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Em quanto tempo chego ao primeiro milhão com R$1000 por mês?

Internauta deseja saber que aplicações financeiras são adequadas para se juntar um milhão de reais e em quanto tempo poderia atingir a meta


	Calendário: com aplicações bem conservadoras dá para chegar ao 1º milhão em 40 anos
 (Divulgação/Divulgação)

Calendário: com aplicações bem conservadoras dá para chegar ao 1º milhão em 40 anos (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2014 às 07h00.

Dúvida do internauta: Quero aplicar mil reais ao mês para chegar ao meu primeiro milhão. Quais aplicações financeiras são adequadas e em quanto tempo isso seria possível?

Resposta de José Ricardo Porto Gomes*:

Em primeiro lugar, sugiro conversar com algum especialista, de preferência um Planejador Financeiro Certificado (CFP, Certified Financial Planner), no momento da decisão de iniciar seus investimentos para que você possa fornecer mais informações sobre o objetivo desta reserva para o futuro (se precisará ter renda mensal, se é para pagar os estudos de seus filhos, se é para sua aposentadoria etc.), para que possa receber as orientações mais direcionadas para atender a estes objetivos.

Agora vamos adotar algumas premissas:

Analisando o histórico dos últimos cinco anos (9,55%) e 10 anos (12,22%) teríamos uma taxa de juros Selic média de 10,88%, ou 0,86% ao mês. Se olharmos a média do índice oficial de inflação, IPCA, teremos 5,5% ao ano. Verificando o histórico da poupança, temos uma taxa média de 0,55% ao mês nos últimos anos.

Como você fará aportes mensais de valores baixos não acessará produtos com rentabilidades mais elevadas, tais como CDBs (Certificado de depósito bancário), fundos, Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

Então minha sugestão seria investir na poupança até atingir o patamar de 200 mil reais, quando alcançará melhores taxas e produtos em seus bancos de relacionamento, podendo inclusive diversificar este valor, caso tenha algum especialista para acompanhar seus investimentos.

No caso dos CDBs, você poderá obter uma taxa bruta média de 90-95% do CDI (a taxa média diária do CDI de um dia é utilizada como referencial para o custo do dinheiro). Ou aplicando em LCA ou LCI, teria uma taxa líquida média de 85-90% do CDI (equivalente à taxa bruta de 100-106% do CDI, considerando 15% de imposto de renda, alíquota obtida após dois anos de investimento).

Devemos considerar a taxa média e histórica de inflação anual de 5,5% para podermos analisar os ganhos reais e manter seu poder de compra ao longo dos anos.

Sendo assim, a decisão de onde investir dependerá muito da sua necessidade de liquidez ao longo do tempo e para qual fim este milhão se destinará. O que tento mostrar aqui é o horizonte do investimento que terá pela frente assim como quais produtos farão você “chegar mais rápido”.

CDBs/Compromissadas:

Títulos emitidos pelos bancos com prazos entre três e cinco anos (varia de banco para banco) e, com isso, você pagará imposto de renda nestas renovações. Além disso, terá um CDB novo a cada mês que aportar os mil reais e diversos vencimentos mensais após o prazo de 3 ou 5 anos.

Terá um pouco mais de trabalho para controlar estas dezenas de vencimentos. Deve obter um retorno em torno de 80-90% do CDI até que atinja um patamar acima dos 200 mil reais aproximadamente.

Fundos de investimento abertos:

Fundos de diversos tipos de risco e perfil de carteira: DI, renda fixa, inflação, multimercados, ações, câmbio. Requerem um acompanhamento maior de sua parte e recomendo ter algum especialista para acompanhá-lo nas sugestões e realocações.

Incide o chamado “come-cotas” semestral (maio e novembro de cada ano) sobre o valor dos rendimentos semestrais acumulados. Isso “freia sua corrida ao milhão”, pois pagará IR semestralmente, deixando de ganhar os rendimentos sobre o valor deste IR que se acumula com o tempo.

Porém, você conseguiria controlar tudo em um único tipo de aplicação, sem vencimentos. Até atingir um milhão, deverá obter retorno entre 90-95% do CDI, dependendo da classe do fundo e da taxa de administração.

LCA/LCI:

Títulos emitido por bancos com prazos que variam de um mês a dois anos, podendo chegar até a um prazo maior. Pode ser uma opção quando você acumular um valor de pelo menos 200 mil reais, quando os bancos devem ofertar taxas maiores.

Excelente opção para o perfil conservador, porém terá renovações periódicas, mas você pode ir juntando os valores aos poucos (a cada lote de 100 mil a 200 mil reais, por exemplo) e concentrando em menos vencimentos. Obterá retorno entre 85-90% do CDI, líquido de IR.

Previdência:

Fundos de previdência têm peculiaridades, mas no longo prazo, por não ter vencimento como um CDB e come-cotas como os fundos, permite postergar o pagamento do IR sobre os rendimentos, o que traz um bom ganho ao investidor, além da menor alíquota de IR ser de 10% após 10 anos (na tabela regressiva), a menor entre todos os produtos de investimento.

Como seu objetivo é de longo prazo, pode ser uma boa opção. Além disso, a previdência ainda pode ser usada como um veículo sucessório. Sugiro um VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre) que tem IR apenas sobre os rendimentos e por estarmos olhando o longo prazo.

No longo prazo, é a forma mais rápida de acumular seu primeiro milhão. Encontrará fundos que também dependem da taxa de administração, mas para este valor terão um retorno entre 85-95% do CDI.

Quanto tempo para atingir o primeiro milhão

Fazendo simulações considerando o histórico de taxas e índices acima e perspectiva para os próximos anos, além da média de retorno dos investimentos atuais, você atingiria seu primeiro milhão com aproximadamente 40 anos de acúmulos mensais de mil reais.

Simulei a aplicação dos mil reais mensais na poupança até atingir os primeiros 200 mil reais, com posterior migração para LCA/LCI com retorno de 90% do CDI. A cada acúmulo de novos montantes de 100 mil reais com os aportes mensais de mil reais, o montante seria migrado para uma nova LCA/LCI ou para haver menos vencimentos e facilitar o controle.

*José Ricardo Porto Gomes é CFP, planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

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Vídeo: Por que é tão difícil atingir o primeiro milhão?

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