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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O novo presidente da Previ, Sérgio Rosa, de 43 anos, assume o comando do maior fundo de pensão da América Latina, com cerca de 40 bilhões de reais em ativos, sem pensar em novas aquisições ou em aumentar sua presença em empresas das quais já é sócia. Nosso foco será reorganizar os ativos do fundo, substituindo parte de aplicações em renda variável por renda fixa , afirmou Rosa hoje à tarde em sua primeira entrevista depois de ser empossado no último dia 14. Não é hora de entrar em novos negócios.
A afirmação do executivo, que já foi vereador em São Paulo e presidente da Confederação Nacional dos Bancários, tem duas explicações. A primeira é que a Previ, que hoje tem 52% de seus investimentos em renda variável e chegou a ter 60% deles nessa condição, quer ter, no máximo, a metade dos recursos aplicados no mercado de capitais e a outra metade em renda fixa, imóveis e empréstimos e financiamentos. Isso se não tiver de reduzir ainda mais o percentual.
Resoluções da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) em vigor definiram que fundos de pensão como a Previ têm até junho deste ano para reduzir os investimentos em ações para até 45% dos recursos. Em Brasília, grupos de trabalho da SPC estudam revisar a legislação que regula os investimentos dos fundos. Com isso, o limite de 45% pode ser reavaliado até junho. Se nada for mudado, faremos o necessário para nos enquadrarmos ao que diz a lei , afirma Rosa.
O segundo motivo para a Previ não buscar novos empreendimentos está, naturalmente, no atual cenário econômico nacional e internacional. O momento é difícil e a palavra de ordem é cautela , diz Rosa. As perspectivas de inflação alta e de guerra no Iraque deixam a Previ ainda mais atenta em relação aos próximos investimentos. Nossas análises serão bem rigorosas , diz Rosa. Ele lembra que no passado a Previ cometeu erros gritantes de análise, como ao investir 40 milhões de reais no Magic Park, em Aparecida. Hoje, o parque vale cerca de 3 milhões de reais.
Rosa disse que o governo federal não usará a Previ - e sua grande reserva de recursos -- para atender a seus interesses. Não existe um plano específico para a Previ , disse ele. O que há, segundo ele, é um interesse do governo em facilitar a abertura de novos fundos de pensão e desenvolver os atuais, para gerar poupança para investimentos de longo prazo. A Previ e os outros fundos vão ajudar o mercado de capitais no país , diz Rosa. Mas será uma intervenção natural na economia. Rosa, que desde 2000 é diretor na Previ, foi nomeado para um mandato de quatro anos na presidência do fundo. Os outros nomes da diretoria da Previ serão anunciados até amanhã.
Composição dos investimentos líquidos (em bilhões de reais)* | ||
Segmento | R$ | % |
Renda variável | 19,3 | 52,2 |
Renda fixa | 12 | 32,4 |
Empréstimos e financiamentos | 3,3 | 9 |
Imóveis | 2,4 | 6,4 |
Total | 37 | 100 |
* em novembro/2002 | ||
FONTE: Previ |