Criminosos usam o Pix para realizar novos tipos de fraudes bancárias (TransUnioin/Divulgação)
Bianca Alvarenga
Publicado em 16 de abril de 2021 às 06h05.
Última atualização em 5 de maio de 2021 às 11h25.
O Pix tem sido uma mão na roda para quem precisa transferir recursos, pagar contas ou efetuar compras presenciais e digitais. O recurso criado pelo Banco Central tem fortes vantagens: é instantânea, disponível 24 horas por dia e tem custo zero. Mas se usada com um mau propósito, mesmo a melhor das ferramentas pode causar prejuízos enormes. Afinal, circulam pelas redes pessoas que tentam aplicar golpe do Pix.
Desde o lançamento do sistema, mais de 500 bilhões de reais foram transacionados, e o número de operações passa dos 600 milhões. O Pix já representa 8 em cada 10 transferências de dinheiro, superando os tradicionais DOCs e TEDs.
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Aproveitando-se do pouco tempo de uso e da inexperiência dos usuários do Pix, criminosos têm usado o novo sistema de pagamentos para aplicar golpes.
"Tudo que é novo, como sabemos, também acaba atraindo diversos fraudadores, o que tem intensificado um aumento das tentativas de golpes financeiros", diz Ricardo Motta, sócio do escritório Viseu Advogados e especialista em direito do consumidor.
Ele lembra que não há dúvidas de que o Pix é seguro, mas que os clientes devem tomar cuidado redobrado na hora de cadastrar as chaves ou de realizar transações.
Para realizar ou receber uma transferência, o cliente precisa fazer o cadastro de uma chave no sistema do banco em que tem conta. Existem quatro tipos de chaves: por CPF ou CNPJ, número do celular, e-mail e chave aleatória.
Os criminosos enviam e-mails ou mensagens simulando um pedido de cadastro do banco. Ao clicar no link, o cliente é levado para um site falso e tem os dados roubados durante o cadastro.
"Muitos golpistas se passam por bancos, através do envio de links falsos para cadastro no Pix. Ao abrir tais links, a pessoa acaba fornecendo diversas informações pessoais e bancárias", alerta Motta.
Esse golpe é mais antigo e já era realizado de outras formas. Criminosos transferem o número de celular da vítima e instalam o WhatsApp em outro aparelho, ou usam a foto e o nome de alguém em uma nova linha de telefone. Fingindo ser aquela pessoa, os bandidos pedem dinheiro para contatos próximos.
Como o Pix permite transferências em qualquer horário do dia, esse tipo de golpe aumentou consideravelmente. Os DOCs, por exemplo, só podem ser feitos até 22h em dias úteis.
"Não apenas com relação ao Pix, que ainda é uma ferramenta nova, mas também em outras situações, o cidadão deve sempre ter cautela e uma postura de desconfiança", recomenda o advogado
Quando o Pix é usado para o pagamento de uma conta ou compra, é comum que ao invés da chave do recebedor, a transação seja feita por meio de um código numérico ou de um QR Code.
Ao inserir esse código no aplicativo do banco ou ao ler o QR Code com o celular, é importante que o cliente observe com atenção os dados do destinatário do dinheiro, para saber se o recebedor é a pessoa certa.
Esse golpe é bastante similar ao antigo golpe do boleto, em que bandidos "clonavam" um boleto verdadeiro e inseriam os dados de outra conta para o recebimento do dinheiro.
Se você precisa receber dinheiro de um desconhecido pelo Pix, é importante ter cuidado com os comprovantes de transferências falsos. Criminosos forjam comprovantes de operações para simular o envio do dinheiro para a conta das vítimas.
Esse golpe é bastante comum em vendas feitas pela internet, por exemplo. O criminoso finge que fez o pagamento e leva embora o produto comprado.
Aqui vale lembrar um dos aspectos mais importantes do Pix: as transações são instantâneas. Então, se você recebeu o comprovante, mas o dinheiro não caiu na conta, desconfie.
Para todos os casos, a recomendação mais importante é ter cuidado com as informações recebidas e solicitadas. Veja abaixo algumas dicas para fugir das fraudes com o Pix:
É importante lembrar que as instituições financeiras têm adotado uma série de processos e dispositivos de segurança para mitigar as fraudes bancárias - incluindo as que acontecem por meio do Pix. Por isso, boa parte das fraudes acontece por desatenção do cliente, e não por falhas de segurança dos bancos.
Infelizmente, se a fraude ocorrer por descuido do cliente, como o fornecimento de dados em canais que não sejam os da própria instituição financeira, é comum que não haja ressarcimento do prejuízo.
"Não custa lembrar que o usuário tem a sua parcela de responsabilidade e o dever de adotar os cuidados devidos no fornecimento de informações pessoais e financeiras. Isso, inclusive, pode caracterizar culpa exclusiva da vítima, o que acaba afastando a responsabilidade das instituições financeiras", alerta Motta, do escritório Viseu Advogados.