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Estas ações já despencaram como a Vale e mostram que Bolsa não é brinquedo

Vale já voltou a subir na Bolsa, mas na segunda (28), foi a 10ª maior queda diária entre os papéis do Ibovespa desde o Plano Real. Relembre dias de pânico

Vale: A derrocada de empresas na Bolsa como essa mostra que a capacidade de previsão do próprio mercado financeiro é limitada (Michael Nagle/Bloomberg)

Vale: A derrocada de empresas na Bolsa como essa mostra que a capacidade de previsão do próprio mercado financeiro é limitada (Michael Nagle/Bloomberg)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 14h42.

Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 14h59.

São Paulo - O tombo da Vale na Bolsa foi grande após o rompimento da barragem em Brumadinho. As ações da mineradora despencaram 24,5% na última segunda-feira (28) e a empresa perdeu 72 bilhões de reais em valor de mercado. Foi a décima maior queda diária de uma ação entre os papéis da atual carteira do Ibovespa desde o Plano Real, de 1994. 

Nesta terça-feira (29), as ações da Vale voltaram a subir, com a notícia de que os engenheiros que prestaram serviço à empresa foram presos. Como sempre, o mercado precificou o que parecia ser o apocalipse, mas depois se acalmou. O preço das ações da Vale agora depende das consequências que a empresa sofrerá daqui para frente pelo rompimento da barragem.

Quedas bruscas diárias no preço de ações como as da Vale são pouco prováveis, mas não acontecem só em dias de grandes tragédias ou de notícias que mudam a história. A maior queda entre os papéis da atual carteira do Ibovespa desde o Plano Real, de 1994, foi das ações da Smiles, no ano passado. Os papéis despencaram 34,8% no dia 15 de outubro, quando a Gol anunciou que pretende incorporar a empresa no grupo.

Outras quedas bruscas também acontecem em momentos que chocam o Brasil e o mercado. Quando vazaram as denúncias da JBS em 2017, por exemplo, as ações do frigorífico caíram mais de 30%.

A derrocada de empresas na Bolsa como essas mostra que a capacidade de previsão do próprio mercado financeiro é limitada. Às vezes, as empresas demoram meses até retomar seus resultados. No entanto, no longo prazo, a tendência é que as companhias se recuperem. “As notícias ruins passam, mas as empresas continuam”, diz Felipe Tadewald, especialista em renda variável da casa de análise financeira Suno Research. 

Além disso, quedas bruscas de ações são uma oportunidade para lembrar que só se dá bem na Bolsa quem diversifica suas aplicações e investe em empresas de setores diferentes. “O investidor de precisa ter estratégia e paciência”, diz Roberto Indech, analista-chefe da corretora Rico.

A seguir, veja as maiores quedas diárias entre as ações da atual carteira do Ibovespa desde o Plano Real, de 1994. Os dados foram divulgados pela Economatica, provedora de informações financeiras, a pedido do site EXAME.

Data da maior queda diáriaAçãoQueda
15 de outubro de 2018Smiles (SMLS3)38,84%
10 de setembro de 1998Sabesp (SBSP3)34,80%
13 de janeiro de 1995Embraer (EMBR3)31,82%
22 de maio de 2017JBS (JBSS3)31,34%
22 de dezembro de 2015Via Varejo (VVAR3)29,79%
1º de outubro de 2018Qualicorp (QUAL3)29,37%
14 de janeiro de 1999Sabesp (SBSP3)28,79%
25 de setembro de 1998TIM (TIMP3)25,00%
8 de agosto de 2011Marfrig (MRFG3)24,83%
28 de janeiro de 2019Vale (VALE3)24,52%

Dias de pânico na Bolsa

A derrocada de ações de empresas na Bolsa acontece em dias comuns, mas também quando algumas notícias mudam a história, como o rompimento da barragem da Vale. A seguir, relembre alguns momentos de pânico na Bolsa brasileira.

Joesley Day

Em 17 de maio de 2017, vazaram as denúncias da JBS. Os donos do frigorífico, Joesley e Wesley Batista, pagaram propina para ter vantagens para suas empresas e gravaram o então presidente da República, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

No dia seguinte, a Bolsa fechou na maior queda em quase nove anos até então, de 8,8%. As negociações chegaram a ser suspensas por 30 minutos, por causa da queda abrupta no preço dos papéis. A maior perda do dia não foi da JBS: as empresas Eletrobras, Cemig e Banco do Brasil lideraram as baixas, com queda de cerca de 20%. A ação da JBS despencou nos dias seguintes, com queda de mais de 30%.

Acidente da Latam

Em 17 de julho de 2007, um voo da TAM, hoje Latam, não conseguiu frear ao tentar pousar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Todos os 187 passageiros e tripulantes a bordo e mais doze pessoas em solo morreram. É o acidente aéreo com mais mortes na história da aviação brasileira.

No dia seguinte, as ações da TAM desvalorizaram 9,07%, a maior queda desde a estréia da empresa na Bolsa, em 2005. O Ibovespa, porém teve um leve recuo 0,18%, acompanhando o exterior. O maior problema, porém, veio depois. Durante os meses seguintes, as ações da TAM e de outras companhias aéreas sofreram quedas expressivas, até o setor aéreo resolver sua crise de imagem.

Onze de setembro

A queda das torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001, paralisou o mercado por quatro dias nos Estados Unidos. No Brasil, a Bolsa abriu as portas, mas encerrou o expediente no meio do pregão.

Naquela terça-feira, 46 ações da Bolsa atingiram suas cotações mínimas dos últimos 12 meses e o Ibovespa encerrou o pregão com queda de 9,18%. Foi o dia de pânico na história da Bolsa.

Plano Collor

A maior queda da história do Ibovespa aconteceu em 21 de março de 1990. Naquela quarta-feira, a Bolsa despencou 22,27%, após o pânico do mercado causado pelo Plano Collor. O então presidente determinou o bloqueio das cadernetas de poupança até o limite de 50 mil cruzados novos. Desde então, o Ibovespa se levanta, aos trancos e barrancos.

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