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Emprestei meu nome e não pagaram a dívida. E agora?

Quem empresta o nome corre risco, pois é ele quem sofre todas as consequências, no caso de calote, e não quem usou o crédito tomado

Preocupação: Apenas 11% de quem empresta o nome recebe o valor integral da dívida (Thinkstock/SIphotography)

Preocupação: Apenas 11% de quem empresta o nome recebe o valor integral da dívida (Thinkstock/SIphotography)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 19 de setembro de 2016 às 05h00.

São Paulo - Emprestar o nome para um conhecido comprar um bem ou entrar em um financiamento é a quarta maior causa de inadimplência no Brasil, segundo uma pesquisa do Boa Vista SCPC. O empréstimo de nome está apenas atrás de desemprego, descontrole financeiro e diminuição de renda. Assustador, não?

“É um risco que sempre quem empresta o nome corre, pois é ele que sofre todas as consequências, e não quem pegou o dinheiro emprestado. Se não houver pagamento, não há ônus nenhum para quem usou o dinheiro”, explica Flávio Calife, economista do Boa Vista SCPC.

E não são as poucas as consequências, se você assumiu no seu nome uma dívida que não foi quitada pelo outro. Um em cada dez inadimplentes ficam com o nome sujo por essa razão, principalmente por emprestar o nome para amigos (27%) e irmãos (21%), segundo uma pesquisa do SPC Brasil.

Isso significa que você pode ser impedido de assumir um financiamento em qualquer banco ou de parcelar novas compras em qualquer loja do mercado, por exemplo, por até cinco anos —veja como limpar seu nome no Serasa, SPC e SCPC

O estudo também mostrou que 29,6% dos entrevistados tiveram que economizar e cortar gastos para pagar as dívidas de terceiros, e apenas 11% receberam o valor integral da dívida.

“Normalmente, quem solicita o empréstimo a um conhecido é porque já está com dificuldade de contratar crédito, por estar endividado ou inadimplente”, explica o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Há também quem peça o nome de outra pessoa emprestado para aproveitar as taxas mais baixas do crédito consignado, oferecida só a funcionários de empresas privadas, servidores públicos e aposentados pelo INSS veja quais são os melhores e piores empréstimos para você.

No estudo do SPC Brasil, 39,6% dos entrevistados afirmaram que o principal motivo para tomarem essa atitude de emprestar seus dados, cartão ou cheque foi o de ajudar, e 28% não sabiam o valor que seria gasto em seu nome por terceiros.

“Com a relação de confiança, você quer ajudar a pessoa e o outro acaba abusando”, diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.

Não empreste seu nome a ninguém

Ok, você já percebeu que há muitos riscos em emprestar o nome para alguém comprar um bem ou entrar em um financiamento, e que você vai se prejudicar 100% pela dívida que o outro fez no seu nome, se ele não pagar o débito. Por isso, não empreste seu nome a ninguém.

“Diante do credor, não há nada que você possa fazer. Você permitiu que uma terceira pessoa se passasse por você, por livre e espontânea vontade”, explica Vívian Moraes, gerente jurídica do SPC Brasil. Mas em relação ao conhecido que deve para você, você pode e deve cobrá-lo.

Contrato, nota promissória e cheque predatado previnem má fé

Nada garante que você receberá de volta o dinheiro que emprestou e que você não ficará com o nome sujo pela inadimplência do outro. No entanto, se você já emprestou seu nome, algumas iniciativas ajudam a prevenir esse risco.

Uma delas é elaborar um contrato, você mesmo, que sirva como prova judicial de que o outro deve a você esse dinheiro. “O documento não precisa ter palavras complexas e termos jurídicos. É só os dois assinarem um papel que descreve o valor da dívida e a forma e a data de pagamento”, orienta Vívian, do SPC Brasil.

Uma nota promissória ou um cheque predatado substituem esse documento e também reduzem o risco de não pagamento da dívida.

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