Mercado de câmbio ganha novos serviços para empresas e segmento financeiro (iStock/Getty Images)
Anderson Figo
Publicado em 12 de julho de 2017 às 17h32.
Última atualização em 13 de julho de 2017 às 18h10.
São Paulo — A notícia sobre a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acentuou a tendência de queda do dólar vista nos últimos dias, e a moeda voltou ao patamar dos 3,20 reais. Segundo especialistas, quem tem viagem marcada ao exterior deve aproveitar o momento para comprar a divisa americana.
"Se a pessoa tiver viagem marcada para dezembro, por exemplo, poderia comprar agora uma boa parte do dinheiro que precisará levar, até no máximo 50%. O restante deve ser comprado aos poucos nos próximos meses", afirma Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.
Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, a pessoa só deve aproveitar o momento para comprar a totalidade de dólares que precisa se a viagem já estiver muito próxima e se o dinheiro que será desembolsado na operação não fizer falta para ela.
Caso contrário, o ideal é comprar uma parte agora e o restante aos poucos, no decorrer dos próximos meses. “O cenário político tem mexido muito com a cotação do dólar. Às vésperas da delação da JBS, por exemplo, o dólar estava na casa dos 3,25 reais. Em seguida, foi para 3,42 reais”, afirma.
Na avaliação de Bergallo, da FB Capital, ainda há espaço para novas baixas da moeda americana. “O mercado sente que, mesmo com a possibilidade de queda do presidente [Michel Temer], a agenda das reformas será mantida.”
“O Rodrigo Maia, que assumiria o país em caso de queda do Temer, tem apoio do Congresso e tem eventualmente mais condições do que o atual presidente para aprovar as reformas”, diz. “A condenação do Lula era previsível e a possibilidade de ele ficar impedido de disputar as eleições em 2018 traz alívio ao mercado.”
Como o preço do dólar é influenciado por uma série de fatores tanto internos quanto externos, não há um consenso sobre para onde a cotação do dólar deverá seguir nos próximos meses. Segundo a versão mais recente do Boletim Focus do Banco Central, o mercado projeta que a moeda americana terminará 2017 em 3,35 reais.
De qualquer forma, os especialistas ouvidos por EXAME.com recomendam a compra dos dólares necessários para a viagem ou pagamento de contas no exterior em datas diferentes —uma parte agora, para aproveitar o momento de baixa, e o restante aos poucos até o fim do ano. Com isso, é possível aproveitar cotações variadas e minimizar os riscos.
É importante saber que, ao seguir a estratégia de comprar a moeda aos poucos, a pessoa não deve fazer as compras aleatoriamente. É preciso se comprometer a comprar dólar sempre que houver algum movimento de queda, sem abrir mão de sua estratégia inicial. Será preciso também ficar atento ao noticiário.
Além disso, sempre vale a dica de procurar pela melhor cotação. As casas de câmbio tendem a embutir nas cotações praticadas de dólar taxas que reflitam o custo de suas operações, por isso o valor varia de um lugar a outro —e, em alguns casos, a diferença pode ser grande.
No site do Banco Central, é possível utilizar a ferramenta Ranking do VET, que mostra o Valor Efetivo Total (VET) da conversão de moedas estrangeiras em de diferentes casas de câmbio. O VET engloba a taxa de câmbio, as tarifas e os tributos incidentes sobre a conversão, apresentando o custo final da compra.
Se você está indo para o exterior, a recomendação é que você leve uma parte menor de recursos em dinheiro vivo e coloque a maior parte em um cartão pré-pago.
Isso vai te proteger em caso de roubo ou perda, já que o cartão pré-pago pode ser facilmente bloqueado e substituído onde você estiver. Já o dinheiro em espécie, quando perdido, não há o que possa ser feito, e você fica com o prejuízo.
Os cartões possuem bandeiras diferentes, são aceitos em todo o mundo e podem ser solicitados em casas de câmbio, agências de intercâmbio, online ou até mesmo por telefone.
A recarga pode ser feita remotamente e você consegue controlar o extrato de gastos online. Por isso, é uma ótima opção também para os pais que estão mandando seus filhos para estudar no exterior.
É importante lembrar, porém, que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado nas recargas de dólar em cartões pré-pagos é de 6,38%, enquanto que a taxa para a compra da moeda em espécie é de 1,10%.