Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, foi o segundo palestrante do Future of Money, evento promovido pela EXAME (Reprodução/Exame)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 21h10.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 11h30.
Realizado no início da noite desta quinta-feira, 15, o segundo painel do evento Future of Money, promovido pela EXAME, discutiu a democratização do mercado financeiro e como o futuro do dinheiro poderá afetar os negócios.
O debate, conduzido pelo Head da EXAME Academy, André Portilho, teve como convidado o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora Rio Bravo Investimentos.
Franco abordou diferentes questões que, em sua avaliação, foram ou poderão ser atores essenciais na promoção de mudanças no sistema financeiro de forma geral, como o PIX, as criptomoedas e as moedas digitais emitidas pór bancos centrais (CBDCs).
As criptomoedas e as moedas digitais ocuparam parte considerável da discussão. Segundo Gustavo Franco, é necessário que esses projetos se ajustem em relação à governança e à regulação para que sejam adotados em escala global.
"Em vista do assunto de evasão tributária e lavagem de dinheiro, imaginar que teremos uma esfera monetária anônima de cash eletrônico.... esquece. É um sonho libertário infantil, adolescente, não vai rolar. E não devemos perder nosso tempo com isso", disse o economista, fazendo referência ao Bitcoin.
Franco, entretanto, não se colocou de forma contrária às novas moedas ou às tecnologias que possibilitam o seu desenvolvimento e lançamento: "Como princípio, acho legal. Quanto mais privacidade, melhor. Odiamos os regimes ditatoriais, os confiscos etc. Vamos trabalhar, então, na governança do sistema. Mas achar que ninguém vai ver, não. É bobagem".
Segundo Franco, será essencial para qualquer moeda digital ganhar ampla adesão para se tornar relevante. "O valor da plataforma tem a ver com o número de interações dentro dela, o que depende do número de participantes", disse Franco, com a ressalva de que não se trata de premissa aplicável somente a empresas de tecnologia.
O ex-presidente do BC também elogiou o PIX, mas lamentou o fato de o lançamento do novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central não ter sido antecipado para atender os mais de 60 milhões de brasileiros que buscaram o auxílio emergencial distribuído pelo governo brasileiro em meio à pandemia do novo coronavírus. O lançamento será no dia 16 de novembro.
"A pandemia trouxe o assunto da bancarização para a frente da fila, e o PIX pode ajudar neste sentido. O PIX teria sido uma solução muito melhor para o saque do auxílio emergencial do que o lançamento da nova nota de 200 reais", comparou.