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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Após a queda na semana passada de quase 8% no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e o surgimento de mais dúvidas quanto ao setor de crédito imobiliário nos Estados Unidos, muitos investidores começaram a se perguntar se já não é chegada a hora de voltar para os fundos de renda fixa. Afinal, em julho, a Bolsa caiu 0,39%, enquanto os fundos DI foram os campeões de rentabilidade. Além disso, no ano, o Ibovespa já acumula alta de 22% - e, portanto, é de se esperar uma realização de lucros.
A resposta, segundo os especialistas, é não. "O investidor não deve tomar decisões com base em fatores pontuais. O ideal é que ele faça uma avaliação de seu perfil de investimentos ( clique aqui e veja o seu) e monte uma carteira diversificada. Assim, as eventuais perdas em uma aplicação são compensadas pelos ganhos de outra", afirma a superintendente de Produtos de Investimentos do Citibank, Elizabeth Gomes.
Agir por impulso, alertam os especialistas, é um dos maiores erros que o investidor pode cometer. Quem modifica sua estratégia de investimento a cada movimento de sobe-e-desce do mercado corre o sério risco de perder sempre, pois provavelmente irá realizar prejuízo ao sair da Bolsa na baixa, e voltará ao mercado na hora errada, quando parte da valorização já estiver incorporada no preço das ações. Resultado: o investidor acabará fazendo exatamente o contrário do desejado, que é comprar na baixa para vender na alta e embolsar o lucro.
"Todo movimento de queda traz consigo uma oportunidade de investimento. Quem opera constantemente no mercado sabe disso, tanto que apenas na segunda-feira (30/7) a bolsa subiu mais de 3%", afirma Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor do livro "Dinheiro - os segredos de quem tem". Isso quer dizer que vale a pena comprar ações toda vez que a Bolsa cair? Não. A Bolsa é bom negócio quando as empresas estão saudáveis e apresentando crescimento sustentável - como agora, segundo avaliação dos especialistas. O perigo surge quando as mudanças no cenário econômico afetam os negócios das empresas, reduzindo seu resultados.
"Enquanto a movimentação no mercado for apenas financeira - ou seja, sai de um investimento para entrar em outro - não há motivos para deixar de investir na Bovespa", diz Cerbasi. As oscilações da semana passada foram causadas, principalmente, pela transferência de recursos dos investidores estrangeiros, que diante dos dados negativos da economia americana buscaram proteção nos títulos públicos dos EUA. Aos olhos dos analistas, ainda não há motivos para preocupação e a Bolsa brasileira deve recuperar as perdas da semana passada nos próximos dias.
Mudança de comportamento
Apesar de ainda causar frio na barriga de muitos investidores, o sobe-e-desce do mercado já não agita tanto as aplicações de quem está fazendo pé-de-meia. "Pouco tempo atrás era comum os investidores correrem para transferir o dinheiro de uma aplicação para outra ao menor sinal de mudança no mercado. Hoje, os investidores estão mais maduros e já começam a entender que, com a queda dos juros, será necessário correr mais risco para ter um retorno melhor", diz Elizabeth.
Prova desse amadurecimento, segundo a executiva, é o fato de que a queda na Bolsa na semana passada não causou uma fuga dos fundos de ações e multimercados, que sofrem com as oscilações do mercado. A captação desses fundos cresceu em julho, pelos dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). Até o último dia 25, os fundos de ações contavam com patrimônio de 114,2 bilhões de reais, ante 108,1 bilhões acumulados no mês passado. Os fundos multimercados contabilizavam 253,8 bilhões de reais, 8,7 bilhões de reais a mais que em junho.
Já os fundos renda fixa tiveram seu patrimônio reduzido em 2,4 bilhões de reais, para 362,4 bilhões de reais, e os fundos DI registraram leve aumento de patrimônio, passando de 165,8 bilhões de reais em junho para 166,9 bilhões de reais neste mês. "Mesmo com as turbulências na Bolsa, não deve haver uma migração de recursos para os fundos DI. Isso somente aconteceria se o governo sinalizasse uma alta de juros, o que não é o caso. Esses fundos serão, cada vez mais, destinados para objetivos de curto e médio prazos, ficando a Bolsa como o investimento de longo prazo dos brasileiros", afirma Cerbasi.
A rentabilidade dos fundos de investimentos
Fundos | Em julho* (%) | 30 dias* (%) | No ano* (%) | 360 dias* (%) |
Referenciado DI | 0,84 | 0,98 | 6,90 | 12,76 |
Renda Fixa | 0,72 | 0,89 | 7,25 | 13,56 |
Multimercados Sem RV | 0,08 | 0,59 | 9,76 | 16,73 |
Multimercados Com RV | -0,59 | -0,26 | 8,92 | 20,36 |
Ações - indexado Ibovespa | -1,13 | -0,64 | 19,63 | 42,40 |
* Até 26 de julho Fonte: Anbid |