Dólar: alta da moeda americana ante o real atinge 4,34% desde o início do mês (Burak Karademir/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 29 de março de 2019 às 14h51.
Última atualização em 29 de março de 2019 às 14h56.
São Paulo - Desde o início do mês, o dólar registra uma alta de mais de 4% em relação ao real. A forte oscilação da moeda atrapalha os planos de quem tem viagem marcada para o exterior e precisa comprar a moeda americana.
Nesta quinta-feira (28), o dólar ultrapassou o valor de 4 reais — cotação que não atingia desde outubro do ano passado. Em corretoras de câmbio cadastradas no site comparador de preços de moedas MelhorCâmbio, cada dólar era vendido por 4,07 reais, em média, na tarde desta sexta-feira (29).
A alta da moeda foi causada principalmente por uma "perda de foco" na discussão sobre a reforma da Previdência, além de dificuldades de articulação política entre Executivo e Legislativo, diz Sidnei Nehme, da corretora NGO. “A reforma é fundamental para que o país supere seu “status quo” crítico na questão fiscal e recupere capacidade de retomada desenvolvimentista, com a intensificação da atividade econômica, geração de emprego, renda, consumo e arrecadação”.
Diante do aumento das incertezas em relação ao futuro da reforma, investidores começaram a formar preços de ativos de forma descontrolada. Como resultado, o dólar passou a sofrer com um movimento especulativo, mesmo que o país não tenha problemas cambiais.
Contudo, o movimento de alta parece ter se controlado após alguns anúncios na seara política, que ajudaram o dólar a fechar abaixo dos 3,90 reais na sessão desta quinta-feira (28). O presidente da Câmara Rodrigo Maia deve se encontrar com Paulo Guedes, que deve se envolver mais na articulação da reforma. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro deu declarações de que vai se reunir com o presidente da Câmara no retorno de sua próxima viagem, e houve a definição do relator da PEC da previdência na CCJ.
Mas, afinal, quem vai viajar para fora do país pode respirar aliviado? É hora de comprar a moeda americana?
De acordo com especialistas, é difícil fazer uma previsão. Para Nehme, apesar de ser um movimento predominantemente especulativo, a retração dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil deve perdurar e poderá até aumentar dependendo da continuidade dos conflitos políticos. “O preço deve continuar volátil até que o embate político diminua”.
Portanto, vale a recomendação de comprar a moeda aos poucos, de forma a garantir uma cotação média e diminuir prejuízos com eventuais oscilações. O ideal é que o valor a ser adquirido seja dividido por semana até a data da viagem.
Especialistas do mercado financeiro aposta que a moeda americana termine 2019 em um nível um pouco abaixo do atual, cotada a 3,75 reais, de acordo com o último boletim Focus divulgado pelo Banco Central.
Para diminuir prejuízos com a alta da moeda americana ante o real, além de comprar dólares aos poucos, o caminho é pesquisar.
A pesquisa pode ser feita inicialmente no site do Banco Central, com a ferramenta Ranking do VET, que mostra as corretoras de câmbio que praticam o Valor Efetivo Total (VET) mais vantajoso na compra da moeda.
O VET é uma taxa que inclui não apenas o custo da moeda estrangeira, mas também as tarifas e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes na conversão.
Contudo, os valores praticados pelas instituições financeiras hoje podem ser diferentes daqueles praticados no mês de referência da pesquisa. O ranking, portanto, deve ser utilizado apenas como uma sinalização sobre quais casas podem cobrar os menores preços.
Para chegar a uma conclusão mais precisa, é recomendável pesquisar os custos que as corretoras oferecem no dia em que será feita a conversão e, por fim, checar se a conversão é, de fato, a mais vantajosa em sites comparadores de preços, que mostram as cotações em tempo real, tomando o cuidado de verificar se todas as corretoras que cobram uma taxa de conversão melhor estão incluídas na listagem.
Em momentos de alta da moeda e volatilidade do mercado, o viajante deve evitar ao máximo realizar gastos no cartão de crédito durante a viagem. No cartão de crédito, a cotação da moeda normalmente é definida na data de fechamento da fatura, enquanto na aquisição de moeda em espécie e recarga do cartão pré-pago vale a cotação do momento em que foi realizada a transação.
A desvantagem do cartão pré-pago é a incidência de 6,38% de IOF, que baixa para 1,1% sobre o valor da compra no caso de moedas em espécie.