Após fôlego no fim do mês, Ibovespa fechou com desempenho melhor do que em julho (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2011 às 12h30.
São Paulo – Nada bateu o ouro e o dólar no mês de agosto, marcado pelas fortes turbulências do mercado. Mas não há indícios de que essas duas aplicações repetirão a mesma performance daqui para frente.
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Tipo de aplicação/Indicador | No mês | No ano |
---|---|---|
Ouro | 7,93% | 15,83% |
Dólar | 1,99% | -4,74% |
Fundos de renda fixa | 1,09% | 8,06% |
Selic | 1,02% | 7,65% |
CDI | 0,97% | 7,58% |
Fundos DI | 0,95% | 7,67% |
Poupança (estimativa) | 0,71% | 4,99% |
Fundos Multimercados Multiestratégia | 0,64% | 4,43% |
IGP-M | 0,44% | 3,48% |
IPCA (estimativa) | 0,34% | 4,39% |
Ibovespa | -3,96% | -18,48% |
Fundos de Ações Livre | -7,40% | -14,77% |
Fundos de Ações Small Caps | -8,52% | -19,95% |
Fontes: Banco Central, BM&FBovespa e Anbima
O mês foi de sustos na Bovespa. Após ter assistido à sua maior queda no ano – 8,08% no dia 8 de agosto, quando atingiu 48.668 pontos – o Ibovespa fechou em queda de quase 4%. Seu desempenho, porém, foi melhor do que em julho, quando o índice desvalorizou quase 6%. Apesar das recuperações recentes, a bolsa arrastou com ela os fundos de ações, que tiveram, em média, desempenho inferior ao Ibovespa.
Quem se destacou positivamente foram fundos de renda fixa, que superaram a inflação e a Selic. O bom desempenho se deve principalmente à rentabilidade dos títulos prefixados, que apresentaram boa performance em função da perspectiva de uma futura queda de juros, bem como dos papéis indexados à inflação. Em seguida vieram os fundos DI, indexados ao ainda elevado CDI, e a caderneta de poupança.
Parece, inclusive, que a renda fixa continuará sendo a estrela dos próximos meses, principalmente para quem precisa do dinheiro no curto prazo. Mas agora não é mais a hora dos títulos prefixados, mas sim dos pós-fixados, atrelados à variação da Selic, dizem especialistas. Os ativos ligados à inflação, porém, continuam sendo uma boa pedida.
Apesar do desempenho, ouro e dólar são maus investimentos
Apesar do bom desempenho do ouro nos últimos meses, especialistas não recomendam mais esse tipo de aplicação, principalmente para o pequeno investidor. Para a economista Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos, o cenário nos próximos meses ainda é de incerteza, mas o mercado já deve assistir a uma recuperação no fim do ano, o que tira a atratividade da aplicação. “O ouro não é um investimento adequado”, dispara.
Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Gestão de Patrimônio, concorda: “O ouro hoje carrega um risco bastante alto. Ainda vai ter um período favorável, mas se houver uma melhoria do estado geral do mercado, sua depreciação vai ser bastante forte. E o pequeno investidor costuma entrar com exposição em ouro em ativos no mínimo duvidosos”, opina.
O dólar também é desaconselhável, apesar do avanço de 1,99% em relação ao real. “Dólar não é investimento. A tendência é cada vez mais pressão de baixa. A entrada de recursos estrangeiros continua forte no Brasil, principalmente pela força da nossa economia”, avalia Alexandra, da Lerosa.
Bolsa continua envolta em incertezas
Embora agosto tenha sido um mês marcado por grandes perdas nas bolsas mundiais, rebaixamento do rating dos EUA e incertezas em relação à crise na Europa, a bolsa brasileira acabou assistindo a uma recuperação no fim do mês, o que fez com que seu resultado fosse melhor que o do mês anterior. O Ibovespa fechou com queda de 3,96%, frente a um recuo de 5,70% em julho, e sua desvalorização no ano chega a 18,48%.
Para os fundos, pelo contrário, a situação em agosto foi ainda pior do que em julho. Os multimercados conseguiram resultado positivo, mas há uma grande dispersão no setor, com fundos que desempenham muito bem e outros cuja performance é pífia. Entre os fundos de ações livres e os de small caps, o desempenho médio ficou abaixo do Ibovespa. É fácil entender o mau desempenho dos fundos de small caps, pior aplicação do mês. “São ações mais sensíveis ao cenário de incertezas e, portanto, mais voláteis que os papéis de empresas maiores”, diz Carlos Thadeu Gomes Filho, da Franklin Templeton.
Na opinião de especialistas, só deve entrar na bolsa agora o investidor que pretende manter o dinheiro aplicado por, pelo menos, três anos, e as alocações de recursos devem ser feitas aos poucos. Caso contrário, o melhor é optar apenas pela renda fixa. “O pequeno investidor deve investir por meio de fundos, porque o cenário está bastante complicado”, aconselha Otávio Vieira, da Safdié.
Para quem já está na Bolsa, o melhor é esperar e fazer realocações na carteira, preferindo setores defensivos, como as concessionárias de energia elétrica e de telecomunicações, mas já de olho nas empresas que estão muito descontadas e apresentam bons fundamentos. “Numa eventual recuperação, as ações defensivas passam a ser preteridas”, explica Alexandra, da Lerosa, que vê boas oportunidades nos setores de construção, infraestrutura e nas concessionárias, e desaconselha o de siderurgia.