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Imóvel sem direito a garagem, você compraria?

Menor número de garagens nos prédios traria economia de R$ 500 milhões ao ano, diz diretor do Secovi-SP

Espaços ocupados por garagens cresceram demasiadamente, em relação à área privativa total dos edifícios construídos em São Paulo (Imovelweb/Divulgação)

Espaços ocupados por garagens cresceram demasiadamente, em relação à área privativa total dos edifícios construídos em São Paulo (Imovelweb/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2011 às 11h33.

São Paulo, SP - Você compraria um imóvel num edifício em lançamento, sem vagas de garagem ou com reduzido número delas? A possibilidade da oferta de novos imóveis em tais condições começa a ser aventada pelo segmento produtivo do mercado imobiliário paulistano.

O tema vem a propósito de artigo escrito em conjunto por Hamilton de França Leite Júnior, Claudio Tavares de Alencar e Vanderley Moacyr John, apresentado durante a 11ª Conferência da Latin American Real Estate Society (íntegra). Na abordagem, é comentada curva de evolução histórica, mostrando que os espaços ocupados por garagens cresceram demasiadamente, em relação à área privativa total dos edifícios construídos em São Paulo desde o início da verticalização, na década de 1930. Nessa relação, o auge do crescimento é de 53,84%, alcançado em 2001.

Um dos autores do artigo, Hamilton de França Leite Júnior - que é diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP, comenta que a visualização da curva da evolução possibilitou a formulação de tendências para 2020, em diferentes cenários.

“Um dos cenários aponta o crescimento proporcional das garagens em relação à área privativa total dos edifícios, alcançando (em 2020) a marca de 58,69%. Para ilustrar este caso, haveria 58,69 m2 de garagens para um apartamento de 100 m2. As consequências negativas seriam: aumento nos custos dos imóveis devido à área adicional que precisaria ser construída para as garagens, e trânsito ainda mais caótico, com toda a sua herança nefasta para a economia nacional, para a saúde e qualidade de vida da população”, afirma o sindicalista.


Leite Júnior projeta que o cenário mais desejado aponta a queda desta proporção para 38,03%, “o que indicaria uma crescente conscientização por parte da sociedade paulistana com relação aos efeitos nocivos causados pelos automóveis, e evidenciaria um avanço qualitativo na mobilidade do habitante da cidade, na próxima década”, estima.

A diferença entre as áreas de garagens nos dois cenários apontados por Leite Júnior é de cerca de 600 mil m2, “que na melhor hipótese deixariam de ser construídos em São Paulo. Isto representaria uma economia de aproximadamente meio bilhão de reais, por ano”, afirma.

Para alcançar o objetivo de economizar meio bilhão de reais por ano, deixando de construir ou construindo um menor número de vagas nos novos edifícios, destaca Leite Júnior, é preciso levar a cabo diversas ações.

“Talvez, a mais simples e eficaz delas seja inverter os textos legais que exigem um número mínimo de vagas em novos empreendimentos, limitando-os, ou, ainda melhor, transferir a análise da necessidade de vagas para a iniciativa privada, que tem agilidade e competência para atender as demandas de seus clientes”, opina Leite Júnior.

De acordo com o sindicalista, que é também diretor da Casoi Desenvolvimento Imobiliário, “outra importante contribuição seria a atualização do Plano Diretor (da cidade de São Paulo), para estabelecer um melhor equilíbrio de usos e ocupação do solo, que agregue incentivos fiscais para empresas se estabelecerem em regiões com pouco emprego, como nas periferias”, complementa Hamilton de França Leite Júnior.

Pelo Código de Obras da cidade de São Paulo, as medidas mínimas para uma vaga de garagem destinada a automóvel de médio porte são: 2,10 m de largura, 2,10 de altura, 4,70 m de comprimento. Quanto ao pé direito (altura do piso ao teto) do imóvel, a medida mínima é de 2,50 m, portanto, superior em somente 0,40 cm à altura mínima obrigatória para o abrigo de automóvel médio.

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