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Imóveis no Nordeste estão baratos, diz Sotheby's

Vice-presidente de uma das maiores imobiliárias do mundo diz que o custo-benefício dos imóveis em cidades nordestinas está entre os melhores do mundo

Peter Turtzo, da Sotheby's: os bancos são responsáveis e não há bolha imobiliária no Brasil (Nathália Ferraz/Divulgação)

Peter Turtzo, da Sotheby's: os bancos são responsáveis e não há bolha imobiliária no Brasil (Nathália Ferraz/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 07h24.

Última atualização em 28 de dezembro de 2018 às 13h33.

São Paulo – O americano Peter Turtzo é vice-presidente da Sotheby's International Realty, o braço imobiliário da famosa casa de leilões Sotheby's. Todos os anos, ele dá a volta ao mundo para conversar com corretores e analisar o desempenho dos mais de 500 escritórios da empresa espalhados por 39 países. Em visita ao escritório de São Paulo nesta semana, Turtzo conversou com EXAME.com e afirmou que os preços dos imóveis estão atrativos no Brasil, principalmente no Nordeste. Ele não acredita que uma bolha esteja em formação no mercado e disse que os valores das propriedades vão subir ainda mais se o desemprego continuar em queda. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

EXAME.com - O que você acha dos preços das residências no Brasil?

Peter Turtzo – Acho que os imóveis estão com um valor bastante interessante. O mais legal de trabalhar no Brasil é que é possível encontrar imóveis de boa qualidade em todas as faixas de preços. Hoje podemos encontrar tanto um bom apartamento de 400.000 ou 500.000 dólares numa cidade quanto uma ilha de 15 milhões de dólares.

EXAME.com - Mas você não acha que os preços estão aumentando rápido demais?

Turtzo – Eu acho que o governo brasileiro está fazendo um ótimo trabalho no sentido de encorajar as pessoas a terem os próprios imóveis. Eles estão tomando as medidas apropriadas para permitir que os brasileiros comprem sua primeira casa. Isso se transforma em um alicerce sólido para o mercado imobiliário. Quem compra uma casa pela primeira vez permite ao vendedor comprar uma segunda casa um pouco maior. Então o vendedor da segunda casa pode comprar uma terceira, e assim por diante até o topo do mercado. Se o desemprego continuar a cair e a economia continuar a crescer, mais gente continuará a se tornar proprietário do lugar onde vive no Brasil.

EXAME.com - Mas há renda para justificar os atuais valores dos imóveis no Brasil ou a recuperação dos preços é movida pelo crédito?

Turtzo – Eu acho que há renda sim. Não vejo os bancos brasileiros fazendo as mesmas bobagens que foram feitas em outros países do mundo. Nos países desenvolvidos, só era necessário estar vivo para tomar um empréstimo imobiliário. Os compradores de imóveis não precisavam provar que eram capazes de pagar por aqueles financiamentos que estavam sendo contratados. No Brasil, acredito que a situação é outra. O crédito parece estar muito mais sob controle. Então não espero que haja aqui o mesmo problema que levou à criação de bolhas imobiliárias em outros países. Acho que as coisas devem continuar na direção certa no Brasil.

EXAME.com - Então você acha que não existe uma bolha imobiliária no mercado brasileiro?

Turtzo – Eu ainda não vejo bolha.

EXAME.com - Mas há casas nos Estados Unidos mais baratas que em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro. Esse não seria um sinal ruim?

Turtzo – Não. A demanda por imóveis está bem forte no Brasil e a oferta é muito pequena. Essa é a razão que leva os imóveis a estarem mais caros em São Paulo ou no Rio de Janeiro do que em Miami ou Nova York.


EXAME.com - Como investimento, não seria melhor para os brasileiros aproveitar os preços para adquirir um imóvel nos Estados Unidos ao invés de comprar aqui?

Turtzo – Acho que o objetivo de cada uma das escolhas é diferente. O comprador brasileiro que investe em um imóvel em Miami está atrás de uma segunda residência, em adição àquela que já possui numa cidade brasileira. Já quem compra uma casa em São Paulo que lugar para morar. Então não são coisas muito comparáveis.

EXAME.com - Todos os anos você visita os escritórios da Sotheby's em muitos países do mundo, certo? Se você tivesse que escolher um país neste momento para comprar um imóvel, qual seria?

Turtzo – Como sou cidadão americano e italiano, por razões pessoais eu compraria uma casa para me aposentar na Itália. Mas isso não tem a ver com o mercado imobiliário, tem a ver com o que quero para minha vida.

EXAME.com - Mas considerando apenas os preços, qual seria sua preferência?

Turtzo – Não sei exatamente. Mas acho que um dos melhores custos-benefícios do mundo que tenho visto neste momento estão no nordeste do Brasil. Acho que lá há imóveis excelentes em comparação ao valor que é necessário desembolsar para comprá-los. Quando estive lá como turista, achei que o preço por metro quadrado estava bastante atrativo.

EXAME.com - Muita gente está preocupada com a inflação no Brasil neste momento. Para quem investe em imóveis, esse é um risco?

Turtzo – A inflação é um fato a ser considerado por todos que investem em imóveis. No mercado de primeira residência, todo mundo acredita que os preços continuarão subindo. E isso contribui para a inflação. O que o investidor tem que considerar é se o imóvel vai protegê-lo da inflação. Porque a inflação é generalizada e não é possível esperar que os preços do leite ou de outros produtos caiam e só os imóveis continuem subindo.

EXAME.com - Durante seus giros pelo mundo, os investidores estrangeiros têm demonstrado interesse em comprar imóveis no Brasil?

Turtzo – Há uma grande curiosidade sobre o Brasil. Em todos os lugares que visito, sempre ouço duas perguntas: 1) O que está acontecendo na China?; e 2) O que está acontecendo no Brasil? Não sei dizer a um brasileiro o que está acontecendo aqui. O que sei é que a Copa e as Olimpíadas mudaram a forma como o mundo vê o Brasil. Não estou dizendo que está todo mundo desesperado para comprar imóveis aqui. Não vejo o americano médio fazendo isso. O Brasil atrai mais os europeus, que estão de olho no Nordeste. De qualquer forma, a grande demanda por imóveis no Brasil deve continuar a ser do próprio brasileiro.

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