EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Quem está pensando em adquirir um imóvel na planta este ano tem de estar atento aos contratos. Até pegar a chave e realizar a mudança, as parcelas do financiamento e o saldo devedor deverão ficar significativamente mais caros no médio prazo. Simulação realizada por Veja.com estima que a elevação ao final de três anos poderá chegar a 20%.
A explicação para este aumento é a correção pela inflação da construção civil. O comprador, na maioria das vezes, dá uma entrada - de 5% a 10% do valor do imóvel - e, até o fim da obra, tem de pagar à construtora parcelas que são reajustadas mensalmente pelo índice de preços do setor. Este também incide sobre o restante do financiamento.
A maior parte dos contratos utiliza o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI), que reflete as variações de preços de materiais, serviços e mão-de-obra utilizados no setor, e é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para se ter idéia do impacto deste indicador, a LCA Consultores projeta uma alta acumulada no ano de 7,23%.
Já de casa nova?
Continue atento - Após a entrega das chaves, o custo "inflacionário" pode persistir. Na grande maioria dos casos, o comprador financia o saldo devedor (já "turbinado" pelo INCC) junto a um banco ou uma empresa hipotecária. A partir de então, a depender do tipo de contrato, pode passar a haver incidência não só de juros, mas também do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M). As previsões da LCA para o IGP-M para os acumulados de 2010 e 2011 também são expressivas: 8,5% e 4,7%, respectivamente.
A atenção aos detalhes de cada contrato tem de ser redobrada no momento atual, em que construtoras e incorporadoras tentam facilitar, ao máximo, a aquisição de um imóvel. Um empreendimento novo já custa, segundo especialistas, cerca de 35% mais que outro com as mesmas características e localização. O mercado também está bem mais flexível hoje quanto às exigências para a liberação de crédito e chega a oferecer facilidades, como a possibilidade de embutir no financiamento os custos com a papelada para regularização do imóvel.
O resultado é que muita gente se deixa levar pelas facilidades e pela empolgação da compra da casa própria, negligenciando a tarefa de conhecer em profundidade as características do negócio. Para piorar, fontes do setor admitiram à Veja.com que muitos corretores não relatam por completo os detalhes do financiamento na ânsia de efetivar a venda.
Especialista recomenda atenção
As pessoas devem ficar, portanto, atentas às cláusulas dos contratos e aos índices de correção utilizados para que a variação das prestações não transforme a dívida em uma bola de neve.
O Procon de São Paulo recomenda que o comprador faça cálculos projetando a incidência do índice de reajuste, incluindo também os juros e taxas caso haja financiamento com o banco. "Antes de assinar contratos, o comprador deve pesquisar a forma mais conveniente de pagamento para que a parcela fique dentro da média salarial", aconselha Valéria Cunha, assistente de direção do Procon-SP.