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Gás de cozinha cai 21% em refinarias, mas preço não muda para o consumidor

Para entidade que representa distribuidoras, aumento da demanda em mais de 20% nos últimos dias impediu queda no custo final do produto

Gás de cozinha: na semana passada, o botijão de 13 quilos foi vendido a um preço médio de R$ 69,91 (Classen/ullstein bild/Getty Images)

Gás de cozinha: na semana passada, o botijão de 13 quilos foi vendido a um preço médio de R$ 69,91 (Classen/ullstein bild/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 9 de abril de 2020 às 11h57.

Última atualização em 9 de abril de 2020 às 11h59.

Com a queda dos preços internacionais do petróleo desde o início do ano, acentuada agora pelo agravamento da pandemia do coronavírus em vários países, a Petrobras já reduziu em cerca de 21% os preços do gás de cozinha, o GLP, vendido em suas refinarias. No entanto, na outra ponta, o custo dos botijões de gás ainda não caiu para o consumidor.

O preço médio do GLP nas refinarias da Petrobras é hoje equivalente a R$ 21,85 por botijão de 13 quilos preço cerca de 21% menor que o do início de 2020. No entanto, o preço final do botijão ao consumidor se mantém desde o início do ano na faixa entre R$ 68 e R$ 70 no país.

Na semana passada, o botijão de 13 quilos foi vendido a um preço médio de R$ 69,91, em média no país. Desse preço final do botijão, cerca de R$ 22 formam a parcela da Petrobras outros R$ 10 são impostos. O restante está ligado às atividades de distribuidoras e revendedores.

Para o Sindigás, que reúne as distribuidoras de GLP do país, um dos motivos é a alta de pouco mais de 20% na demanda pelo produto registrada nos últimos dias, com muitas famílias evitando sair de casa. Isso provocou até falta do produto em algumas regiões do país. Muita gente antecipou a compra de botijão sobressalente com medo de desabastecimento, risco que a Petrobras e o Sindigás afastaram.

O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, pediu que as pessoas não estoquem o produto para que os revendedores possam repor os estoques mais rapidamente, o que pode favorecer a queda dos preços:

"Não compre, não estoque agora, espere mais um pouco porque, além de reabastecer a revenda, provavelmente o preço vai estar mais baixo. Essa sensação de escassez de produto não está deixando que as pressões competitivas funcionem normalmente. Ninguém está dando desconto em um produto que está escasso. Ao ser reabastecido o mercado, atualmente os postos revendedores vão intensificar a competição entre si e essa queda de preços nas refinarias vai se refletir no preço final ao consumidor".

Importação

A Petrobras informou que está reduzindo a produção em suas refinarias, mas substituindo a oferta por gás importado. Bandeira de Mello explica que a distribuição do GLP importado exige uma logística maior, já que o produto chega pelo Porto de Santos, no litoral paulista, e precisa ser redistribuído por outras regiões.

"Não há necessidade de comprar antecipado porque não há interrupção no fornecimento. O fluxo continua sendo mantido com as quantidades que cada revenda compra todos os dias. O que vai demorar mais uns dias é a gente conseguir vender para as revendas o que vendem todos os dias mais que a recomposição dos estoques", ressaltou Sérgio Bandeira de Mello, que disse acreditar que a situação se normalize nos próximos dez dias.

Além das cerca de 60 mil toneladas de GLP (equivalentes a 4,7 milhões de botijões de 13 quilos) importadas que já chegaram nos portos de Santos, em São Paulo, e Ipojuca, em Pernambuco, mais um navio com 24 mil toneladas está previsto para chegar no próximo dia 10. O volume total de importações contratadas em abril pela estatal é de 350 mil toneladas, o equivalente a 27,4 milhões de botijões de 13 quilos.

Outra medida adotada pela Petrobras para normalizar e garantir o fornecimento de GLP para aumentar a oferta do produto na região de São Paulo foi a antecipação da entrada em operação de um novo duto que conecta a estação de São Bernardo do Campo à Refinaria de Capuava (Recap), de onde é distribuído o gás importado.

Com esse duto segundo a Petrobras, as entregas em Mauá (SP) aumentaram de 1.000 para 3.300 toneladas por dia, equivalente a 254 mil botijões por dia. As distribuidoras estão carregando seus caminhões com GLP na unidade de Mauá para levar para outras regiões.

A Petrobras explicou que a redução do consumo dos combustíveis como gasolina e diesel, fez com que fosse reduzido o processamento de derivados em suas refinarias, mas informou que no caso do GLP, a queda da produção continuará a ser compensada pelas importações do produto.

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