Ações muito descontadas são boas pedidas para quem mira no longo prazo (Charly Triballeau/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2011 às 07h00.
São Paulo – De olho nos diferentes perfis dos investidores em renda variável, o HSBC Global Research publicou um relatório indicando as melhores ações para os otimistas e pessimistas com o desempenho do mercado financeiro durante esse momento de grande instabilidade.
De um lado, papéis baratos e de fundamentos sólidos foram indicados para a carteira dos mais “corajosos”, aqueles que querem aproveitar para ir às compras após as grandes perdas registradas no ano; de outro, ações mais defensivas e boas pagadoras de dividendos foram sugeridas para o portfólio dos mais “receosos”. No meio disso, os analistas apontaram ainda as ações que acreditam estar valorizadas demais. Confira:
Portos seguros para os pessimistas e receosos
Para os mais pessimistas e receosos com a crise, o HSBC selecionou dez ações consideradas portos seguros. Em sua maioria, são papéis de empresas de baixo endividamento e grande geração de caixa, boas pagadoras de dividendos, ligadas ao mercado interno e serviços básicos, e cujas receitas são corrigidas pela inflação. Para os analistas, o balanço sólido dessas companhias as deixa em melhor posição para enfrentar seus próximos vencimentos de dívida e necessidades de capital de giro.
AES Tietê (GETI4): A geradora de energia tem a receita totalmente contratada até 2015, com proteção contra inflação. É boa pagadora de dividendos, com dividend yield de dois dígitos, e seu endividamento é baixo.
Odontoprev (ODPV3): A operadora de planos odontológicos apresenta grande posição de caixa, ciclo positivo de capital de giro e alavancagem zero.
BR Malls (BRML3) e Multiplan (MULT3): As receitas com aluguel e comissões de venda acarretam fluxos de caixa mais estáveis para essas gestoras de shopping centers. A receita também é protegida contra a inflação.
Copel (CPLE6): A Companhia Paranaense de Energia tem sua receita protegida contra a inflação, e apresenta grande posição de caixa e baixo endividamento.
Vale (VALE5): O programa de recompra de ações da empresa propicia segurança. Apesar de fortemente ligada ao mercado externo, a companhia apresenta grande posição de caixa e margens fortes.
BR Brokers (BBRK3): Após oferta secundária, a empresa do setor imobiliário apresenta grande posição de caixa, utilizado em pequenas aquisições. Além de ser forte geradora de caixa, seu endividamento é zero.
Hering (HGTX3): Além de não ter exposição a crédito em seu balanço, a empresa conta com o modelo de franquia, que reduz a necessidade de capital para expansão.
Tractebel (TBLE3): Também do setor de energia, a empresa apresenta a receita protegida contra inflação, posição de caixa confortável e alavancagem considerada adequada pela análise do HSBC. A maior parte de suas receitas está contratada até 2014.
Ambev (AMBV4): A fabricante de bebidas apresenta administração de alta competência e pode ser beneficiada por menores custos de matérias-primas.
Ações atrativas para os otimistas e corajosos
Para quem tem uma visão mais otimista e pode arriscar um pouco mais no longo prazo, os analistas do HSBC recomendam ações que ficaram baratas, mas que ainda possuem bons fundamentos. Embora sejam de empresas com menor geração de caixa e compromissadas com investimentos de longo prazo, esses papéis têm grande potencial de crescimento.
A avaliação das instituições financeiras foi feita em separado. Foram recomendadas empresas cujos múltiplos P/L (preço/lucro) e P/VP (preço/valor patrimonial) estão baixos, o que significa que as ações estão subavaliadas pelo mercado – algumas até em um patamar semelhante ao de 2008.
Oi (TNLP4): A ação preferencial (PN) está descontada, sendo negociada a 70% de seu valor patrimonial. O retorno (yield) do fluxo de caixa operacional é de 87% para os próximos 12 meses. Ajustado pelo acréscimo da posição de caixa e pela subtração da dívida de curto prazo, é de 155%. Riscos: Gastos com investimentos e Finanças e Administração, contingências no balanço e problemas de governança.
