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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
Os setores de tecnologia e telecomunicações voltaram a atrair a atenção dos fundos de private equity, após o estouro da bolha das empresas ponto-com, no início desta década. Mas, ao contrário da experiência anterior, há razões para apostar que os atuais investimentos não terminarão em um mar de prejuízos, segundo a revista inglesa The Economist. A principal delas é a maior cautela dos fundos ao selecionar seus investimentos, se concentrando em companhias já consolidadas e com lastro em ativos reais.
No setor de telecomunicações, por exemplo, a predileção dos fundos é por grandes companhias - muitas delas, ex-estatais. Embora essas empresas sejam ameaçadas pela concorrência das empresas de telefonia via internet, seu atrativo é dispor de um forte fluxo de caixa, ativos físicos bem determinados e espaço para elevar seu nível de gestão. Esses parâmetros mostram que os fundos de private equity aprenderam com os desastrosos investimentos da década de 90, quando investiram em companhias recém-criadas.
Já o interesse dos fundos pelo setor de tecnologia está crescendo à medida que as empresas estão mais previsíveis em termos de lucratividade e fluxo de caixa. Até recentemente, os investidores ressentiam-se da falta de retorno dessas companhias para o mercado, não divulgando informações como grau de endividamento, nem política de dividendos. Mas agora, alguns analistas já acreditam que as empresas de tecnologia encontram-se no mesmo grau de desenvolvimento que as da velha economia apresentavam no início dos anos 80, quando os fundos de pensão desempenharam um papel relevante na consolidação de vários setores.
Outra modalidade de atuação que está crescendo é a formação de consórcios de fundos de private equity para adquirir companhias de tecnologia e telecomunicações. O caso mais recente é a compra da SunGard, que atua no ramo de armazenamento de dados, por um grupo de sete fundos. A transação atingiu 11,3 bilhões de dólares.
A possibilidade de realizar grandes aquisições é impulsionada ainda pelo grande volume de crédito disponível para essas operações. Até 2003, as empresas de tecnologia dificilmente conseguiam ser vendidas por um valor superior a três vezes o seu ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação). Agora, a média das operações está em cinco vezes.
Segundo The Economist, o próximo desafio dos fundos de private equity será sair destes investimentos em condições lucrativas. "O ponto central é se o ambiente favorável, composto por baixas taxas de juros e grande quantidade de capital, ainda existirá quando chegar o momento de sair das companhias, daqui três a cinco ano", afirma Nikos Stathopoulos, da BC Partners.