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"Ficar no Brasil é melhor do que entrar em pânico", diz John Williamson

Para o economista considerado "pai" do Consenso de Washington, país ainda oferece boas opções de ganhos para os investidores

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A crise financeira é séria, a confiança nos países emergentes está se desmoronando, a economia real vai ser atingida. Mas, em meio a esse cenário sombrio, ainda é possível encontrar oportunidades de lucro para quem não se deixar dominar pelo pânico. E a bolsa brasileira é uma delas, de acordo com o economista americano John Williamson, conhecido como o "pai" do Consenso de Washington, por ter formulado os princípios que o nortearam. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por e-mail a EXAME:

EXAME - Com o aprofundamento da crise financeira mundial, o descolamento entre países emergente e desenvolvidos está no fim?

John Williamson - Havia dois sentidos em que a palavra descolamento era usada. Um significava que os países emergentes serão menos afetados que os desenvolvidos, como os Estados Unidos. Por isso, o balanço de pagamento dos primeiros cresceria e isto limitaria uma recessão econômica. O outro, que sempre foi falso, era que a desaceleração dos países ricos não afetaria o crescimento dos emergentes. Mas o primeiro significado, no qual muitos acreditam, parece agora questionável. Muitos emergentes estão claramente no caminho de desacelerações tão severas quanto às do mundo desenvolvido.

EXAME - A bolsa brasileira foi, por algum tempo, uma das mais resistentes à queda. Mas, nos últimos tempos, ela está entre as mais castigadas. Por quê?

Williamson - Tenho a impressão de que muitos estrangeiros deixaram a bolsa. Isto não ocorreu devido a fatores locais do Brasil, mas porque outros investimentos estavam no prejuízo, e eles foram forçados a liquidar alguns bons negócios. Penso que o mercado brasileiro caiu, em parte, porque uma porção de ações era detida por estrangeiros.

EXAME - Por outro lado, as bolsas de países que estão no epicentro da crise, como Estados Unidos e Inglaterra, vêm caindo menos que as de países emergentes. Como o senhor avalia essa diferença?

Williamson - Presumivelmente, a maior queda dos emergentes reflete o medo de que esses países ainda sejam vulneráveis. Mesmo se os países não forem endividados, seus setores privados podem sê-lo. E os governos estão relutantes em usar suas grandes reservas para intervir. E, mesmo que os países não precisem de muito dinheiro novo, ainda precisam rolar as dívidas antigas.

EXAME - Segundo muitos economistas, o Brasil ainda apresenta bons fundamentos. Há uma crise de confiança dos estrangeiros em relação ao país?

Williamson - No Norte, não há propriamente uma crise de confiança; há pânico. As projeções de crescimento do Brasil ainda estão abaixo da média dos emergentes, mas, mesmo assim, aqueles que permanecerem no mercado brasileiro e não se deixarem levar pelo pânico farão melhor do que as vítimas do medo.

EXAME - O que pode fazer com que as bolsas reajam?

Williamson - Os mercados estão tomados por fatores psicológicos, e é impossível afirmar com certeza que a reviravolta virá em tal data, ou após certos eventos. Estou entre os que acreditam que as perspectivas de longo prazo do Brasil são favoráveis, mas só podemos torcer para que isso signifique uma retomada rápida.

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