Pedestres na avenida Paulista, em São Paulo: com a pandemia, brasileiros alteram a sua lista de prioridades financeiras | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2021 às 18h08.
Guardar dinheiro para comprar a casa própria tem sido historicamente o hábito financeiro prioritário de brasileiros não importa a classe social. Mas a pandemia do novo coronavírus e um novo ambiente de informações mudaram esse comportamento. É o que revela a quarta edição do Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa promovida e recém-divulgada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Um em cada quatro brasileiros, ou 27% para ser mais exato, declarou que montar uma reserva de emergência ou guardar dinheiro se tornou o hábito financeiro prioritário para aqueles que conseguiram de fato ter essa sobra.
A pesquisa foi realizada com 3.408 pessoas das classes A, B e C entre novembro e dezembro do ano passado. Um ano antes, em 2019, apenas 17% dos brasileiros haviam declarado que montar a reserva de emergência era prioridade.
"A pandemia trouxe essa conscientização sobre a necessidade de ter algum dinheiro guardado para emergência. Ainda é cedo para saber se as pessoas vão, de fato, transformar essa intenção em atitude no futuro, mas é positivo perceber maior propensão ao planejamento", diz Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima.
Segundo especialistas, a mudança pode ser creditada também ao aumento da educação financeira e da disponibilidade de informações aos investidores e aos brasileiros de modo geral, em um fenômeno relacionado ao financial deepening. O fenômeno foi retratado na capa da edição de julho da EXAME.
A reserva de emergência ficou logo à frente da compra da casa própria, que foi citada por 26% dos entrevistados. Esse havia sido o objetivo financeiro prioritário nas três edições anteriores do Raio X do Investidor da Anbima. Um ano antes, em 2019, um em cada três brasileiros (35%) haviam declarado que esse era o objetivo principal.
A mudança foi puxada pelo brasileiro da classe C: 26,7% disseram no fim de 2020 que a compra da casa própria era a prioridade ao guardar dinheiro, um percentual muito abaixo dos 38,6% verificados um ano antes, segundo a entidade.
Nas classes A e B, as quedas nas menções à casa própria foram respectivamente de 2,4 e 3,8 pontos percentuais.
Os demais destinos apontados para as economias dos brasileiros das classes A, B e C são aposentadoria, viagem, compra de carro ou moto e investir no próprio negócio, sem variação significativa em relação ao ano anterior.