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Fintech que virou corretora, Toro não cobra taxa se cliente tiver prejuízo

Por outro lado, se cliente tiver lucro, instituição financeira vai embolsar 10% do valor.

Sócios da corretora Toro: empresa quer aposentar o home broker e facilitar o investimento em ações (Toro/Divulgação)

Sócios da corretora Toro: empresa quer aposentar o home broker e facilitar o investimento em ações (Toro/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 17 de julho de 2018 às 14h49.

Última atualização em 18 de julho de 2018 às 09h20.

São Paulo - A Toro, fintech de educação financeira, anunciou nesta terça-feira (17) o lançamento da sua corretora e apresentou a sua plataforma de investimentos em renda fixa, Tesouro Direto e Bolsa de Valores, marcada por diversas inovações.

Uma delas chama mais atenção: o modelo de remuneração da corretora. Se o cliente tiver prejuízo em investimentos indicados pelos seus 13 analistas, a Toro não vai cobrar taxa de corretagem. Por outro lado, caso as aplicações financeiras tenham lucro, a nova instituição financeira ficará com 10% do valor.

Essa estratégia só vale para a compra e venda planejada de ações. Nesse modelo, o cliente da corretora poderá adquirir um dos papéis recomendados pela instituição financeira. Ao aceitar a indicação, já saberá que caso a cotação do papel ultrapasse um determinado valor de prejuízo ou de lucro, o papel será automaticamente vendido.

Para indicar os papéis, os analistas se baseiam em uma união da análise gráfica e fundamentalista. A corretora irá indicar papéis para operações de cinco minutos a três anos.

A compra planejada de ações é uma forma de aposentar o home broker. Na visão de Gabriel Kallas, um dos fundadores da fintech, a tradicional plataforma de compra e venda de ações é algo muito complexo de ser usado por grande parte dos investidores. "A venda de ações e o descadastramento da ordem de venda, por exemplo, não são operações unificadas. O investidor que não fica atento a isso começa a ter prejuízo em uma operação que nem sabe que ainda está ativa".

Atualmente, apenas 0,3% dos investidores aplicam dinheiro na bolsa. O objetivo da Toro é incentivar o mercado para que, ao menos, esse número fique próximo ao da média dos países emergentes, de 5%.

Em investimentos em títulos de renda fixa e no Tesouro Direto, a corretora não irá cobrar taxa de corretagem.

Outra inovação da Toro é permitir que usuários da plataforma possam vender para outros clientes seus títulos de renda fixa, caso precisem se desfazer deles antes do vencimento.  Contudo, o investidor tem de estar disposto a abrir mão de parte do lucro que obteve com a aplicação.

No início, haverá um deságio padrão para os investimentos disponibilizados para venda. Com o passar do tempo, e aumento da base de usuários, a ideia é ajustar esse deságio conforme a oferta e a demanda. A corretora não revela o valor do deságio padrão.

A Toro também irá oferecer um assessor digital desenvolvido a partir da tecnologia de videobots interativos. Os clientes poderão tirar dúvidas e fazer simulações personalizadas com a tecnologia.

Caso a dúvida não seja solucionada, a corretora tem uma equipe com 70 profissionais certificados para atender clientes. Essa equipe poderá ser contatada por telefone, chat ou e-mail. A corretora não irá trabalhar com agentes autônomos. "Vamos substituí-los por tecnologia", diz Kallas.

Renda fixa também pode ser mais simples

Não é só a renda variável que precisa ser simplificada. A Toro acredita que investimento em renda fixa também precisam ser mais didáticos.

Bastará que o cliente informe o quanto deseja investir e por quanto tempo para que a corretora ofereça aplicações adequadas a esses objetivos em sua plataforma. Não será necessário se preocupar com a segurança dos investimentos: a Toro irá oferecer apenas aplicações financeiras cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

A plataforma aberta de renda fixa da corretora terá produtos oferecidos por cerca de 50 instituições financeiras, além da opção de investir em títulos do Tesouro Direto.

Histórico

A mineira Toro foi criada há oito anos e é a primeira fintech brasileira a virar corretora. "Os bancos vêm se movimentando para criar suas próprias fintechs, o que é legítimo. Agora, vemos um movimento contrário: as fintechs estão buscando virar bancos e corretoras", analisa Kallas.

A ideia da corretora é se diferenciar tanto dos grandes bancos, que não oferecem muitas opções de investimento, como dos bancos digitais, que simplificaram a linguagem do mercado financeiro, mas continuam a oferecer poucas aplicações financeiras. O fundador da corretora cita indiretamente o Nubank, que passou a permitir apenas a aplicação automática de recursos de sua conta no Tesouro Direto.

O foco da nova corretora será pessoas físicas com patrimônio menor do que 500 mil reais. No ano passado, a empresa recebeu um aporte de 46 milhões de reais de um grupo de investidores, entre eles o presidente da Localiza, Eugênio Mattar, por uma fatia de 25% do negócio.

Por enquanto, não há previsão da venda de cotas de fundos de investimento pela plataforma e, no futuro, a Toro pretende incentivar os usuários a balancear a sua carteira de investimento.

Em pré-lançamento, a plataforma da nova corretora já pode ser acessada pelos 1 milhão de cadastrados na Toro. Para novos clientes, é possível cadastrar um e-mail para ser avisado sobre o lançamento.

A fintech já oferece uma assinatura de um boletim, o Toro Radar, para investidores com perfil mais avançado. A partir de agora, esses clientes poderão recebê-los de forma gratuita dentro da corretora.

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