rentabilidade máxima observada tem como regra janelas de verificação semestrais. Ou seja, a cada seis meses, caso toda a cesta de aplicações registre um desempenho positivo, o COE é liquidado e o investidor recebe essa rentabilidade, o que torna o investimento mais líquido. Em geral, quem aplica em COE não pode retirar o dinheiro por, pelo menos, dois anos.
Por exemplo, se em seis meses todos os ativos do COE registrarem variação positiva, ele pode pagar até 277% do CDI, taxa que serve como referência para investimentos e que tem valor é semelhante ao da taxa Selic, de 6,5% ao ano. Ou seja, nesse período, seguindo o exemplo, o investidor pode receber entre 4% a 5% como retorno do investimento.
Contudo, como a aplicação financeira segue a tabela regressiva do Imposto de Renda, quanto menor o prazo de resgate, maior será a porção do retorno que será mordida pela Receita. Em aplicações de até 180 dias, a alíquota do IR é de 22,5%; de 181 a 360 dias, é equivalente a 20%; de 361 a 720 dias, é de 17,5%; e, acima de 721 dias, equivale a 15%.
Por outro lado, caso não tenha janelas de verificações semestrais, se em todo o período de vigência o COE não registrar variação positiva, o investidor recebe apenas o valor investido de volta, sem correção da inflação ou qualquer outro indicador. Portanto, além de perder o poder de compra do valor investido, o investidor também perde, nesse caso, o custo de oportunidade. Ou seja, no período, poderia ter investido o valor em algo que proporcionasse rentabilidade, ainda que menor do que a prevista nos COEs.
Por conta desses riscos, os COEs são indicados para investidores com perfil conservador apenas como uma alternativa de diversificação da carteira. Essas aplicações devem, inicialmente, representar, no máximo, 10% do valor total investido.
Desde que começaram a ser comercializados no país, em 2014, o investimento vem ficando cada vez mais diversificado. Além de investir em ações de empresas estrangeiras, sejam elas americanas ou da Europa, além de nacionais, existem COEs especializados em commodities ou empresas chinesas, por exemplo.
As aplicações podem investir em ações de grandes empresas de tecnologia, como Google, Apple, Facebook, entre outras. Um COE atualmente disponível, emitido pelo BTG Pactual, investe apenas em ações de empresas de entretenimento: Fox, Viacom e MGM.
A aplicação inicial exigida para investir nos COEs foi diminuindo nos últimos anos: no começo, podia ultrapassar 15 mil reais, depois caiu pára 5 mil reais e, atualmente, é possível encontrar COEs que exigem aplicações iniciais de apenas mil reais.
O investidor tem de ficar atento porque cada COE é personalizado, e não há uma regra única para todos. Alguns, por exemplo, podem definir uma rentabilidade máxima a ser obtida pelo investidor, que corresponda a 70% do valor investido. Por isso, é necessário, antes de aplicar o dinheiro, olhar as características do investimento de forma detalhada para ter uma estimativa de qual pode oferecer o maior retorno.
Nem todos os COEs garantem o dinheiro investido de volta. Esse é outro ponto que deve ser observado pelo investidor. O mais importante é que ele tenha o capital garantido. Caso contrário, o investidor pode perder um porcentual determinado do valor investido, ou até toda a aplicação, dependendo da regra do investimento.
O COE é emitido por um banco da mesma forma que um CDB. O banco, ao emitir o título, irá registra-lo na B3, responsável por guardar essas operações bancárias no nome do cliente.
Assim como os CDBs, o investimento não cobra qualquer taxa do aplicador: o banco ganha com o spread da operação. Porém, o investimento não é coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Ou seja, é mais indicado que o dinheiro seja aplicado em bancos de renome, de forma a minimizar o risco.