São Paulo – A impressão desenfreada de dinheiro e o aumento das dívidas em países desenvolvidos vão levar à disparada da inflação e dizimar portfólios de investimento ao redor do mundo, segundo afirmou o investidor suíço Marc Faber em entrevista à rede americana de TV CNBC.

As consequências do excesso de endividamento nos países ricos serão especialmente nefastas para os investidores que hoje possuem muito dinheiro. Para Faber, eles perderão aproximadamente metade de suas riquezas nos próximos anos.

Já conhecido pelo pessimismo extremo, Marc Faber é dono de uma empresa que gere fundos e assessora investidores, a Marc Faber Ltd. Há alguns anos, ele foi apelidado de “Dr. Doom” (doutor Apocalipse) e não rejeitou o rótulo. O relatório que distribui periodicamente a investidores e seu próprio blog na internet foram batizados posteriormente de “Gloom, Boom & Doom” (algo como trevas, estouro e apocalipse).

Mas quais os motivos para tanto pessimismo? O problema, diz Faber, é que os esforços para reativar a economia americana obrigaram o Federal Reserve (o BC dos EUA) a expandir seu balanço em aproximadamente 3 trilhões de dólares.

Outros BCs mundiais seguiram a estratégia do Fed e também fizeram injeções maciças de liquidez para garantir a solvência do sistema financeiro e resgatar a confiança dos investidores.

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Apesar de terem ajudado a recuperar a confiança dos mercados no curto prazo, as políticas monetárias expansionistas devem produzir uma inflação devastadora no futuro.

“Nós veremos uma maciça destruição de riqueza que sempre acontece em períodos de inflação elevada, distúrbios sociais e colapso do mercado de crédito”, afirmou ele à CNBC. “Talvez tudo isso ocorra em diferentes momentos.”

Para momentos de grandes incertezas, Faber sempre pregou a aquisição de ouro. Recentemente, ele também passou a recomendar a compra de ações de boas empresas e de imóveis nos sul dos Estados Unidos, onde os preços despencaram desde a crise de 2008.

“Os preços dos imóveis na Georgia, no Arizona e na Flórida não devem cair ainda mais e tendem a se estabilizar. Então acredito que ter alguns pedaços de terra, não necessariamente em centros financeiros mas em cidades secundárias, são investimentos desejáveis para esse cenário que eu estou prevendo”, disse.

Já a aposta em ações seria justificada pela própria política do Fed de imprimir dinheiro. “Antes que o colapso aconteça, o Fed e o sr. Bernanke [Ben Bernanke, presidente do Fed] devem imprimir, imprimir e imprimir dinheiro”, disse. “Isso vai gerar uma má economia, mas com aumento dos preços das ações.”