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1. Edson Bueno, o engraxate que virou doutor
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1/10 (EDUARDO MONTEIRO)
São Paulo - Antes de posar para a foto ao lado no clube de Tênis da Amil, no Recreio dos Bandeirantes, o médico e empresário Edson Bueno já viveu dias de bastante pobreza. Criança, trabalhava como engraxate na pequena Guarantã, no interior paulista, onde nasceu. Sua mãe era dona-de-casa e seu padrasto, caminhoneiro. Com dificuldades na escola, repetiu quatro vezes a quarta série. Sua vida começou a mudar quando conheceu o médico da cidade e se encantou pela profissão. Superando seus problemas de aprendizado, formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu primeiro emprego, no Hospital São José, em Duque de Caxias (RJ), mostrou mais uma vez a capacidade de Bueno de superar problemas. Como o hospital frequentemente deixava de pagar o salário, o médico sugeriu ao dono que lhe pagasse com cotas de participação. Na prática, Bueno começou a deixar de ser empregado para se tornar sócio da instituição, que se tornou o embrião da Amil. Hoje, a operadora de planos de saúde é uma das maiores do país. Somente no terceiro trimestre de 2010, sua receita foi de 1,9 bilhão de reais. A cifra é 28 vezes maior que o PIB de Guarantã, sua cidade-natal.
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2. Ralph Lauren, de vendedor de gravatas a guru da moda
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2/10 (Getty Images)
O bilionário teve uma infância difícil em vários aspectos. Filho de um pintor de paredes, nasceu em 1939 e se criou no bairro barra-pesada do Bronx, em Nova York. Para ganhar algum dinheiro, vendia gravatas aos colegas da escola judaica – isso, até abandoná-la para servir o Exército. Se fosse nos dias de hoje, seria possível dizer também que ele foi vítima de bullying na infância. As outras crianças não o deixavam em paz por causa de seu sobrenome original: Lifshitz. Em inglês, o som soa como um palavrão. Constrangido, foi o irmão mais velho de Ralph, Jerry, quem decidiu trocá-lo por algo que não desse margem para piadas – e adotou o famoso Lauren. Assim, adolescente, nascia Ralph Lauren. Nos anos 60, após o serviço militar, ele trabalhou como balconista e, depois, novamente como vendedor de gravatas. Foi quando percebeu a vaidade enrustida dos homens de negócios, e de como havia uma clientela desejosa de novidades. Em 1967, lançou sua própria linha de gravatas, que se tornou um sucesso. No ano seguinte, criou sua primeira linha completa de moda masculina, mas a famosa camisa polo só seria criada em 1972. Hoje, sua fortuna é avaliada em 4,6 bilhões de dólares pela Forbes.
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3. Lírio Parisotto, da roça gaúcha para o mercado de ações
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3/10 (Germano Lüders/EXAME)
Filho de uma família simples de pequenos agricultores, Parisotto cresceu em uma casa de madeira com frestas que deixavam entrar o vento gelado do rigoroso inverno gaúcho. Ia para escola descalço para não gastar sapato e trabalhava na roça da família com os nove irmãos. Sua vida começou a mudar aos 22 anos, quando virou sócio de uma pequena loja de som em automóveis. Em 1988, criou a Videolar, que nasceu produzindo fitas cassete e VHS. Depois, diversificou a linha de produtos e hoje é líder de mercado entre os fabricantes brasileiros de CDs e DVDs. Dez anos depois, Parisotto deixou o dia-a-dia da Videolar para se lançar em uma nova empreitada – o mercado de ações. Investindo dinheiro do próprio bolso, chegou a perder 600 milhões de reais no pico da crise financeira que eclodiu em 2008. Bem humorado, na época, declarou que não havia perdido nada, porque não havia vendido nenhuma ação. Sua paixão pelo mercado de capitais é tamanha, que ganhou um escritório na sede da corretora Geração Futuro.
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4. Larry Ellison, de filho adotivo a dono da Oracle
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4/10 (Getty Images)
Antes de amealhar uma fortuna avaliada em 28 bilhões de dólares pela revista americana Forbes, Larry Ellison também teve seus dias de contar centavos. Ele nasceu em Nova York, de uma mãe solteira que não quis criá-lo e o deu para um casal de tios que morava em Chicago. Em meio às dificuldades, conseguiu cursar dois anos da Universidade de Illinois e apenas um semestre da Universidade de Chicago. Quando sua mãe adotiva morreu, Ellison se mudou para a Califórnia, onde teve uma série de empregos simples durante quase dez anos. Em 1977, fundou uma companhia de desenvolvimento de softwares – sim, nascia a Oracle, hoje uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.
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5. Sérgio Amoroso, dias de fome ficaram para trás
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5/10 (Divulgação)
Aos 11 anos, Sérgio Amoroso começou em seu primeiro emprego – o de assistente de almoxarifado em uma fábrica de calçados em Birigui (SP). Seus pais haviam se mudado para a cidade, após verem sua pequena propriedade rural ir à falência. Sete anos depois, Amoroso decidiu se mudar para a São Paulo em busca de novas oportunidades. Dividindo o apartamento com alguns conhecidos, conseguiu sobreviver por oito meses, até que o dinheiro acabou. Passou fome vários dias até encontrar um emprego numa fábrica de embalagens de papelão. O futuro empresário cresceu na profissão até que a companhia pediu concordata, abatida pela crise econômica que sacudia o Brasil no início dos anos 80. Em 1981, Amoroso e alguns sócios alugaram um galpão na Zona Leste de São Paulo e montaram sua própria fábrica. Era o início do Grupo Orsa, hoje um dos maiores produtores de papel e celulose do país. O grupo faturou 378 milhões de dólares no ano passado, segundo a edição especial MELHORES E MAIORES de EXAME.
