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Nem sempre as small caps são as mais arriscadas na Bovespa

Especialistas indicam investimento de longo prazo em empresas de pequeno porte, que, segundo estudo, podem ser menos arriscadas que a Vale

BM&FBovespa (EXAME)

BM&FBovespa (EXAME)

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Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 10h32.

Quando o banco de investimentos Lehman Brothers mostrou ao mercado que a crise do subprime (hipotecas de alto risco nos Estados Unidos) era muito mais séria do que se previa, os investidores não tiveram dúvidas. Correram para vender o mais rápido possível as ações de empresas de menor porte, conhecidas como small caps. Temerosos de que as companhias poderiam não suportar o impacto da crise, muitos aceitaram receber pelos papéis apenas uma parte do valor que apresentavam poucos dias antes. Era preferível ganhar menos ou até mesmo ter algum prejuízo que correr o risco de ver o dinheiro evaporar.

 
Apenas nos dois últimos meses, o índice Small Caps subiu quase o dobro do Ibovespa. "Em momento de estresse, os compradores somem - e quem quer vender tem que aceitar receber pouco. Mas quando o cenário muda, todos procuram os papéis, e a situação se inverte - para levar as ações, é preciso pagar mais", explica Saulo Sabbá, diretor de Gestão da Máxima Asset Management.

Embora ainda não se possa dizer que a crise acabou, há uma percepção no mercado de que a pior fase já ficou pra trás. Em busca de oportunidades, os investidores estrangeiros regressaram ao Brasil, trazendo consigo o equivalente a 11 bilhões de reais. "A maior parte desse dinheiro foi para ações de primeira linha, mas já há investimentos também em small caps, o que nos leva a crer que os estrangeiros vieram para ficar", diz Pedro Lérias, gestor de Carteiras da Verax Serviços Financeiros.

Algumas small caps, ressaltam os especialistas, foram excessivamente penalizadas nos últimos meses, se transformando em pechinchas. "Havia empresa valendo menos que seus ativos. O mercado exagerou nas expectativas", diz Eduardo Favrin, diretor de Renda Variável do HSBC Global Asset Management. Diferentemente das blue chips (maiores empresas da bolsa), as small caps são pouco avaliadas pelos especialistas. As atenções reduzidas abrem margem para distorções no mercado - e quem as percebe pode lucrar com isso.

Hoje, os analistas já não vêm mais a possibilidade de uma onda de falências, como se falava no auge da crise. Pelo contrário. Agora, eles acreditam que muitas small caps foram menos afetadas pela crise que grandes companhias - e podem apresentar um forte crescimento no futuro. "A categoria ainda não se beneficiou do grau de investimento", destaca Favrin. A melhora na nota de crédito do Brasil reduz o custo de captação das empresas, contribuindo para os resultados. "Com a crise, as companhias não tiveram acesso a esses recursos mais baratos. Mas uma hora isso vai acontecer", diz Favrin.


A questão é saber quando. Ninguém arrisca um palpite. Como as small caps são muito distintas entre si, esse tempo pode variar bastante. "Por isso, só recomendo a aplicação nesses papéis para quem tem objetivos de longo prazo", enfatiza Lérias.

Risco X retorno
Um princípio básico de finanças diz que o retorno de um investimento é diretamente proporcional ao risco que ele apresenta. Ou seja, quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganhos. De forma geral, as small caps são mais arriscadas que as blue chips, mas quando analisamos cada ação isoladamente verificamos que nem sempre o que é válido para o conjunto pode ser aplicado individualmente. Um estudo da consultoria Cyrnel Internacional mostra que há no índice Small Caps mais de 20 ações menos arriscadas que as da Vale. Entre elas Medial (MEDI3), Hypermarcas (HYPE3), Porto Seguro (PSSA3) e Randon (RAPT4).

Baixo risco
As small caps menos arriscadas que Vale e Petrobras
Ação Risco*
Ibovespa 1
Comgás (CGAS5) 1,10
Celesc (CLSC6) 1,24
Porto Seguro (PSSA3) 1,25
Telemig (TMCP4) 1,30
Light (LIGT3) 1,30
Energias do Brasil (ENBR3) 1,33
Unipar (UNIP6) 1,35
Braskem (BRKM5) 1,44
Petrobras (PETR4) 1,46
Confab (CNFB4) 1,50
Banco Pine (PINE4) 1,58
Dasa (DASA3) 1,64
Randon (RAPT4) 1,64
Copasa (CSMG3) 1,66
OHL Brasil (OHLB3) 1,66
GVT (GVTT3) 1,68
UOL (UOLL4) 1,68
Banrisul (BRSR6) 1,69
SulAmérica (SULA11) 1,70
Marcopolo (POMO4) 1,70
Marfrig (MRFG3) 1,74
Sadia (SDIA4) 1,59
Hypermarcas (HYPE3) 1,76
Medial (MEDI3) 1,78
Vale (VALE5) 1,78
* Quanto mais próximo de 1, menor é o risco da ação

 O estudo, explica Marcos Jorge, analista da Cyrnel, considera não só os fundamentos das empresas e dos setores como também as perspectivas para os próximos meses. As ações mais arriscadas concentram-se no setor de construção. Das dez primeiras colocadas no ranking, cinco são de construtoras - Tenda (TEND3), Agra (AGIN3), MRV (MRVE3), Abyara (ABYA3) e Gafisa (GFSA3).

Nas últimas semanas, duas corretoras divulgaram relatórios sugerindo aos investidores cautela com os papéis do setor. O pacote habitacional, lançado pelo governo em março, animou o mercado, mas os analistas acreditam que ainda é cedo para uma recuperação.

Em quais papéis investir?

Decidir em qual small cap investir não é fácil. Há poucas informações circulando no mercado e nem sempre os dados do balanço são suficientes para se fazer uma análise adequada da empresa. Aos poucos, as corretoras estão voltando a incluir os papéis de empresas de menor porte em suas carteiras sugeridas, mas nem mesmo os analistas concordam nas indicações. Onze corretoras consultadas pelo Portal EXAME sugeriram 18 small caps para investimento em junho. Apenas uma foi indicada por mais de uma corretora (veja as ações recomendadas para junho).

Se por um lado os especialistas divergem na indicação das ações, por outro, têm a mesma opinião sobre o melhor caminho para os pequenos investidores. Fundos de investimentos e fundos de índices (também conhecidos como ETFs - Exchange Traded Funds) são apontados como as opções mais atrativas para quem deseja aplicar em small caps, mas não tem tempo ou conhecimento para isso. No Brasil, o banco de investimento Barclays é o responsável pela gestão do iShare BM&FBovespa Small Cap, ETF que tem como referência o índice Small Cap. Ao comprar uma cota do produto, o investidor estará investindo nas mesmas ações que compõem o índice Small Cap. Aqueles que preferem uma gestão mais ativa encontrarão nos bancos opções de fundos que têm como objetivo superar o índice Small Cap.
 

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