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Para especialistas, é hora de lucrar com CDB

Com a alta de juros e dos compulsórios e a venda do PanAmericano, os CDBs viraram uma excelente opção em renda fixa

Panamericano: a crise que quase levou o banco à lona aumentou a rentabilidade do CDB (Divulgação)

Panamericano: a crise que quase levou o banco à lona aumentou a rentabilidade do CDB (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2011 às 07h05.

São Paulo - Com a alta dos juros e as dificuldades do banco PanAmericano, os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) se transformaram na melhor aplicação financeira em janeiro (veja a tabela abaixo). As taxas estão tão atraentes neste momento que não é difícil obter uma rentabilidade de 1% ao mês, principalmente com depósitos em instituições financeiras pequenas e médias. Essa remuneração tende a crescer ainda mais nos próximos meses porque o Banco Central acaba de iniciar um novo ciclo de aumento da básica de juros (Selic). A maioria dos CDBs ganha com isso porque são indexados ao CDI. Outra vantagem é que, caso o investidor tenha até 70.000 reais ou então faça um planejamento adequado, poderá investir em CDBs com um risco baixíssimo.

Ativo ou índice Rentabilidade em janeiro (%)
CDB 0,93
Fundos DI 0,82
IGP-M 0,79
IPCA 0,74
Poupança 0,57
IBrX 50 -3,64
Ibovespa -3,94
Ouro BM&F -9,39

Para os pequenos investidores, a melhor forma de obter uma boa rentabilidade é fugir dos CDBs vendidos por grandes bancos. Dificilmente um investidor com pouco dinheiro vai conseguir uma remuneração maior do que 90% do CDI. Caso procure no mercado um CDB de banco médio, entretanto, não haverá dificuldades para encontrar taxas entre 100% e 115% do CDI – dependendo da instituição, do volume aplicado, do prazo de resgate e da necessidade de liquidez. A tabela abaixo mostra a remuneração oferecida para clientes do banco Sofisa para CDBs. As taxas não fogem muito do que pagam outras instituições financeiras de pequeno e médio porte:

CDB do banco Sofisa Rentabilidade (para aplicações de R$ 50.000)
Liquidez diária após 30 dias, com prazo de investimento de 540 dias 102% do CDI
Prazo de 90 dias sem liquidez diária 104% do CDI
Prazo de 180 dias sem liquidez diária 106% do CDI
Prazo de 1 ano sem liquidez diária 108% do CDI
Prazo de 1 ano e meio sem liquidez diária 110% do CDI
Prazo de 2 anos sem liquidez diária 112% do CDI

O CDI é a principal referência do mercado para investimentos em renda fixa pós-fixados. Em geral, essa taxa não costuma se distanciar muito da Selic - nesta segunda-feira, por exemplo, os valores eram de 11,14% e 11,25%, respectivamente. "Empréstimos indexados ao CDI são sempre interessantes em ciclos de alta da taxa básica de juros da economia como o atual", diz Manuel Lamas, sócio da XP Investimentos. O CDB de dois anos do banco Sofisa, por exemplo, oferece um rendimento bruto de cerca de 12,5% ao ano - com tendência de crescimento à medida que a Selic continue a subir. Para CDBs, não há cobrança de taxas de administração como em aplicações como fundos DI ou de renda fixa. Do lucro, só será deduzido o Imposto de Renda no momento do resgate. A alíquota varia de acordo com o prazo de aplicação (veja tabela abaixo)

Prazo de investimento Alíquota do IR (em %)
Até 180 dias 22,5
Até 181 a 360 dias 20
De 361 a 720 dias 17,5
Acima de 720 dias 15

Efeito-PanAmericano

Não é apenas o aumento da Selic que tornou os CDBs tão atrativos neste momento. A decisão do BC de elevar os depósitos compulsórios recolhidos pelos bancos em dezembro também favoreceu esse investimento. Com menos dinheiro na praça, é natural que as taxas subam, principalmente para os bancos pequenos e médios, que dependem mais do dinheiro captado no mercado. O aumento da emissão de letras financeiras pelos bancos grandes é outro fator que contribuiu para enxugar a liquidez. Esses papéis são emitidos por bancos, se assemelham às debêntures e, como foram regulamentados recentemente, somente agora começam a atrair a atenção dos investidores.


As dificuldades enfrentadas pelo banco PanAmericano são outro fator que tornaram os CDBs mais atrativos. A crise na instituição fechou as linhas de crédito que estavam disponíveis para os rivais. "O dinheiro é covarde", diz Marcio M. Cardoso, diretor da corretora Título. Por mais que especialistas considerem o sistema financeiro brasileiro sólido, bem-regulamentado e bem-fiscalizado, o resgate do banco de Silvio Santos mostrou que outras instituições podem quebrar mesmo em momentos positivos para a economia. Também ficou claro que o país precisa de avanços institucionais capazes de inibir fraudes contábeis - o que começou a ser resolvido com a criação de uma central de registro de créditos.

Como reduzir o risco

O investidor deve fazer sua parte para reduzir o risco da aplicação em CDBs. De acordo com resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é obrigado a garantir a qualquer correntista bancário a restituição de até 70.000 reais em caso de quebra de uma instituição financeira. Isso significa que quem possui em um banco um valor menor do que esse aplicado em CDBs não tem com o que se preocupar. Mesmo se a instituição falir, não haverá prejuízo ao poupador. "Nesse caso, o investidor corre o risco do FGC, e não do banco onde aplicou. E esse é um risco baixíssimo", diz Rodrigo Caparica, diretor de captação e operações estruturadas do banco Prosper.