Eletrobras (ELET6): A ação preferencial é negociada com um bom desconto, a 30% de seu valor patrimonial. Seu índice P/L (preço/lucro) é o mais baixo dos últimos cinco anos, o mesmo nível ocorrido nas baixas da crise de 2008. Riscos: Investimentos e estratégia de internacionalização, histórico de não cumprimento de metas e investimento em projetos de baixo retorno.
Copel (CPLE6): Além de segura, a ação preferencial da estatal é também considerada barata, negociada a um desconto de 20% em relação ao valor patrimonial. Segundo os analistas, a avaliação baixa por parte do mercado vem da estrutura ineficiente de capital e dos baixos índices de distribuição de dividendos. Risco: O único risco relatado pelos analistas foi o fato de o mercado ter pago um prêmio na expectativa de que o governo do Paraná implementasse mudanças favoráveis ao mercado, o que ainda não ocorreu.
Itaú Unibanco (ITUB4): As ações preferenciais do banco estão negociadas segundo a mesma avaliação que tinham no pior momento da crise financeira de 2008, em termos de P/L (preço/lucro) e P/VP (preço/valor patrimonial) futuros. Os analistas do HSBC acreditam que essa avaliação é injustificada e que os investidores estão efetuando descontos excessivos no setor, temendo um aumento na inadimplência e perda de margens daqui para frente.
Bradesco (BBDC4): Os papéis preferenciais do Bradesco estão negociados a um prêmio de 6% para o múltiplo P/VP do banco durante o pior momento da crise financeira de 2008. Os analistas acreditam que, assim como ocorre com o Itaú, essa avaliação é injustificada, e os investidores estão efetuando descontos excessivos no setor, temendo um aumento na inadimplência e perda de margens daqui para frente.
Redecard (RDCD3): As ações da Redecard são negociadas a pisos históricos do múltiplo P/VP, o que significa que estão bastante subavaliadas, embora isso ainda não aconteça em termos de P/L. O alto pagamento de dividendos, a não existência de alavancagem e a forte geração de caixa sustentam a tese.
Ações caras
As ações consideradas caras pelos analistas do HSBC são aquelas de empresas com alto crescimento, muito estáveis e seguras. Elas estão negociadas a um prêmio, em função de boas expectativas do mercado.
CESP (CESP6): As ações preferenciais (PNB) da Cia. Energética de São Paulo são negociadas a um prêmio, em função da expectativa da privatização da empresa, que melhoraria seu desempenho operacional e a estrutura de capital.
Dasa (DASA3): O mercado já precifica as expectativas de uma melhoria no desempenho operacional da rede de laboratórios após a fusão com o MD1. Num primeiro momento, porém, a união aumentou mais o número de ações do que o fluxo de caixa. Para os analistas, o retorno (yield) do fluxo de caixa nos próximos 12 meses não justificaria o prêmio atual. E a posição de caixa melhorou com a emissão de debêntures no valor de 700 milhões de reais, substituindo a dívida de curto prazo.
Cyrela (CYRE3): A avaliação atual não está inteiramente ajustada para o desempenho operacional mais fraco da construtora, o que pode significar que o mercado já precifica uma possível recuperação nas operações.
CPFL (CPFE3): O mercado negociará as ações da companhia energética com prêmio enquanto a empresa continuar a produzir resultados sólidos e mantiver a eficiência na administração. Os analistas do HSBC caracterizam o papel como ativo “premium”.
Lojas Americanas (LAME4): O alto consumo de capital de giro da varejista constitui uma preocupação em tempos de volatilidade econômica. Para os analistas, as ações preferenciais da empresa estão sobrevalorizadas, apesar do retorno (yield) muito baixo do fluxo de caixa. É preciso que ocorram melhorias no desempenho operacional para sustentar as avaliações atuais.