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XP impede que fundo nacional participe de seu IPO nos EUA

Vitreo Exponencial já tem 5 mil investidores, mas XP divulgou comunicado de que não deixará fundos nacionais alocarem suas ações durante a estreia na bolsa

Escritório da XP: IPO da corretora que virou banco deve acontecer nos EUA na semana que vem (XP Investimentos/Divulgação)

Escritório da XP: IPO da corretora que virou banco deve acontecer nos EUA na semana que vem (XP Investimentos/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 18h40.

Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 12h29.

São Paulo - A gestora Vitreo lançou terça-feira um fundo de investimentos, o Exponencial, que irá investir nas ações da XP lá fora. Era uma grande oportunidade: a corretora pode valer 14 bilhões de dólares na abertura, marcada para o dia 10 nos Estados Unidos. Mas a iniciativa virou um imbróglio. A Vitreo está em meio a um cabo de guerra para que os bancos emissores da oferta pública de ações da XP a deixem participar da estreia na Nasdaq.

Alocar ações da XP no fundo durante o IPO é importante porque a Vitreo espera que os papéis tenham um ganho nos dias subsequentes à oferta pública inicial. Portanto, participar do IPO permitiria que investidores brasileiros, inclusive clientes da própria XP, pudessem ter esse ganho inicial até que as ações comecem a ser negociadas, dois dias depois do IPO. A XP não distribui produtos da Vitreo, uma gestora independente.

Segundo comunicado da XP divulgado a investidores, a permissão para a Vitreo participar do IPO caracterizaria uma possível oferta irregular. Mas a própria CVM aponta que “em tese, não há restrição para que um ‘fundo brasileiro capte recursos de investidores brasileiros para investir em ofertas públicas no exterior’, em linha com as disposições da Instrução CVM 555".

A Vitreo criou dois fundos para investir nos papéis da XP nos EUA: O Exponencial, destinado a investidores qualificados (que tenham mais de 1 milhão de reais em aplicações financeiras), e o Exponencial Light, para investidores em geral. O voltado para investidores qualificados irá investir 100% da carteira em papéis da XP. Já o fundo para investidores no varejo irá investir 20% do patrimônio em ações da XP, por meio do fundo para qualificados, e os 80% restantes em fundos DI com taxa zero. A demanda é alta: os fundos já reúnem 5 mil investidores, e mais de 75 milhões de reais.

O fundo Exponencial para gestores qualificados cobra 0,07% de taxa de administração. Ou seja, setenta centavos para cada mil reais investidos ao ano. A taxa remunera o banco administrador do fundo, o Santander. Será cobrada uma taxa de 10% sobre o resultado do fundo que exceder o CDI ou o Ibovespa, o que for maior. Já a taxa de administração para o Exponencial destinado aos clientes do varejo será menor, de 0,056%, que é dividida entre a Vitreo e o outro fundo.

George Wachsmann, sócio fundador e CIO da Vítreo, diz que o fundo foi montado porque a casa acredita no crescimento da corretora nos próximos anos. "Sabemos que a participação no IPO depende de questões subjetivas. Mesmo que a XP não deixe a gente participar, acreditamos que o fundo valerá a pena, pois montamos o produto pensando no médio e longo prazo. Vamos comprar as ações quando forem negociadas. Mas é uma pena que o investidor brasileiro seja impedido de ter esse ganho inicial".

Respondendo a críticas recebidas no mercado, o executivo não acredita que o Exponencial seja caro porque discorda de que o produto tem gestão passiva por comprar uma única ação. "Ele serve um propósito específico. Estamos pagando pela análise da ação. Se nossa tese de investimentos passar a não valer mais, e o ambiente competitivo no qual a empresa está inserida mudar, vamos ter de vender as ações, encerrar o fundo e avisar clientes. Está longe de ser um produto simples".

Wachsmann aponta que, caso seja feito um investimento direto em corretoras no exterior quando as ações começarem a ser negociadas há um spread cobrado na conversão de reais para dólares que varia entre 1% a 4% do valor. Como o fundo é caracterizado como um investidor institucional, o spread cobrado no câmbio é menor, em torno de 0,10%. "Ou seja, ele pode pagar mais caro pela taxa de conversão do câmbio do que a taxa de performance, que pode nem vir a pagar, dependendo do resultado do fundo".

O valor de mercado justo da XP, na análise da Levante, seria de 85,9 bilhões de reais assumindo múltiplo P/L 2023 de 20 vezes, um potencial de valorização de 46% sobre o preço topo da oferta de 25 dólares.

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