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83% das pessoas já se endividaram para pagar água ou luz, diz Serasa

Segundo a pesquisa, mais da metade dos entrevistados diz que contas básicas ocupam a maior parcela de seu orçamento mensal

Inadimplência: contas básicas pesam mais que meio salário mínimo (BernardaSv/Thinkstock)

Inadimplência: contas básicas pesam mais que meio salário mínimo (BernardaSv/Thinkstock)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 11h28.

Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 12h02.

A pesquisa “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2023” da Serasa e da Flexpag (fintech da instituição), em parceria com o Instituto Opinion Box, mostra que 83% dos inadimplentes entrevistados disseram que já atrasaram o pagamento de outro tipo de conta para priorizar contas de água, luz ou gás.

Segundo o estudo, 53% dos brasileiros endividados dizem que essas três contas representam a maior parcela de seu orçamento mensal. Para a maioria (82%) das pessoas, o valor do básico dentro do orçamento chega até a R$ 750, o que representa mais da metade do salário mínimo atual de R$ 1.320.

A pesquisa também mostra que 61% já pediram dinheiro emprestado para amigos ou familiares e 49% já pegaram empréstimo para conseguir pagar contas básicas. Além disso, 45% responderam que já tiveram uma das três contas (água, luz ou gás) cortadas por falta de pagamento. Para policiar o endividamento, 88% responderam que acompanham os valores das contas básicas, além de 83% enfatizar que conversam com os membros familiares sobre a importância de reduzir o consumo de água, luz e gás.

Alimentação sobra para o cartão de crédito

Com grande parcela do orçamento comprometido com contas básicas e a prioridade em pagá-las, para evitar os cortes, a alimentação sobra para o cartão de crédito, que não consegue ser quitado. O estudo revela que 55% dos entrevistados responderam que as dívidas de cartão de crédito seguem sendo as mais impactantes, sendo que das dívidas contraídas por conta do cartão de crédito, 59% delas correspondem a compras em supermercados.

“A gente passou pela pandemia e junto com ela teve a inflação de alimentos. Também tivemos o aumento da taxa de juros. Mas não tivemos, nesse mesmo período, um aumento do salário mínimo. Então o consumidor de até dois salários mínimos, passa a ter que fazer escolhas: vai pagar as contas de água, luz ou de alimento?”, comenta Luis Filipe Cavalcanti, COO da Flexpag.

Segundo o especialista, por isso é necessário os métodos alternativos de pagamentos e as iniciativas para auxiliar os consumidores a se tornarem adimplentes novamente, como os feirões do Serasa. Felipe Schepers, COO da Opinion Box, também enfatiza a importância de uma educação financeira. “Do ano anterior para cá, houve uma alta de 8 pontos percentuais, de 32% para 40%, de pessoas que dizem controlar seus gastos, seja em planilha ou papel de caneta. Se você tem um pouco mais de controle, você consegue priorizar melhor dentro do orçamento", comenta.

Black Friday preocupa em partes

De acordo com o Mapa da Inadimplência da Serasa, em setembro havia 71,8 milhões de pessoas inadimplentes no Brasil. Como este mês, novembro, é marcado pela Black Friday e o próximo pelas festas de final de ano, os especialistas demonstram estarem em alerta sobre a piora no endividamento, mas dizem que a educação financeira melhorou, o que pode contribuir para um equilíbrio.

“O consumidor tem se tornado mais consciente para fazer melhores escolhas de compras e também está economizando mais para conseguir comprar. Além disso, tem o pagamento do 13º que pode ser gasto com a Black Friday. Por outro lado, o cartão de crédito segue sendo o principal tipo de dívida e, abaixo dos alimentos, compras de eletrodomésticos, roupas e calçados (46%) aparecem no cartão de crédito, que são itens bastante adquiridos na Black Friday. Então há uma preocupação de como vai ser o uso do cartão de crédito, mas há um melhor planejamento financeiro”, afirma Schepers.

Metodologia

Ao todo, a pesquisa ouviu 11.541 pessoas maiores de 18 anos de todas as regiões do país, sendo 52% homens e 48% mulheres, que estão inadimplentes atualmente. O objetivo foi entender qual é o comportamento desses consumidores. As respostas foram coletadas em outubro de 2023, por meio de questionário online.

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