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6. Howard Schultz, de bolsista universitário à Starbucks
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6/10 (Divulgação)
Schultz cresceu em um conjunto habitacional do Brooklyn, enquanto seu pai trabalhava como operário em sucessivos empregos. O empresário só conseguiu cursar a faculdade porque conseguiu uma bolsa para o time de futebol. Seu primeiro emprego foi na Xerox, em 1979, mas as copiadoras não eram o futuro de Schultz. A virada começou quando ele foi contratado pela fabricante suíça de máquinas de café Hammarplast. Foi ali que ele conheceu uma pequena rede de cafeterias de Seattle – a Starbucks. Em 1987, Schultz comprou a empresa por 3,8 milhões de dólares. Nos anos seguintes, transformou a Starbucks na maior rede de cafés do mundo, com 17.000 lojas em 49 países e um faturamento de 10 bilhões de dólares. Presidente do conselho de administração e da diretoria executiva, Schultz embolsou 130 milhões de dólares apenas em salários e bônus nos últimos cinco anos.
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7. Thai Quang Nghia, o refugiado que inventou a Góoc
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7/10 (RAUL JUNIOR)
Foi um petroleiro da Petrobras que deu um novo rumo à vida do vietnamita Thai Quang Nghia. Em 1979, com 21 anos, ele foi encontrado à deriva no Oceano Pacífico junto com mais nove pessoas que fugiam da ditadura de seu país-natal. Resgatado pelo navio, chegou ao Rio de Janeiro sem falar português e foi morar nas favelas da cidade para, depois, se mudar para albergues paulistanos. Durante todo esse tempo, sua única renda eram os 50 dólares mensais que recebia da ONU como auxílio a refugiados. Thai aprendeu nosso idioma lendo dicionários de francês-português em bibliotecas públicas. Em 1986, animado com o lucro que obteve ao vender um lote de bolsas que havia recebido como pagamento de uma dívida, contratou costureiras e começou a fabricar suas próprias bolsas. Era o começo do Grupo Domini. A grande virada veio em 2003, quando voltou de uma viagem ao Vietnã com uma lembrancinha – uma miniatura de sandália dos tempos da guerra. O calçado era feito com sola de borracha de pneus usados. Sim, é o mesmo princípio da sandália Góoc, hoje o principal produto do Grupo.
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8. Chris Gardner, o sem-teto que virou dono de corretora
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8/10 (Wikimedia Common)
Lançado em 2006 e estrelado por Will Smith, o filme À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness) retrata a vida de Chris Gardner, um ex-vendedor de equipamentos médicos que perdeu a casa, a mulher e vagou de albergue em albergue com o filho pequeno, enquanto lutava para ser contratado por uma corretora de valores. Ok. A história é um prato cheio para Hollywood, e é claro que o filme tem suas doses de livre interpretação. Mas o essencial está lá. Gardner nasceu em 1954, no Wisconsin. Sua família não era propriamente um exemplo: seu pai já havia se separado de sua mãe antes de ele nascer, e seu padrasto protagonizou cenas de violência contra sua mãe, ele e seus irmãos. Na juventude, quis ser médico e chegou a trabalhar como assistente de pesquisa na Universidade da Carolina. Com o tempo, percebeu que nunca conseguiria cursar Medicina e foi trabalhar como vendedor de equipamentos médicos. Com um filho pequeno, buscou um novo emprego para aumentar a renda e, sim, encontrou um corretor de valores bem vestido saindo de uma Ferrari vermelha, como no filme. Empolgado com a profissão, inscreveu-se no programa de trainees, viu a mulher abandoná-lo, perdeu sua casa e passou a morar em abrigos para sem-tetos. Contratado, iniciou uma trajetória que desembocaria na sua própria corretora, a Gardner Rich, em Chicago. Em tempo: ele já conquistou sua própria Ferrari vermelha, comprada do astro do basquete Michael Jordan.
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9. Marco Franzato, de boia-fria para as passarelas
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9/10 (IVAN AMORIN)
Até os 16 anos, Marco Franzato havia cursado apenas o ensino fundamental. Sua principal ocupação era ser boia-fria, colhendo café no interior do Paraná ao lado do pai. Quando uma forte geada destruiu as lavouras da região, a família se mudou para Cianorte em busca de emprego. Seu padrinho lhe ofereceu uma vaga como ajudante em um escritório de contabilidade. Depois de voltar aos estudos e já casado, Franzato decidiu que era hora de seguir carreira-solo. Com a mulher e alguns amigos, abriu uma confecção e apostou no seu tino como administrador, no bom gosto da esposa e nas habilidades da cunhada, que era modelista. O primeiro salão que alugaram tinha 80 metros quadrados. Hoje, o Grupo Morena Rosa possui quatro marcas. Somente a sede conta com 5.000 metros quadrados. No ano passado, a empresa faturou 200 milhões de reais.
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10. Rolim Amaro, mecânico, taxista e aviador
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10/10 (REGIS FILHO/Exame)
Para conseguir o brevê de piloto, seu sonho, Rolim Amaro abandonou o curso de contabilidade e se mudou para Catanduva (SP). Para bancar as horas de voo necessárias à habilitação, foi mecânico de automóveis, limpou aviões no aeroclube local e trabalhou como taxista. Conquistou seu brevê com 18 anos e tornou-se piloto de táxi aéreo. No final de 1963, foi contratado pela Transportes Aéreos Marília, uma empresa de táxi aéreo fundada por alguns pilotos e que operava aviões Cessna - os populares teco-tecos. Anos depois, Amaro comprou a empresa e a transformou no embrião da TAM, hoje a maior companhia aérea do país.