Quem possui um patrimônio de 120.000 reais, por exemplo, deve dividi-lo entre mais de um banco para se proteger. O fato de o PanAmericano ter sido resgatado pelo FGC não é garantia de que esse sempre será o desfecho de uma crise bancária. Em 2004, por exemplo, o banco Santos sofreu intervenção do BC, e muitos de seus correntistas nunca recuperaram a maior parte do dinheiro aplicado. "Mesmo com a remuneração atrativa, acho que o CDB de um banco pequeno só compensa o risco se forem respeitados os limites para que haja a garantia do FGC", diz Beto Domenici, estrategista da Rio Bravo Private Banking.

Vale lembrar que o limite de 70.000 reais vale para a soma do dinheiro depositado em conta corrente, caderneta de poupança e CDBs. O FGC garante 70.000 reais por CPF, e não por produto. Se o investidor tiver 70.000 reais em poupança e mais 70.000 reais em CDBs de um mesmo banco, só a metade do patrimônio estará garantido. O dinheiro depositado em fundos não entra nessa conta, já que os quotistas podem transferir a administração para uma segunda instituição financeira caso a primeira enfrente dificuldades. Ações também ficam de fora, já que basta para o investidor transferir esses investimentos para outra corretora.

Há, no entanto, uma regra específica para conglomerados de instituições financeiras que deve ser levada em consideração pelo investidor. Uma pessoa que tiver 70.000 reais numa conta de um banco e mais 70.000 em outra instituição do mesmo grupo só terá metade do patrimônio protegido pelo FGC. Outra exceção é para contas conjuntas. Nesse caso, não serão pagos 70.000 reais por pessoa. Esse valor terá de ser dividido entre os titulares. Por outro lado, cônjuges e dependentes possuem CPFs diferentes e são considerados pessoas físicas distintas do titular de uma conta. Mesmo que cada um tenha uma conta diferente no mesmo banco, todos estarão protegidos até o limite de 70.000 reais.


Como comprar

Comprar CDBs de um banco médio não é tão simples. No site do banco onde já possui conta, é provável que o correntista só encontre CDBs da própria instituição. Também não existe um local que mostre quais são as taxas pagas por cada banco. O investidor terá, portanto, de fazer uma pesquisa em sites e centrais de atendimento dessas instituições e descobrir onde é mais vantajoso investir. O segundo passo será abrir uma conta na instituição escolhida. A maior parte dos bancos médios vai exigir que o interessado no CDB apresente cópias de CPF, RG, comprovante de endereço e declaração de IR para que se torne correntista. É provável que essa conta não tenha custo nenhum - trata-se, assim, de uma barreira burocrática.

O investidor que já possui uma conta em uma corretora poderá burlar essa barreira. Algumas instituições, como a XP Investimentos, distribuem aos clientes CDBs de diversos bancos. A corretora pode até mesmo orientar o investidor e ajudá-lo a decidir qual é o melhor. Mas em troca costuma ser cobrada uma pequena comissão.

Mesmo assim, a aplicação pode valer a pena porque, ao contrário do que acontece na bolsa, o pequeno investidor dificilmente tem acesso a boas oportunidades na renda fixa. Fundos DI e de renda fixa costumam cobrar taxas maiores e oferecer retornos menores para quem tem pouco dinheiro. Muitas das debêntures lançadas por empresas nem podem ser compradas por pessoas físicas. E, no mercado de CDBs, é muito mais fácil conseguir boas taxas de remuneração quando o investidor tem muito dinheiro (veja na tabela abaixo qual é a diferença em um banco como o HSBC).

CDB DI de 1.800 dias com liquidez diária do HSBC Rentabilidade
Aplicação entre R$ 2.000 e R$ 15.000 80% do CDI
Aplicação entre R$ 15.000,01 e R$ 25.000 91% do CDI
Aplicação entre R$ 25.000,01 e R$ 50.000 93% do CDI
Aplicação entre 50.000,01 e R$ 100.000 95% do CDI
Aplicação entre R$ 100.000,01 a R$ 200.000 98% do CDI

CDB X outras opções

Entre os CDBs, o mais interessante neste momento são os indexados ao CDI. O investidor que tiver esses papéis em mãos estará mais protegido caso o BC eleve nos próximos meses a Selic para um patamar acima do que está sendo esperado pelo mercado. Os especialistas consultados por EXAME.com afirmam que os CDBs indexados ao IPCA também são uma ótima opção - o problema é que eles são muito difíceis de achar.

Quem tem o objetivo de proteger o dinheiro da inflação ao longo do tempo faz um bom negócio se comprar uma NTN-B, segundo Manuel Lamas, da XP Investimentos. Esse título público pode ser comprado por meio do site do Tesouro Direto com a intermediação de uma corretora. Como a inflação está alta há alguns meses, no entanto, os juros pagos por esses papéis não são tão atrativos e ficam por volta de IPCA mais 3% a 4% ao ano.

Para Beto Domenici, da Rio Bravo, a melhor opção para a pessoa física neste momento é encontrar um bom fundo de renda fixa para investir seu dinheiro. Ele gosta de fundos bem diversificados que compram debêntures, CDBs, letras financeiras e títulos públicos. Mesmo se correr pouco risco, um bom fundo pode entregar algo entre 102% e 106% do CDI porque o gestor consegue negociar com o emissor taxas mais altas. "O mais importante é contar com a ajuda de um gestor profissional que fica de olho no mercado o dia todo e tem mais chance de vender determinado papel antes se perceber que o risco de crédito cresceu", diz Domenici.

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