EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A prática do built to suit, termo em inglês para construção sob encomenda, pode movimentar o mercado financeiro. Trata-se de um sistema no qual empresas comerciais e industriais que desejam construir um imóvel para suas instalações buscam interessados em financiá-lo para, posteriormente, alugá-lo com um contrato de longo prazo, que normalmente varia de cinco a 20 anos.
Para o professor do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP), Vinícius Aversari Martins, essas operações devem fomentar o mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). "Quem construiu e não quer esperar todo o tempo de contrato para receber o dinheiro investido na obra pode captar os recursos para cobrir os custos no mercado financeiro", afirma. "O investidor ou a construtora proprietária do imóvel vende os recebíveis e capta o dinheiro na hora, que pode ser empregado em outro negócio. Esses fundos estão muito em voga nos últimos dois anos", diz Martins.
No caso das empresas que chegam a se desfazer de seus imóveis próprios para alugar um construído sob encomenda, a forma como o departamento contábil informa a operação em seus balanços também pode trazer vantagens. "Se a empresa pretende buscar novos investimentos, é interessante que a operação seja evidenciada como um financiamento. Em vez de trocar um ativo permanente por uma dívida, a empresa paga pela compra do direito de uso do imóvel", afirma o especialista.
Já faz algum tempo que as empresas estão reavaliando a necessidade de manter imóveis próprios para suas instalações e muitas delas estão optando pela locação. Nesse caso, os recursos obtidos na venda dos imóveis próprios são destinados a investimentos no negócio, como a compra de produtos e maquinários ou o desenvolvimento de tecnologias.
"A construção sob encomenda compensa para os dois lados", afirma João Paulo Fortes Guimarães, diretor da imobiliária Fortes Guimarães, que põe em contato as empresas que estão em busca de um novo imóvel e os interessados em investir nesse tipo de negócio. "Para a empresa que está alugando, o dinheiro que seria gasto na compra do local ficará disponível para ser utilizado com outras finalidades, e o dono do imóvel garante um rendimento fixo por um longo período."
O valor do aluguel é calculado sobre a previsão de custos da obra, considerando um retorno de 1% ao mês, aproximadamente. "Normalmente, o valor investido nessas construções parte dos 250.000 reais", afirma o diretor.