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Gasto médio com juros no cartão foi de R$ 396 em 30 dias

Segundo o GuiaBolso, consumidores acreditam ter pagado R$ 176 de juros no período, mas valor efetivamente desembolsado é mais que o dobro disso

Mulher com cartão de crédito: 39% dos que usam a modalidade não se consideram endividados (gpointstudio/Divulgação)

Mulher com cartão de crédito: 39% dos que usam a modalidade não se consideram endividados (gpointstudio/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 16h10.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2017 às 12h22.

São Paulo - Brasileiros que utilizaram o rotativo do cartão de crédito ou o cheque especial nos últimos 30 dias tiveram a percepção de que pagaram 176,30 reais de juros no período, em média. No entanto, o valor efetivamente pago foi de 396,86 reais, ou seja, mais que o dobro da expectativa dos consumidores.

É o que aponta uma pesquisa feita pelo GuiaBolso a EXAME.com. O aplicativo perguntou aos usuários quanto eles tinham pagado de juros no período e, posteriormente, levantou quanto foi o valor real desembolsado com base nos extratos bancários das contas cadastradas em sua base de dados.

Quando perguntados sobre as taxas de juros cobradas nas modalidades, os pesquisados informaram ter pagado, em média, 11,51% ao mês. No cheque especial, a taxa de juros média ficou em 329% em 2016, 12,9% ao mês. Já a taxa do rotativo do cartão de crédito foi de 485% em 2016 ou 15,8% ao mês.

O rotativo do cartão de crédito, contratado quando o consumidor opta por pagar o valor mínimo da fatura, e o cheque especial, que é contratado automaticamente quando a conta corrente fica com saldo negativo, são hoje as duas modalidades de crédito mais caras no país.

No rotativo, a taxa poderia chegar a 1.100% ao ano até que os juros exorbitantes cobrados na linha entraram no foco do governo, que buscou uma forma de os bancos reduzirem as taxas.

A partir de abril, as instituições financeiras somente poderão rolar a dívida no rotativo por 30 dias. Após esse período, o consumidor terá de ser migrado para uma linha de crédito mais barata. Ainda assim, dependendo do valor, o consumidor irá sentir o peso da taxa no bolso, como mostra a pesquisa do aplicativo.

A pesquisa do GuiaBolso foi realizada com 947 consumidores entre 23 e 25 de janeiro, antes das mudanças anunciadas pelo Banco Central.

39% não se consideram endividados

Mesmo sendo as modalidades de crédito mais caras do mercado, o rotativo do cartão e o cheque especial ainda não são associadas a dívidas. Entre os consumidores que utilizaram as linhas de crédito nos últimos 30 dias, 39% acreditam que não estejam endividados, segundo a pesquisa do GuiaBolso.

Isso porque as modalidades de crédito costumam ser encaradas como uma extensão do salário. O rotativo passa a ser cobrado automaticamente quando o consumidor não paga a fatura mensal do cartão de crédito. O cheque especial também é cobrado de forma automática quando o consumidor fica com a conta corrente negativa.

A cobrança automática dessas linhas de crédito talvez ajude a explicar também o fato de que, apesar de todas as pessoas ouvidas na pesquisa do GuiaBolso registrarem alguma dívida em pelo menos uma das duas modalidades, apenas 68% afirmaram ter utilizado essas linhas de crédito.

 

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